sábado, 31 de agosto de 2013

Muita calma é preciso a pressa não é precisa

É péssimo chegar no fim de agosto e constatar que meus planejamentos, mais uma vez, não foram complementados e não cumprirão os meus planos, mas se não fosse eu não seria assim, embora sendo assim seja horrível. Novos planos, novos planejamentos, mas nada de novas histórias, novas canções. Se eu tivesse um pouquinho só mais de sorte uma ou duas vezes já teria meus 40 milhões de dinheiros, mas como sou um ser desapegado vou acumulando anos de vida e desgraciosidade, com um pouquinho de beleza e paciência, muita paciência comigo mesmo.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

and i feel completely alone

Aí, num desses "sabadão depressão", depois de passar um dia pra esquecer lá vou eu procurar alento na noite. É bom a cidade ter opções gratuitas de diversão que não somente a praia, porque quando chove, danou-se. É bom locais como o MAM, com o Jazz pra abrir a noite de sábado, que, apesar de não ser gratuito, é uma opção barata e decente. Às vezes é chatão, admito. Percussionistas demais fazendo barulho demais, pior pra mim que tenho ficado cada dia mais chato com mococó e dança de rato, mas o normal é que a música seja de alta qualidade e nem mesmo alguém com todo baixo astral do mundo é capaz de ficar incólume diante dessa energia musical inspiradora. Os caras tocam certo e a ausência de vocais é o que mais  agrada naquele espetáculo.
Antes de chegar lá o telefone não dava sossego, mas não houve uma ligação sequer que me deixasse menos infeliz. Me sentia só, mas pior era que estava tão triste que qualquer companhia seria por mim tão desagradada que acabaria por fim também desagradável. Eu não tenho muita paciência quando estou assim e não gosto de magoar pessoas, mas sei ficar extremamente desagradável. Muito mais quando procuro ajuda e não sou levado a sério, mas eu não vou ficar aqui falando disso. A gente percebe bem a diferença entre amigos e camaradas quando fica triste. A maioria das pessoas acham que a tristeza é apenas falta de dinheiro, mulher ou drogas.
Eu sabia que em casa não iria ficar mais tranquilo, nem em casa de ninguém. Eu precisava da rua, do ar frio noturno do inverno desgraçado. Saí decidido a me divertir. Passei na casa de uma amiga, que não estava, perdi 2 horas, mas outro tanto de paciência em telefonemas, que acabaram por fazer broxar minha esperança de algo mais alegre e então peguei o primeiro busu que apareceu e fui ser feliz na companhia inesperada de minha solidão que sabia que o MAM não ia me abandonar num dia horrível como esse. Na pior das hipóteses ia aparecer um percussionista convidado.
Desci no Terminal da França e fui caminhando até o Solar do Unhão. Passei pelo 2º Distrito Naval ouvindo Ovos Presley. Antes parei no posto pra comprar cerveja e tinha lá uma turma com cara de padaria, pura farinha de trigo em suas caras. Um dos caras me olhou meio assustado com os olhões esbugalhados de quem estava fazendo coisa errada, achando que eu era polícia, bandido, sei lá, mas eu nem mesmo lhes cumprimentei, entrei no posto, peguei me cerveja e saí continuando com meu fone de ouvido no volume máximo.
 "Sou um cão sarnento, um vira-latas vagabundo, o mais lixo de todos, o mais podre deste mundo.."
Cheguei no MAM escutando Billie Hollyday. Eu não esperava encontrar ninguém, mas também não esperava continuar sozinho. Por sorte ou azar haviam poucos conhecidos, nenhum parceiro ou parceira de copo ou qualquer aventura, nenhuma gracinha perdida. Nem mesmo com os caras vezeiros de MAM eu me bati, mas talvez nem no meu melhor sonho eu  teria uma surpresa boa daquela. Entre uma cerveja e outra, uma ganja e outra dos presentes, no palco alguém assume o microfone a convite do curador da jamsession.
Quando eu conheci essa menina, já completamente apaixonado por sua voz, sua presença de palco e sua performance encantadora e emocionante, além de sua beleza meio índia Iracema, meio a nora que mamãe pediu a Deus, 100% uma mulher dos sonhos... (juro que eu sou tímido e não conseguiria dizer isso a ela assim porque ela ia achar que eu estava de xaveco.) Talvez tivesse até, mas é pura sinceridade: Aiace Félix não é simplesmente linda moça ela é uma jóia.
E aí que lá estava eu curtindo a minha desgraciosa solidão depressiva escutando àquela voz maravilhosa cantar "só pra mim" uma canção de um sanfoneiro véio, que morreu fazia pouco; canção que parece ter sido feita pra que neste momento fosse roubada só pra mim, que contemplava a perfeição em suas mais formidáveis formas harmônicas, sonoras, sensíveis. Era como estar num sonho que se pode tocar, sentir o gosto...
"um xodó pra mim do meu jeito assim, desse jeito assim, que alegra o meu viver,"
Foi realmente um daqueles momentos em que um homem tem a sua vida salva. Voltei pra casa e pra a minha triste solidão, mas agora eu era apenas um transeunte bêbado e feliz.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

De noite (1991)

Pessoas andam pela noite
mesmo sem ter aonde ir
talvez a luz do luar
Não seja o melhor lugar
pra onde devam fugir

Que noite displicente
Pessoas que andam com coisas em mente
Garotas procurando diversão
polícia que caça ladrão

à noite que sempre deixa algo solto no ar
à noite todas as regras podem mudar

Carros parados
Que supostos donos põem a andar
Nos centros movimentados
Todas as noites deixam algo solto no ar

Que noite tão cruel
nem sempre há estrelas no céu
Crimes em andamento
palavras recolhidas pelo vento

à noite que sempre deixa algo solto no ar
à noite todas as regras podem mudar

(1991)


Men at work (1991)

Há homens trabalhando
Por um futuro melhor
Há homens trabalhando
Pro país crescer
Há homens trabalhando
Por mais dinheiro
Há homens trabalhando
Pra sobreviver

Há ficção em toda arte
há verdade em tudo
há trabalho em toda parte
há desemprego em todo mundo

Há homens trabalhando
Buscando oportunidade
Há homens trabalhando
Sempre em cima do muro
Há homens trabalhando
Sem a menor necessidade
Há homens trabalhando
Por nenhum futuro

há trabalho em toda arte
há desemprego em todo mundo
Há ficção em toda parte
há verdade em tudo

(1991)

Teu olhar (1991)

No teu olhar há um mistério
Que não se deve revelar
Quem te olha muito sério
Nunca vai te enxergar

Mas pra que olhar?
E por que não?
Se quem te pode ver
Vê sem a visão
Pois seu verdadeiro eu não está em exposição
Ele fica escondido
Dentro do meu coração


(20/08/91)

Nossos dias (1992)

O que são os dias de hoje em dia?
Quando as vidas parecem vazias
Se o terror que envolve a terra e o céu
Não tira da morte o seu féu

O que é seguro hoje em dia?
Nessas noites tão frias
Onde todos os olhos refletem o medo
E o futuro chega cada vez mais cedo

A ordem do dia é um progresso complicado
Um trem numa ciclovia
Um cérebro embalsamado

Essas pessoas hoje em dia
Vivem juntando trocados
Trocam votos por melhorias
E o seu seguro então é furtado

As nossas vidas hoje em dia
Tem que ter o valor dobrado
Os homens bons não fazem melhorias
Praticam o mau querendo ser louvados

O que acontece hoje em dia
É o que previram no passado
O caos trazendo a agonia
E o terror generalizado


(1992)

Decresça e suma! (1991)

Quando a gente é criança, não nos esquecemos quando alguém nos diz: “cresça e apareça!” A gente cresce e vê que isso não existe, e perde a crença, e para de crescer, e quer aparecer.
Quando a gente é jovem, que sabe que pensa que sabe de tudo, mas não sabe de nada, a gente nunca para pra pensar se vale a pena crescer e ser mais um...
Perdemos a identidade que confundíamos com futilidade, criancice, então a gente cresce e aparece não pelo que queríamos, mas pelo que nos foi posto, imposto.
Nossa juventude perde a importância porque quem foi jovem antes de nós também perdeu a identidade bebendo cerveja e ouvindo bossa-nova em qualquer lugar.


(16/09/91) pouco depois do meio-dia

Não atropele os cães (1992)

Quis voltar
mas não podia
Me deu náuseas e agonia
Essa gente insensível
Deixa um corpo tão visível
Mesmo sendo um animal
Isso é coisa de animal
Agredindo a compaixão
tripa e ossos pelo chão
Uma cena tão horrível
E ninguém quer saber do nível
Do local
Do holocausto
Da frieza
E do susto
Não é justo
Deixar a vida agir assim


(28/06/92)

Loucura (1991)

Não sei ao certo
Até que ponto estou perto
de pirar
Não sei direito
Se dá nome
Ou se dá jeito
Esse que é o meu defeito
Um imperfeito a errar

Não sei quando
Não sei onde
Nem por que
O que me vai acontecer
Até o dia clarear

Não sei se morto
Ou se estou vivo
Ou até se sobrevivo
E vou morrer no dia tal

Agora cães inteligentes vão à praia
Homens dementes e canalhas
Esquecem que gente também é animal
O boato é que estou louco
O fato é que preciso de um pouco
Do famigerado capital

Não sei quando
Não sei onde
Nem por que
O que me vai acontecer

Até o dia clarear

(20/08/91)

Fantasmas (1991)

Existem essas coisas?
Pessoas que não enxergo?
Vejo muitas
Outras não posso ver
Há dias eu não saberia que essas coisas existiam
Mas eu ainda não seio que elas são
Eu devo temer?
Eu devo encarar?
Não posso fugir

São fantasmas em minha mente
...E um universo tão imenso
E numa imensidão tão diversa
E tantos vazios...

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Atropelado de sorte é o que morre (parte 2)

Eu tento manter o amor na base de todas as minhas ações diárias e tento dizer "eu amo" mais do que "eu odeio", mas infelizmente nem todos os dias a gente pode se dar a esse luxo. Embora eu não tenha injuriado nem amaldiçoado a odiosa senhora que meteu um carro em meu caminho lá se foram 7 meses, duas tentativas de audiência e meu amor de cada dia vai ficando cada vez mais desacreditado.
Na primeira audiência saí às 6h de Periperi e cheguei às 8:15h no DETRAN, na segunda cheguei às 6:45h (a primeira seria às 7:30h e a segunda 7h), o engraçado foi que só foram nos chamar às 8h, o que daria tempo bastante até pra meu atraso do "primeiro encontro", mas quem disse que preto dá sorte? Fiquei 4 meses sem pedalar, perdi todo o verão, não costumo pedalar em dias de chuva, porque a cidade é uma porcaria e eu poderia morrer caindo em um buraco, ou atropelado tentando desviar de um. Por isso prefiro os dias de céu firme para sair me sentindo seguro. Faz anos que temos inverno em Salvador, digo, que temos chuvas regulares de maio a setembro, não sei de onde esse pessoal tira essa idéia de que na Bahia não tem inverno.
Ficar pensando demais no que vai acontecer com o julgamento do meu atropelo não me dará paz. Tenho problemas bem maiores para me preocupar, preciso escrever, preciso comer, preciso de de paz e de amor, preciso viver numa cidade com menos distâncias.

Vaga-lume, Enche-breu

E antes que tarde demais seja
Eu peço outra cerveja
E espero pela noite que a calma almeja
Mas não tenho calma
Só minha a impaciência
Que se apaga e lampeja

sábado, 10 de agosto de 2013

Sol

Arde em mim sua maldade
E sai detrás das cinzas esquecidas
E me queima com sua voluptuosa vontade
Vou arder cedo ou tarde

Brilha sobre nós sua novidade
Desfilando no tapete azul
E nos encanta sem vaidade
Sem temer a obviedade

Que saia o sol
E ilumine nossas vidas
Outro dia
Mais um dia
Por favor!

(Itacaré - 21/2/12)

Sangue sutil

Há sangue em meus dedos
Há um símbolo oculto
O culto ao medo assusta o covarde
O sangue seco, frio
Sem cheiro e sem alarde

Há sangue em meus dedos
uma mensagem secreta
Um segredo esquecido
A lembrança inconcreta
O sangue frio, seco
Sem cheiro e sem alarido

(Itacaré - 21/2/12)

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Tem dias que a gente não reclama de nada (song)

Hoje não tem
Nada pra fazer
nada pra cagar
nada pra comer

Amanhã não tem
Nada pra constar
nada pra cuspir
Nada pra revelar

Nada pra inspirar
Nada pra distrair

Quando não tem nada
A gente não reclama
Quando chega é hora
A gente não reclama

Nada pra comprar com essa grana
Nada pra apertar, tô sem gana
Nada, vem pra cá, se esparrama
No nada consta nada se engana

Hoje não tem
Nada pra fazer
Nada pra arrumar
Nada pra espalhar

Amanhã não tem
Nada pra acertar
Nada pra suprimir
Nada pra errar

Nada pra inspirar
Nada pra distrair

Quando não tem nada
A gente não reclama
Quando chega é hora
A gente não reclama

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Ska (song)

Eu quero fazer, falar, poder
Eu quero poder fazer acontecer
Ser o que quiser
Foder o que quiser
Nada de etiqueta
nada de normall
Nada é palavrão
Nada é imoral
Basta ter bom senso
E todos são sensatos (né?)
Basta ter bom senso
E todos são sensatos

Deixe eu correr
Deixe eu parar
Quero morrer
Sem me matar
Deixe eu comer
Deixe eu calar
Vá se perder!
Pra se virar!

Deixa eu fumar o que eu quiser
Sem ficar com medo da polícia se vier
Quero meu direito de bancar o suicida
Eu quero liberdade pra tudo em minha vida
Deixa eu fumar o que eu quiser
Sem ter que correr se a polícia vier
Quero meu direito de bancar o suicida
Eu quero liberdade pra tudo em minha vida

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Para todas as gracinhas e desgracinhas (song)

Eu não te prometo o céu
E nem o meu amor, meu bem
Quem mente pra se dar bem
É aquele outro cantor

Eu não prometo fidelidade
Eu não prometo sinceridade
Eu não prometo nada, baby

Eu não vou te chamar de querida
E prometer que vou te amar eternamente a esmo
Se é pra isso daí que você me quantiza
Podes crer que esse cara aí não sou eu mesmo

Eu não prometo fidelidade
Eu não prometo sinceridade
Eu não prometo nada, baby

Se duas pessoas querem
Ser feliz em qualquer estação
Inverno é primavera, o outono é temporão
Quando duas pessoas querem
Não precisa de muito não
Uma andorinha só é que não faz verão

Impensamento

Pensam que o cara é explorado,
mas ele é aceito,
assim de seu jeito
simpático de ser,
que muita gente não percebe
porque ele está sempre de cara feia
e é fechado até mesmo quando feliz.
Costumam achar que sua falta de ambição é arrogância,
mas é humildade em sua maneira mais simples.
Ninguém compreende como
pode aceitar cada coisa que acontece
em sua vida
e cada vez pela vida que é traído
apenas se lamenta da sorte
que falta
e jamais pensa em vingança
pois acredita que o tempo
há de se encarregar
de punir os pérfidos
e hipócritas.

Pensam que é inteligente,
mas é um imbecil, inculto e sem educação.

Pensa que é aceito, mas é usado
Pensa que é simpático, mas é terrível
Pensa que é humilde, mas é soberbo
Pensa que é prático, mas é impaciente
Pensa que é amado, mas é tolerável
Pensa que é inteligente, mas é um tolo
Pensa que sabe o que quer
Mas não sabe nem mesmo querer

Pensam que é inteligente,
mas é um imbecil, inculto e sem educação.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

E se um dia você desaparecesse?

Se for pra você não voltar mais aqui
Se um dia você nunca mais existir
Não vou sofrer
Não vou chorar
Não vou sorrir

O velho Bob Dylan disse-me uma vez
"Pássaros voam alto no céu...
Sob os astros e as nuvens
Seguem suas vidas
Vida feliz!"

Se um dia amanhecer sombrio
Sem o brilho algum
Pinte outro sol, acenda um
Seja uma estrela
Navegante do espaço infinito...
Na incerteza do ar
Na leveza da luz
Sofrendo a reação
Não perdendo a razão

Se um dia você não voltar mais aqui
Se um dia você simplesmente sumir
Não vou sofrer
Vou guardar o que houve (e ouvi)
E vou seguir
Na incerteza do ar
Na leveza da luz
Sofrendo a reação
Não perdendo a razão
Praticando o bem!

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

E começa o mês de agosto

Se o mês é meu eu não sei
Sei que me sinto um velho e inútil
Talvez seja a idade chegando, talvez
Talvez seja pela vida fútil

Se o mês é meu eu não sei
Sei que me sinto cansado e vazio
Talvez seja o tempo - toda hora frio
Talvez seja a deprê que invade o mês arredio

Se o mês é meu
Melhor que seja barato
Senão fico baratinado
Vende-lo irei? Eu não!
Perdê-lo não poderei
Se mês é meu
Então sou um rei
Se não é
Já não serei
Serei fudido como sempre
Talvez pior
Talvez
O que eu sei?

Chega aí, mês de agosto!
Chega mais!
Chega mais!

Se o mês é meu eu não sei
Sei da velhice que vai chegando
Todo ano nesse mês

Se chegue

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