Um dia escreve-se bêbado Um dia corrige-se bêbado Um dia nem se corrige Um dia nem se escreve Um dia nem se bebe.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Só um pouco de gentileza
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
E então?
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Um dia qualquer
A princesa do castelo de plástico e o príncipe do cavalo de pau
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
AS PESSOAS NÃO ENTENDEM(*)!
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Dar satisfação...
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Marcha da Maconha
O amor é a unidade básica
Eu tenho tentado viver da maneira mais reta, sincera, agradável e honesta para com as outras pessoas, mas não sinto reciprocidade nesse tipo de atitude. Às vezes eu mesmo me esqueço do princípio básico em caso de dúvida. "Que dúvida seria essa?" Sabe aqueles dias que alguém te dá o troco errado (pra mais) em um lugar qualquer e você só se dá conta depois, mesmo assim volta e devolve, e outras vezes você vê na mesma hora e mesmo assim não devolve, guarda o dinheiro depressa e vai embora. Excetuando-se aquelas pessoas que têm mesmo apego ao dinheiro e os mau-caráteres por natureza a única coisa que poderia me levar a devolver ou não o troco seria a gentileza de quem deu o mole. Isso não tem nada a ver com minha necessidade financeira, ser uma gracinha num caixa de supermercado, ou um pagodeiro numa barraca de praia, isso é apenas o reflexo do amor ao próximo.
Baseado num sistema simples de medidas, que não nos leva a lugar nenhum na prática, mas que conforta a nossa mente nos deixando tranqüilos com relação aos nossos atos de "pequena sacanagem". Às vezes a gente só precisa de uma dose mínima de amor para evitar um monte de imbecilidades que em sua presença seria imponderável.
Existem milhares de maneiras de se experimentar o amor, mas a grande maioria das pessoas, por mais que lhe digam e mostrem isso todos os dias não fazem idéia do que seria esse "amor", ou de que maneira utilizá-lo racionalmente e principalmente honesta. As pessoas estão muito apegadas à sua conveniência e raciocínio demente, que desconsidera o amor como medida fundamental.
Isso não tem nada a ver com "só o amor importa", mas tem tudo a ver com "quem ama cuida" e esse cuidado praticamente não existe no dia-a-dia. O "amor ao próximo" da maioria das pessoas desaparece quando elas pensam unicamente na própria pele, ou, mais especificamente, no bem-estar pessoal. Elas não querem saber se o que pensam é coerente, simplesmente não querem saber de dar crédito ao próprio amor, ou ao cuidado que elas deveriam ter com as pessoas amadas. Essas pessoas simplesmente só pensam nelas mesmas.
Isso não é nenhum tipo de invenção nem descoberta extraordinária. Qualquer um pode observar à sua volta es constatar que antes mesmo de se sentirem ofendidas elas agridem verbalmente umas às outras da maneira mais estúpida e covarde. As pessoas adoram xingar as outras, adoram sacanear as outras e passá-las para trás a troco unicamente daquele bem-estar irracional que sentem quando acham que fizeram a coisa certa, por exemplo: ao xingar o motorista de ônibus por frear bruscamente, ou andar devagar demais.
Às vezes o simples ato de não observar silêncio pode ser uma grande prova de desprezo à condição humana alheia e uma espécie de "desculpa" para vários outros delitos contra a unidade fundamental do ser humano. As pessoas cometem o "mal" por achar que esse "mal" nunca irá atingi-las.
Infelizmente não podemos viver a nossa vida abstraindo tudo o que a gente não quer nas outras pessoas, mas podemos começar a mudar a nós mesmos, nos cuidando mais e cuidando que as pessoas e todas as coisas com as quais nos relacionamos no mundo entrem na mesma harmonia. Sei que às vezes tudo foge ao nosso controle, mas se pensarmos bem e canalizarmos a nossa energia para o que é positivo, conseguiremos entender e nos relacionarmos melhor com todo o universo à nossa volta.
É hora de apagar do nosso espírito todo vestígio de maldade e destruição do ambiente, todo pensamento negativo deve ser eliminado. Fatalidades acontecem, mas não devemos usar nenhum tipo de "desculpa" para "quantizar" o mal. A maldade paga-se a si própria. O amor é a base da nossa existência.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Ah mundo!
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Claro que eu não aprendo
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Só tem imbecil
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
E na volta pra casa...
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Anjas e jumentas
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Na segunda a ressaca é de lei
E por que não seria?
Tem o tédio, tem o ódio e tem ressaca e poesia
Terça-feira é também
Na paz, tudo bem
Ressaca de leve e beber com alguém
Quarta-feira já era
Por que a espera?
Se eu já comecei a acabar com ela
Quinta-feira, dia internacional
De comer água e passar mal
Sexta-feira eu nem posso dizer nada
Se já acordo com a cara embriagada
Sábado é quando o bicho pega
Ninguém corre, ninguém se entrega
E domingo, meu pai, eu nem sei
A que que horas a beber eu comecei
Na segunda a ressaca é de lei
(07/08/2006)
terça-feira, 27 de outubro de 2009
9
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Miserabilidade
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
Simpli City
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Ronaldinho Gaúcho
Repto
Seja você
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
A lavagem dos 36
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
JLA 1635
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
O pedal da Ilha (26/07/09)
A suburbana estava tranqüila. Tem alguns pontos sagrados de parada para reabastecimento, mas infelizmente os bares estavam fechados. Vim todo o caminho a bico seco, porque um homem bruto como eu não ia ficar bebendo água de estômago vazio. Fui parar apenas na feira de São Joaquim, onde comprei umas frutas para meu desjejum.
Fui para o ferry-boat na esperança de ainda encontrar o pessoal da pedalada, mas não vi ninguém. Eu tinha esquecido de olhar minha carteira e só lá que eu descobri que tinha apenas 17 reais e a passagem para a bicicleta custava R$ 13,45. Por sorte aceitava cartão e eu adiantei meu lado. Peguei o ferry de 7:40.
Lavei as frutas no banheiro do ferry e fiquei me refestelando enquanto curtia a vista. O porto de Salvador estava congestionado, havia navio pra caramba aguardando para atracar, grandes, enormes, gigantescos. Ao longe a gente vê a ponta de Humaitá e a medida que o barco se afasta a gente pode ver a quase toda a cidade, até mesmo a igreja de Periperi. Gastei 10 reais com um óculos escuro, porque o que eu estava usando, arranhado, incomodava muito e fiquei apenas com 7 contos na carteira.
Chegando na Ilha, fui direto no Bompreço pra saber até que horas ficaria aberto, caso eu precisasse comprar algo no cartão para não morrer. – Tá aberto até 19h. – Disse a gracinha que empacotava as compras. Segui meu caminho pela estrada Bom Despacho-Nazaré sem saber ao certo que caminho seguir entrei em Vera Cruz, que eu não conhecia e antes de chegar na praia encontrei um grupo imenso de bikers vindo em sentido contrário. Era o pessoal com quem eu ia pedalar junto com um outro grupo de ciclismo do centro da cidade. Dei meia volta e segui a galera. Pelo menos não estava mais sozinho.
O povo não tinha muita certeza do “por onde ir” e isso causou um certo impasse em algum lugar que parecia ligar o nada ao lugar nenhum, mas chegamos a um acordo e descemos por uma trilha verdadeiramente bonita e desafiadora. Pra começar era meio areia e meio barro, como o meu pneu não era liso eu não tive muitos problemas, mas tinha uma barreira em minha frente, ora deslizando, ora atrasando meu lado, então eu resolvi ir para o pelotão da frente. O problema foi que numa pequena descida, já chegando na base, minha roda dianteira afundou na areia e eu fui arremessado para a frente. Ainda tentei abrir as pernas e pular o guidão, mas meu shorts ficara preso e eu caí com tudo quase perdendo o saco só tendo tempo de virar de costas para o chão, jogando também a bike pra cima evitando que ela terminasse por cair em minhas costas. Por sorte pegou apenas na coxa e a bike teve apenas a manete esquerda quebrada, mesmo assim ainda conseguia frear com o cotoco.
De Amoreiras seguimos não sei pra onde, mas muito mais adiante disseram que era pra um lugar chamado Baiacu”-Y” que estávamos seguindo, ou Baiaquíves, para os mais íntimos. Nesse percurso alguns ciclistas tiveram problemas com suas bikes e em uma das muitas paradas, só depois de algum tempo parados é que fomos saber que estávamos em frente a um posto médico, e eu logicamente me lembrei que havia bebebouro e dei a idéia pra quem estivesse “seco”, como eu, ir encher suas garrafinhas lá. Foi um maluco na minha frente, encheu sua garrafa e vazou, eu fui logo em seguida, em chi minhas duas garrafinhas e vazei, mas quando eu saí do posto não encontrei nenhuma alma ciclística na pista esperando, ou mesmo pedalando por perto. A galera simplesmente desapareceu e lá fui eu atrás do bando.
Devo ter pedalado uns 5km até ver sinal das pessoas e isso já me deixou meio puto. Tava começando a pensar seriamente em continuar minha jornada sozinho (ia ser bem mais divertido). Quando finalmente alcancei algum grupo (que aguardava alguém com o pneu furado) marcamos de nos reunirmos no posto, mas quando cheguei lá o infeliz estava fechado então paramos numa “venda” para reabastecer. Pedi logo uma cerveja e lá se foi mais 2,5 dos meus 7 reais. O bom foi que como o pessoal de Periperi não chegou, eu bebi no gargalo, sozinho e aquilo me meu tanto fôlego que voltaria pra casa numa jornada só. Alguns ciclistas também eram adeptos da cerveja, mas como eu não conhecia e nem fui apresentado a ninguém, me limitei a fazer um brinde discreto. A garota que atendia nessa “venda” era uma gracinha então eu puxei conversa sobre a trilha que seguia ao lado do estabelecimento. Ela disse que ia dar num rio com cachoeira e tudo e que seriam uns 40 minutos ou menos de bike. Falei com alguns ciclistas e eles até acharam uma boa, mas quando consultaram a chefe ela foi categórica: “Não vou porque eu não conheço. A gente vai seguir o que tava previsto!” e isso deu o assunto por encerrado, mas eu ainda volto lá.
Depois muita admiração, de várias fotos, descanso etc voltamos em direção à Barra do Gil e Mar Grande para nossa jornada final. Gastei mais 50 centavos com tangerinas e agora minha grana era apenas para emergências. Em Barra do Gil eu saí pedalando pela areia dura da maré baixa, de saque nas gracinhas que desfilavam pela praia, numa sensação total de liberdade e desapego. Passamos pelas ruínas de mais alguma coisa do Império, acho que um engenho, ou sei lá o que e, depois de esperar o conserto de mais uma bike quebrada, chegamos finalmente em Mar Grande para o almoço e a volta pra casa.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Trilha do Cobre 25/07/09

Cheguei em casa de sexta-feira, às três e meia da manhã de sábado. Às cinco e meia eu teria que ir para o Terreiro de Gaia, casa de Wallace, a fim de encontrar o pessoal pra descermos para a mata. Mata essa que fica entre os bairros de Periperi, Valéria, Alto do Cabrito, Plataforma, Pirajá e mais algum, ou alguns, que eu possa ter me esquecido. Como sempre eu não consigo dormir imediatamente, então fui dar comida a Conhaque, que não poderia comer de manhã, fiz a minha especialidade da madrugada, comi, coloquei um filme no dvd e me deitei a fim de adormecer rapidamente, coisa que realmente aconteceu.
Acordei com o telefone tocando às 7:59. Era J. Tentei ser ágil, mas um programa sobre Golfinhos Rotadores me entreteve em frente à tv por alguns preciosos minutos e eu sequer comi qualquer coisa antes de sair. Minha “pochete-mochila” foi pessimamente arrumada por mim mesmo e esqueci de pegar as garrafas de água, frutas e tudo que poderia ser útil na mata. Também não passei na padaria para comprar pão, ou qualquer coisa para o desjejum, por pura preguiça e cheguei no Terreiro de Gaia muito empolgado com a ida à mata.
A equipe trilheira seria formada por mim, J, Êa, Impuro, Doida e James, além dos cães Conhaque e Sadam, o Cão d’água. Logo na entrada no terreiro os cães se estranharam e conhaque levou algumas mordidas de Sadam e Black, a dona da casa, mas logo conseguimos controlá-los cães e separá-los. Encontrei apenas J, Doida e Impuro. James não atendia o celular e quando atenderam disseram que ele esqueceu em casa. Êa disse que acordara e vira o céu nebuloso e achou que não iria dar mata, por isso ficou dando uma força ao seu pai em algum serviço caseiro. Foram chegando outras pessoas no Terreiro, mas ninguém que estivesse animado em fazer a trilha e aos poucos a equipe também foi esmorecendo.
O Impuro foi o primeiro a desistir alegando afazeres conjugais. James apareceu, mas já estava decidido a não descer, pois para ele deveríamos ter saído mais cedo. Ralo, que havia quantizado para a mata dar certo chegou também, mas com duas panelas de barro na intenção de fazer uma feijoada. A doida também já havia desistido quando o meu celular tocou. Era meu irmão me avisando dos perigos da mata, que fulano de tal foi levar um curió e foi roubado etc. Expliquei que ia com uma equipe grande e que ainda iriam 2 cachorros, que ele não deveria se preocupar e pensar sempre em coisas positivasQ1.
J estava conversando com alguém, quando eu anunciei que também havia desistido, porque estava sentindo muita energia e pensamento negativo em volta dessa trilha, e já estava me sentindo mesmo incomodado com aquilo. Ele me olhou um tanto surpreso, mas em nenhum momento fez alguma censura. Terminou o seu diálogo e disse que estava indo assim mesmo. Nesse meio tempo, eu havia telefonado para casa avisando que não iria mais e que ninguém tinha com o que se preocupar, mas quando J anunciou que iria mesmo sozinho, eu, prontamente, disse que iria também. E Saímos apenas os 4: Eu, Conhaque, J e Sadam.
No caminho, a poucos metros do Terreiro de Gaia, Conhaque apresentou sinais de que não estava bem. Começou a golfar, mas nada saía, apenas água, que ele bebera muito no Terreiro, uma espuma parecida com a que eu golfo quando acordo de ressaca (mas pensei besteira) e restos de ração. Minha preocupação voltou e eu já começava a pensar que ir era mesmo uma péssima idéia com mais essa “quizira”. Mas conhaque parou de golfar e voltou a caminhar alegremente, tentando alcançar Sadam a fim de brincar, ou devolver a porrada, sei lá.
A caminhada era bastante longa: 1km no plano, do Terreiro de Gaia até a ladeira de Mirantes; 1km de subida até Mirantes, de onde encontraríamos a trilha para invadir o matagal que não fazíamos idéia da distância. Antes da subida de Mirantes Conhaque já demonstrava cansaço e queria parar a cada sombra. Realmente fazia um certo calor, e ele, que não costuma caminhar tanto, devia estar exausto, coitado. J também não lembrou de trazer as outras garrafas de água e viera apenas um litro de água para nós 4.
Quando terminamos de subir Mirantes, Conhaque começou a golfar novamente e novamente eu pensei em desistir, mas lembrei que ao entrar na mata toda aquela energia iria mudarQ1 e ele melhorou novamente, e nós entramos. Nos primeiros metros de trilha soltamos os cães e eles puderam correr livremente, mas não por muito tempo, pois foram aparecendo pessoas. Primeiro um “brodinho” com cara de fugitivo, depois um velho mateiro cheio de cachorros, que seria o nosso primeiro oráculo, mas por estarmos segurando nossos cães nem pudemos trocar uma idéia.
Depois da pequena pausa, nenhum de nós sentia nenhum tipo de cansaço ou indisposição, queríamos apenas nos aprofundar mais nos encantos e mistérios da mata que estava em nosso redor, mas não sabíamos bem por onde começar. J sugeriu uma trilha para o norte e lá fomos nós. Passamos por um caminho que chamamos de “Tubulão”, uma espécie de túnel formado pela vegetação. Um pouco à frente havia um entroncamento e decidimos ir pelo caminho que se iniciava pelo “parque de bromélias”. Em um dado momento, Conhaque me chamou para que eu passasse ele por um tronco que ele, apesar de saltador, não queria pular de jeito nenhum. Mostrei a ele como se fazia, mas ele queria que eu o carregasse. Não faço idéia do porquê disso, mas não cedi à sua súplica e continuei andando e camando por ele que não me seguia. Até que eu voltei um pouco e o encontrei num lugar totalmente diferente (ele havia dado a volta no tronco) no meio do matagal. Chegamos num lugar que já havia sido
Continuamos em frente, tirando as teias das diversas espécies de aranhas que encontramos pela trilha (deveriam estudá-las), fomos descendo o vale seguindo, além do nosso, o instinto dos cães que se mostravam cada vez mais empolgados, e, finalmente, encontramos o rio do Cobre numa visão realmente de perder a voz.
Os cães não perderam tempo e se jogaram na água, eu e J ficamos admirando o rio e olhando em volta, algum outro lugar onde pudéssemos também entrar no rio num local mais claro e aberto, pois ali deve habitar ainda jacarés e sucuris. Nesse mesmo instante lembrei de tirar os cães da água até que estivéssemos num lugar mais aberto. Sadam não demorou a aparecer, mas conhaque não havia conseguido subir. Ainda pude vê-lo nadando ainda para mais longe pela beira do rio, mas ele não se voltava e não parecia querer me dar atenção, ou simplesmente não me ouvia, o fato é que ele simplesmente desapareceu.
Desde sempre eu ouvia histórias de ataques de sucuris e jacarés pelas bandas dos brejos de Periperi e adjacências, mas isso nunca me assustara tanto como naquele momento. Chegou a passar pela minha cabeça e pela de J que Conhaque podia ser atacado por um desses animais, mas como eu não cheguei a ouvir nenhum gemido, ou latido minha esperança de encontrá-lo vivo era praticamente uma certeza. Não via nenhuma trilha seguindo a beira do rio, mas tornei a calçar o tênis para continuar a busca por Conhaque, que não emitia nenhum sinal audível. Quando calcei o segundo pé, fechei os olhos e uma tristeza me abateu. Vi em minha mente a imagem de um cão boiando, morto, preso na vegetação da margem. Levantei a cabeça ainda com os olhos fechados e o pranto me chegou às orelhas, ou direto à mente, eu sabia que Conhaque me procurava e tinha que encontrá-lo. Levantei-me e pus-me a abrir uma trilha pela margem com o meu cajado mágico, gritando por Conhaque e tentando não perder o rio de vista.
Paramos para tentar escutar algum sinal de Conhaque e ouvimos um uivo. “Era ele!”, eu não tinha dúvidas. Segui a direção do som e ele soltou mais um uivo ainda mais claro, poucos metros depois pude vê-lo já fora d’água, cercado por uma espécie de planta cipó que se vê por toda floresta. Ele estava bem e conseguiu logo achar uma brecha e vir me dar um verdadeiro abraço. Ele estava muito feliz por ter nos encontrado e nós jamais saberemos pelo que ele passou nesse tempo sumido, mas eu sei o que passei e o quanto aquilo era maravilhoso eu não poderei descrever, por mais que eu fale de ter acordado tarde, de várias pessoas terem desistido, do fato de até meu irmão ter me ligado preocupado com essa mata, e de até o próprio Conhaque ter passado mal antes de chegarmos nela, não sei como eu agiria perante todos, ou perante mim mesmo, sei lá. Sei que aquele foi um momento mágico, místico, transcendental, fenomenal, benevolente, superlativo, espetacular, fabuloso...
Já tinha meu cão de volta e não queria mais olhar para “a cara” do rio. Saímos dali rapidamente e encontramos o que J chama de “Árvore de Deus”. Uma árvore imensa, que tinha uma outra árvore como parasita igualmente gigante. Paramos para um novo descanso e para nos refazermos dos últimos acontecimentos: Perdi meu cajado mágico quando encontrei Conhaque e me celular tomou um banho e não devia mais voltar, mas eu estava na verdade muito feliz por não ter perdido meu cão e por Sadam, Conhaque, eu e J também estarmos vivos e bem.
O despreparo para a trilha foi geral. Comemos uma tangerina e bebemos água durante a parada e foi tudo o que a gente comeu durante todo o percurso, havia esperança de se encontrar uma jaca, mas nada. Admiramos um pouco mais a “Árvore de Deus” e continuamos o nosso caminho, ou pelo menos tentamos, porque perdemos a trilha e deixamos os cães decidirem por onde irmos.
Eles nos levaram por uma trilha que descia novamente um vale, mas algo me fez sentir a presença de mais alguém. Chamei Conhaque, Sadam também ficou atento e tentamos escutar a mata para identificar algum som estranho a tudo o que a gente já estava acostumado a ouvir, mas nada. Descemos pela trilha e encontramos um homem parado no meio do caminho com um saco e um facão no chão, um tanto desconfiado e o cumprimentamos.
Seu nome era Nailton e ele nos deu algumas informações valiosas sobre a mata e suas trilhas e disse que estava parado ali pegando água que descia do monte formando um pequeno riacho. Contou que aquele riacho aparecia apenas no período de chuva e sua água era pura e milagrosa. Segundo Nailton, algumas pessoas utilizam aquela água para beber e também pra banhos medicinais, pois se acredita que aquela água possui propriedades curativas. Claro que aproveitamos para encher a nossa única garrafa de água e nos hidratarmos mais um pouco, além de dar um banho nos cães pra livrá-los de alguma doença que eles pudessem contrair (cada um crê no que quer quando acha mais conveniente)Q2.
Nos despedimos de Nailton e passamos a chamá-lo, entre nós de oráculo, visto que ele estava ali justamente para nos mostrar que nada de mau poderia nos acontecer naquela mata a não ser que nós mesmos nos descontrolássemos ou faltássemos com respeito à mesma, menosprezando sua imponência, importância e magia. A mata era auto-suficiente e nós ali éramos apenas uns animais como quaisquer outros.
Voltamos pela trilha e encontramos o caminho pelo qual havíamos entrado, chegando ao “Parque de bromélias” e o caminho que levava ao Tubulão, mas ainda havia uma outra trilha que ia para o outro lado e lá fomos nós ver o que nos esperava. Paramos para admirar alguns formigueiros na beira da trilha e testamos o barro que as formigas escavaram, que era de uma textura que dava vontade de esfrecar no corpo, mas continuamos nossa caminhada. Andamos alguns metros apenas admirando a paisagem, mas eu comecei a sentir algo me picando a canela. A princípio não dei muita atenção, mas o negócio começou a incomodar a vera. J disse que eram formigas, que ele as tinha visto quando a gente parou para a dmirar o barro, levantei a calça, não vi formiga, passei as mãos pelas pernas e continuei andando resistindo ao pinicar até que ele desapareceu. Encontrei um novo “cajado mágico”, maior e mais firme, que me ajudou ainda melhor a me apoiar e me livrar das plantas que invadem as trilhas querendo nos arranhar. Descobrimos que esse caminho ia muito além da nossa disposição, e também já estava ficando tarde. Havia uma feijoada à nossa espera e resolvemos voltar pra casa, passando novamente pelo ponto onde observamos os formigueiros, onde eu pude observar que todo o chão estava coberto de formigas miúdas, o que nos levou a passar por ali numa velocidade que nos classificaria para a final dos 100 metros rasos. Deixei meu novo cajado apoiado numa pequena árvore para quando eu retornar. Não queria levar nada da mata, pois entendi que já tinha tudo o que precisava.
Poucos minutos depois de entrar em casa, alguém me chama do lado de fora. Era Antônio Cláudio me avisando que no dia seguinte ia haver uma volta ciclística pela Ilha, com saída marcada para as 6 da madrugada, após um café da manhã que seria servido às 5:30 no QG de um dos grupos de pedaladas do bairro. Confirmei minha presença visto que naquela noite eu não teria speed para mais nada além de dormir cedo.
sábado, 1 de agosto de 2009
Questão de minutos
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Pudores
Engraçado porque todo mundo trepa e ninguém é obrigado a falar de suas intimidades, mas as pessoas no fundo, no fundo, gostam mesmo de uma putaria.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Seqüelado
Meu sobrinho nasceu no dia 10/07 e até hoje eu não consegui vê-lo. No dia eu tive ensaio, no dia seguinte eu fui comemorar e no dia seguinte, quando ele foi pra casa, eu estava de conjuntivite.
Curei a conjuntivite e quando eu finalmente estav pronto, veio mais um fim de semana e o tersol.
A conjuntivite foi fácil de curar com limão e soro fisiológico, mas o tersol quando parecia curar voltou com uma bola ainda maior, porém indolor.
Isso não me impedia de andar ou fazer outras coisas, mas eu não queria visitar um recém-nascido assim enfermo e por isso continuei tocando minha vida com a banda, a bike e Conhaque. Quando parecia que ia ficar tudo bem e finalmente eu poderia ver meu sobrinho, levei uma vaca na bike que me deixou contundido por alguns dias.
Sei que nada disso pode ser uma desculpa aceitável para a minha ausência na vida de meu único sobrinho de sangue, mas é assim que as coisas acontecem em minha vida.
sábado, 25 de julho de 2009
Um breve resumo
O meu desespero foi crescendo, mas eu consegui me controlar e concentrar meu pensamento em sua localização. Me veio a imagem de um cão imóvel. Me concentrei ainda mais fortemente e vi a imagem de um cão nadando e tentando ainda sair do rio. Não pensei mais, calcei novamente o tênis e parti no seu encalço.
No momento em que minha mente vacilou, pude, graças a Jah, ouvir o seu chamado ao longe e retomei a trilha chamando-o novamente. Ele deu mais um uivo e deve ter cruzado o mato como uma flecha, pois logo o avistei embaraçado com arbustos, mas no chão firme, onde ele podia usar toda a sua inteligência canina para se safar. Foi um momento muito alegre, mas nesse mesmo momento eu perdia meu cajado quântico e o meu oitavo celular que eu não tirei do bolso no resgate de Sadam.
Foi um preço justo.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Dia do amigo
A gente já tinha se batido num outro dia, e eu lhe perguntara se ele gostava de argentino. Ele disse que gostava, e eu lhe disse: “Isso passa!”
Pois é. Hoje, enquanto conversava com uns brothers justamente sobre a criação do dia do amigo, lembro ter feito um comentário de que esse dia não podia ter sido possível ser criado pro um argentino. Aliás ainda acho isso muito “amazing histories”, mas é uma discussão que não vai a lugar algum. O fato é que o tal argentino criou esse dia não sei pra que porra, mas foi uma coisa legal. Deve ser mais legal ainda lá na Argentina, onde a galera deve levar esse dia muito a sério. Nós brasileiros não damos tanta importância assim.
Eu, por exemplo, havia tirado o dia pra sair com Conhaque e escrever um monte, mas nada nunca é como eu imagino e eu só pude sair com o cão quase meio dia. Dei um rolé na praia e voltei pra casa para dar banho no animal, que não via água há alguns meses. Um brother apareceu e a gente foi colocando a conversa em dia, vendo uns projetos e depois fomos dar uma volta pra conversar com Antônio.
Chegamos na CDP e tinha uma galera reunida cantando, afinadamente diga-se de passagem, em volta de 3 violões. Começamos a entabular conversa em um outro ambiente sobre a quântica, as pessoas, o dia do amigo e os argentinos. Claro que eu falei um monte mal dos hermanitos, até que chegou o brother argentino que eu tinha conhecido outro dia e começou a contar suas aventuras pela sulamérica. Como ele ia ao supermercado para matar a sua fome, das vezes que ele teve de dormir ao relento no centro da cidade, e de como ele segue viajando o continente inteiro de carona e sem apego. Eu não o perguntei se ele já odiava argentinos, mas pelo menos é um dos argentinos mais gente fina que eu tive o prazer de trocar idéias.
E lá se foi meu dia 20/07/2009. Não dei um telefonema, não escrevi uma carta, não disse “eu te amo” pra ninguém e fui dormir feliz, pois sabia que meus verdadeiros amigos ao menos pensaram em mim, assim como eu lembrei deles o dia todo, em várias pequenas recordações.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Os dias de festa
Tudo o que eu busco é uma boa companhia, nem que seja pra beber apenas uma cerveja. Será que isso é pedir muito?
Por que será que algumas pessoas só pensam nelas mesmas e tornam tudo em volta num inferno ainda pior do que o que você já está inserido?
Eu, como um bêbado de plantão, sei bastante como é chato pessoas que perdem a noção numa festa. Tem aqueles que querem chamar a atenção, aqueles que são os donos da razão, aqueles que falam pra caralho, aqueles que não escutam ninguém, aqueles que dormem (esses são os melhores), aqueles que gostam de confusão, aqueles que ficam tristes...
Existe uma infinidade de bêbados e não bêbados que transformam uma festa em algo deprimente e até mesmo constrangedor.
Eu bem que queri estar todas as noites bastante bêbado, mas com pessoas que entendessem que a embiaguez não é o demônio e sim as pessoas, mas isso é tão utópico quanto nunca ficar bêbado.