segunda-feira, 26 de junho de 2017

É pra sair mesmo? (Preparativos pro pedal Junino)

O inverno, mercado financeiro, preocupações, falta de perspectiva, o que será mais fudido pra a cabeça de um preto? Não tinha grana, não tinha mochila, não tinha barraca, mas queria viajar pra a Chapada pra encontrar meu EU perdido e assim poder tocar minha vida de uma maneira mais decente e segura, pois, falando como um animal e como gente, nem estava sendo um animal terrestre muito precavido em nenhum aspecto, nem estava tendo uma vida pessoal normal. Pensava que minha vida havia chegado ao tipo de caos que nem mesmo um demônio em busca de aflição como eu conseguia achar mais graça. “Devendo aqui e ali?” Deus que me livre! Querendo ajudar acolá, salvar além, estar perto alá, ser atuante augures, onipresente, mas nunca conseguindo ser útil a mim mesmo em qualquer tipo de situação. Lá estava, cheio de advérbios e sem nenhuma alternativa pra me salvar nessa viagem. Pelo menos consegui entender a minha mãe que me dizia... é..., acho que não vem ao caso.
Os Jurássicos de Bike iriam fazer uma pedalada junina bem no auge da minha “egonia” e conversando com Mestre Tetéu cheguei a conclusão de que se eu pudesse pedalar 3 dias com eles eu poderia ir para qualquer lugar depois. Eu ainda não tinha barraca e o pedal não ia para a Chapada, ia para o centro-norte (Senhor do Bonfim) passando pelo Recôncavo da Bahia. De algum jeito, depois que chegássemos em Senhor do Bonfim, o ponto mais norte dessa, viagem teríamos que voltar e era nessa volta que eu pensava em tomar meu rumo de qualquer jeito. Entre um desespero outro, um casal de saudosos amigos, depois de meses sem contato de repente me convidam para uma visita à Ibicoara. Imaginei que se isso não era um sinal do destino me convocando eu não sei mais o que poderia ser.
Passei uma semana inteira me preparando para essa viagem, conversando, pedindo conselhos, e só quando chegou na madrugada de partir é que eu fui começar a juntar minhas coisas. Achei uma mochila velha, revesti por dentro com um plástico e comecei a separar a roupa. Devia estar tão agoniado que pus 4 cuecas, mas só um short e uma calça, duas camisas, dois agasalhos, saco de dormir e a pochete que está sempre bem equipada com os itens de pedal e de viagem que inclui ferramentas, higiene, utilidades, moedas etc. Nenhuma camiseta e esqueci-me de pegar uma calça jeans, pois é sempre útil; bomba de ar; talvez um outro par de sapatos seria bom já que não sabia quanto tempo ia ficar viajando, mais um par de meias, máquina fotográfica, fósforos... me esqueci de mais coisas do que devia, mas se fosse fácil não era tão necessário, certamente.

Gravador (bloco de notas)

Pra não começar do nada
Comece com um gravador
E grave uma declaração de amor
Pr'aquele seu amor
Que te agarra pelo nariz
E pelo cheiro suavemente te deixa feliz
Feliz como um chão
Varrido por um vulcão

Pra não começar do nada
Comece pegando um violão
E toque uma linda canção de amor
Pr'aquele seu amor
Que te agarra pelo ouvido
E pelo barulho ferozmente te deixa perdido
Perdido como um céu
Criado por um menestrel

domingo, 25 de junho de 2017

Na praia (bloco de notas)

Na manhã
Muita gente na praia
Muitos correm
Nas manha

Na manhã
Na praia muita gente
Nas manha
Só anda

Só de onda
Na praia
Nas manha
Nas manhãs
Da praia

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Agora sim! Até que enfim cheguei em mim!

Bati meu café lá na pousada de seu “Coisinho” (perdão! Esqueci o seu nome) em Cascavél e me piquei mais tarde do que eu pretendia pra Ibicoara. Cheguei eram 10h da manhã. Na verdade eu nem cheguei, pois meus anfitriões me pegaram ainda na estrada e me levaram de bike e tudo pra Barra da Estiva para seus assuntos de campo: pás, enxadas, facões etc. O que eu podia fazer era apenas ajudá-los a carregar o carro. Quando estava em minha tarefa... Hahaha! Acredita que apareceu um cara perguntando o número do meu sapato?
- 48 bico largo, man!
- Nossa! Mas um pé desse com chulé deve feder muito...
- Fede pra caralho! Bom dia! - E continuei meus afazeres pensando em por quê não apareceu uma gracinha?
Voltamos pra Ibicoara e pude conceber a lambança do meu pedal da noite anterior. O telefone tocara quando eu estava passando pela localidade e era minha anfitriã quem me ligava, mas como eu saberia? Praticamente não dá pra ver o posto saindo da cidade, só entrando, e era quase noite, e fica ao lado de um ginásio que chama muita atenção, e eu estava encantado do pedal e das estrelas que iam surgindo e fui saindo. Mas voltei e lá estava. Chegaram ainda mais um casal, umas visitas inesperadas, enquanto eu dava um banho em marieta e ajeitava o seu bagageiro e mais alguma coisa e iríamos todos para a roça no dia seguinte, menos minha Marietinha. Mais tarde, já me sentindo em casa, janta vegana caprichadamente deliciosa, (ou seria deliciosamente caprichada?) um chá e saco de dormir.
Quase não dormi, como em todas as noites em que eu durmo ansioso demais, mas na manhã seguinte me sentia novo como um broto de couve. Nos levantamos cedo pra visitar as terras e trabalhar bastante. Queria iniciar algo novo, proveitoso, produtivo e trabalhar com terra era a melhor coisa que poderia me acontecer. Fazia tempo que não me sentia tão motivado.
Fomos para as montanhas conhecer, desbravar terras antigas, habitar terras antigas e se apaixonar mais uma vez por aquelas montanhas espetaculares. Algumas são formadas apenas por cristais e em seus pés descansam, ou tentam, florestas inacreditáveis e lá estava eu com toda a minha vontade de voltar para o útero de mamãe e nascer ali naquele paraíso. A estrada ainda estava bastante ruim pois fora reaberta recentemente e precisava se ajeitar. Esse era (é e será por semanas) nosso trabalho: carregar pedras, retirar cercas, desviar águas, coexistir com o planeta que é nosso amigo e precisa de nós. Nada de medo de onças, cobras ou outros bichos do mato, o único animal que poderia fazer temer algum mal era o homem e todos os que ali estavam, machos e fêmeas, estavam com o mesmo objetivo: construir uma nova civilização amiga e igualitária.
Eu não levei barraca em minha viagem então na minha primeira noite no mato meu plano era de dormir numa rede que tomei emprestado. Foi difícil achar um ponto perto da micro-vila que se formara e eu fui me amigar a umas árvores um pouco mais acima no barranco próximo a um banco de pedras, protegido contra o vento e a chuva forte. Limpei o solo ao meus pé e sem derrubar um arbusto sequer pude montar meu berço aéreo, meu ninho.
Ao cair da noite nos reunimos em volta da fogueira e fizemos um jantar colaborativo onde todos deram algo e a única coisa que eu podia dar era a música, que já estava até ficando em segundo plano, mas meus planos sempre trocam de lugar. A paz era tão grande que confesso que senti um pouco de vergonha de tocar violão num lugar tão sagrado, então toquei baixinho para não acordar os beija-flores e perturbar a harmonia. Havia menos estrelas que na noite anterior, mas pudemos desfrutar de uma noite incrível até irmos dormir.
Quase me perco na volta pro "ninho" e a chuva parecia que queria nos visitar, mas eu não queria muito saber de ter preocupação. O que quer que rolasse num lugar daqueles estava tudo em paz, tudo limpo, arrumado e a floresta, as montanhas e o céu sempre foram, meus melhores amigos e eu sabia que poderia confiar em todos eles, então, por umas frestas nas copas das árvores, pude ver as últimas estrelas se escondendo e também adormeci divinamente chegando a sonhar com minha mãe e ser acordado com a chuva me saudando e dizendo: “Acorda, Lindão Thi! Hoje você é nosso!” mas eu  não estava mais nem aí. Estava era me sentindo ótimo!

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Mucugê - Cascavel - Ibicoara - Cascavel

Na lanchonete parei pra comprar um suco tive um breve bate-papo com o dono e uma moça sobre o pedal e sobre o melhor caminho para Ibicoara. Ela foi bastante enfática ao falar sobre o caminho por Cascavel que era "muuuuito mais perto e mais bonito" e que eu deveria seguir por ali, mas eu tinha cá minhas dúvidas. Pelo asfalto eu ando mais rápido, mas pela estrada de terra eu poderia apreciar paisagens mais incríveis do planeta. 
Saí tarde pra um pedal saudável. Fazia um sol formidável e o céu estava claro como gostaria que estivessem as ideias em minha cabeça. Confesso que apesar desse ser o último trecho de minha jornada eu estava me sentindo igual a como saí de Periperi: Completamente sozinho e perdido.
A medida que me afastava das pedras de Mucugê e descobria as de Ibicoara sentia que todo o meu corpo ia mudando. Algo que eu não senti em nenhum outro momento em minha vida, estava perdido, mas me sentia forte, seguro, livre e feliz. Ia encontrar com amigos queridos que não via a algum tempo: Mau e Lua, e poderia esquecer um pouco que a metrópole existia. 
Procurei um canto sossegado pra tomar meu café da manhã embora toda a estrada fosse sossegada durante alguns quilômetros não havia sombra era só as margens de uma espécie de tomateiros espinhosos e outras plantas baixas umas um pouco mais hostis, outras um pouco mais simpáticas. Ao longe tudo eram fazendas e plantações. Comi meus sanduíches com o suco do “Sr. Deguste”, numa beira de mata confortável. Fiz uma checagem no perímetro e vi que por ali passara algum animal diferente tipo um tatu ou tamanduá, pois deixaram marcas no chão bem estranhas. Observei mais contemplativamente a paisagem e tive um tipo de orgasmo. – As montanhas me pertencem! Eu pertenço às montanhas! Estava indo me reconectar com uma energia que sempre esteve conectada comigo, mas eu não sabia o que estava sentindo. Tomei um susto e meu rumo.
Cheguei no posto que fica na entrada de Cascavel eram 13h. Mais da metade do caminho já havia sido percorrido agora era só manter o ritmo e chegar suavemente em Ibicoara e abraçar meus amigos. Como eu não sou um cara de um só ritmo entrei em Cascavel e mudei a melodia para um toque mais clássico. Segui a estrada de terra e entreguei meu destino à minha própria sorte, com ela eu não me perderia e chegaria são e salvo. O que eu não sabia é que ela tinha planos ainda mais inacreditáveis para mim.
A primeira formidabilidade (por onde anda Raquel?) da trilha foi um rio numa localidade chamada de encantada, queria parar, mas achava melhor seguir pois com bagagem pedalar por terra não é tão tranquilo. Não me arrependo, mas não aconselho a sair carregando bagagens em  vias complicadas. Vi mais umas duas cachoeiras a uma certa distância até chegar num lugar inacreditável cujo nome eu não faço ideia, mas era uma queda de uns 200 metros que escorria fininha por um tubo de uma mini-represa que fizeram no alto, mas a paisagem não deixou de ser fantástica. Mas não foi o único lugar que eu parei apenas para olhar. Segui o barco.
Numa descida muito longa a uns 50 km/h esqueci completamente o freio da bicicleta e quando pensei que poderia vir uma curva já era tarde, a curva era fechada demais e entre me esborrachar no chão ou voar rumo ao desconhecido optei pela liberdade. Voamos eu e Marieta sobre a vegetação marginal e naqueles 3 segundos de desespero eu não tive coragem nem mesmo de fechar os olhos. Ouvi barulho de bicicleta caindo na água e logo estava eu completamente a salvo e encharcado. A bagagem fez a bicicleta flutuar e tão rápido quanto caí foi a velocidade com que tirei Marieta da água e verifiquei tudo. A mancha de óleo na água era a única coisa que estava fora da ordem. Não me contundi e a bike não teve praticamente nada a não ser uma pequena peça do bagageiro que já estava condenada. Não podia olhar o violão, mas que opção eu tinha? Segui o bonde.
Algumas subidas eu não podia mais fazer pedalando pois a areia na corrente não deixava. Seguindo a estrada agora mais suavemente, algumas paradas só para contemplar a formidabilidade da paisagem e o pôr do sol lindíssimo de cima do morro. Pena eu não ter trazido câmera fotográfica dessa vez, mas acreditem em mim.
Cheguei em Ibicoara ainda estava claro. Fui penetrando a cidade e tentando encontrar alguma indicação de que caminho seguir agora. Perguntei a um jovem como fazia para chegar em minha localidade e ele me indicou a outra rua, andando pela outra rua perguntei a uma moça como chegar lá e ela me disse: “Tome esse caminho aqui direto! Não entre em nada, nem no posto, e logo um pouquinho depois do posto é essa sua quebrada.” E lá me fui em direção à saída de Ibicoara enquanto escurecia depressa demais.
Passei por uma placa que dava as boas vindas a cidade e fui saindo, nada de posto nada de localidade e noite entrando. Não estava mais seguro pedalar, era escuro e eu não tinha nenhuma iluminação além da faixa de segurança que cruza meu peito e costas. O telefone tocou, mas eu não conseguia atender, pois era arriscado demais e enquanto ia anoitecendo eu ia descobrindo a outra formidabilidade perdida: o céu.
A medida que eu me afastava, escurecia e o céu brilhava e me encantava de uma maneira que fiquei completamente enfeitiçado, possuído. Não importava a distância nem o decorrer do tempo. Estava agora empurrando a bicicleta na beira a estrada fria e aparentemente solitária, mas ia conversando com as estrelas e elas me entendiam. Algumas não queriam falar comigo e iam saindo de perto traçando riscos, outras brilhavam ainda mais esplêndidas e me perguntavam coisas para as quais eu tinha respostas prontas e seguras e seguimos assim por vários quilômetros noite afora até que a lua saiu de lá de trás do morro e passou a exigir seu lugar na conversa. Então montei novamente em Marieta e comecei a pedalar com segurança novamente. Não sentia frio, não sentia cansaço, não sentia nada. Talvez uma decepção por não ter encontrado os meus amigos, mas eu também precisava conversar com meus amigos celestiais e nessa mistura de encantamento e loucura estava de volta ao posto em Cascavel. Era meia-noite. Parei numa pousada e perdi o último tostão.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Salve Mucugê!

Cheguei em Mucugê ainda era dia. Parei na primeira pousada que encontrei e fui dar uma volta pela cidade, mas de bicicleta não dava (por causa do chão de pedra) então andei um pouquinho só e entrei num mercadinho pra comprar um lanche pra viagem de amanhã. Voltei, tomei meu banho, preparei meu lanche e saí de novo atrás de uma comida de verdade.
A cidade se enfeitava para o São João montando as barracas todas em madeira maciça bem bonitas e firmes (dei uns tapinhas pra conferir), vi os caras ainda serrando outras toras pra montar as outras barracas. De repente veio de lá a Filarmônica de Mucugê fazendo o som em direção à igreja para a missa e o resgate do Santo que retornaria pro seu lugar de origem depois da trezena. Acompanhei um tanto, mas estava ainda muito devagar, era praticamente só a banda e uns poucos fiéis, ou foliões como eu, acompanhando.
Eu procurava um lugar pra bater o rango, mas só achei restaurantes à quilo com uns quilos caros da porra: 40, 50 reais. Eu procurava um PF decente de 10 contos, mas parece que a cidade é preparada para turistas os barões. (Deus me livre!) Como eu não ia desistir de comer logo achei um bom samaritano que me deu a dica dos quiosques próximos a minha pousada que eu não tinha observado. Encontrei uma barraca de uma anja chamada dona Dorinha, simpática mãe de uma filha ainda mais linda (“de menor”, viu?) que a ajudava no atendimento e serviam PF's de carne ensopada e de filé de frango. Pedi o frango e enquanto ela preparava fui ao outro lado da rua ao que parecia ser uma cachaçaria e era.
Uma senhora já idosa de nome Inês comandava o estabelecimento mais confortável que eu já estive, cercada de cachaças, conhaques e outras bebidas menos importantes. Perguntei se ela tinha erva-doce e ela tinha. Pedi uma dose, dei o primeiro pau e - Que coisa esplêndida! - fiquei apaixonado. Posso dizer que foi a melhor cachaça de erva-doce que eu já bebi em minha vida. Ela me disse que era feita de uma cachaça aqui da região e a erva também era das melhores: “É daquelas erva-doce miudinha.” disse ela. Linda! Matei a dose e deixei outra paga e fui pegar o rango.
Voltei pra barraca pra pegar meu frango. Também estava espetacular. Na volta pra cachaçaria dei de cara com um bate papo animado com uns moradores locais, uma degustação de pitanga preta oferecida por uma moça de nome Patrícia e - lá vem a filarmônica de volta! - Todos mataram suas cachaças e saíram acompanhando o cortejo foi quando a Dona Inês também encerrou seus trabalhos.
Acompanhei a procissão, que agora era numerosa, até um ponto onde fizeram a última reza e recolheram o santo. A banda ainda voltou tocando uns forrozinhos até sua sede e encerrou os trabalhos rapidamente, então voltei pro meu quarto e tentei escrever alguma coisa, mas a cachaça não deixou. Nem lembrava o nome das tias salvadoras da noite, depois o computador ainda travou, então eu dormi.
Já no dia seguinte, um cachorro latiu não sei de que dimensão me dizendo pra acordar. Abri os olhos, tudo escuro, um frio da porra, eu sem reloógio resolvi esperar o sol me chamar, mas ele acabou demorando muito e eu me levantei e fui cuidar de meus problemas. Antes de deixar a cidade ganhei de brinde um suco de cajá maravilhoso da delicatessen deguste, cujo dono acho que lembrava de mim de uma outra visita, mas minha memória...

P.S.: Só umas curiosidades: o termo “santo do pau oco” é do tempo do ouro quando os contrabandistas usavam imagens ocas de santo para contrabandear o minério; hoje em dia algumas imagens não podem ficar nas suas igrejas, pois os "colecionadores" que admiram artes confeccionadas com ouro e algumas pedras não permitem, então as imagens são recolhidas a algum lugar mais seguro retornando apenas em eventos festivos. Fica-se sabendo disso tomando cachaça em Mucugê.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Itaberaba

Um café da manhã fora da pousada num lugar chamado “Meu e Seu” atendido por uma gracinha de nome Carine, que depois de Val(Sr. Do Bomfim) e Késia(Jacobina) foi um dos sorrisos mais bonitos das últimas manhãs, perdendo pro de Lourdinha é claro, mas essa daí não conta. A parada lá era coma a vontade por 5 reais e foi show. Mesmo porque na noite anterior eu tinha comido um cuzcuz com ovo salgado pa porra por esse preço e como eu não me arriscaria comer lá de novo fui dar uma volta pela cidade encontrando esse mini-céu.
Chegar em Itaberaba foi meio tenso. Havia me separado dos Jurássicos em Jacobina e já na rodoviária começava a sentir a falta deles, da união do grupo e do cuidado com as bikes. O bagageiro do ônibus era pequeno e o cobrador abriu uma porta na qual mal cabia Marieta deitada e me disse que só tinha ali que era pra eu me virar pra acomodar, então retirei o violão do bagageiro, peguei o elastic e dei uma dobra e uma volta dele dobrado num ferro que havia na parte de cima passando no meio do quadro e prendendo nos ganchos deixando a bike meio inclinada com 3 pontosde apoio: rodas no chão; guidão na parede; quadro no elastic. O cobrador não ajudou em nada e só voltou pra perguntar se podia fechar. Como eu estava cansado e puto com ele apenas lhe disse que podia e subi no ônibus, mas antes de sairmos pedi pra descer e dar mais uma volta no elastic, mas o motorista ligou o motor e se mandou.

Passei a viagem inteira atento aos ruídos na mala que estava sob meus pés, mas aparentemente nada ocorreu até próximo a chegada em Itaberaba quando um barulho de pancada muito forte no ônibus me acordou e eu pensei ter sido Marieta. Foram aproximadamente 10 minutos até chegar a rodoviária nos quais eu me senti completamente fudido. Quando eu vi Marieta inteirinha exatamente como eu a havia prendido senti um alívio tão grande que parecia que eu havia dado uma cagada depois de uma semana de prisão de ventre. Desembarquei, pedi informações e parti pra pousada que era praticamente em frente a rodoviária.

domingo, 4 de junho de 2017

Debater sobre drogas?

Tudo bem!
...aí, no jornal da TV, arrumam uma série sobre violência em que culpam seu aumento no interior ao tráfico de drogas... os caras podem ter meia tonelada de cocaína entregue de helicóptero no quintal da casa no interior do Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais...
...todo dia morre um no busu, segundo minha amiga hoje morreram dois... de janeiro a maio em Salvador e Região Metropolitana 250 assaltantes de ônibus foram presos, isso segundo um jornal impresso local... acho que eles não traficam no busão... - Ah, mas roubam pra comprar drogas...
...outro dia, passava das 11:30 da noite, na chuva voltei andando pra casa uns 8km, depois do décimo motorista simplesmente não me ver no ponto... com medo de ser morto, no ônibus ou por ele, fiquei eu, por isso procurei andar... era um sinal... foi ótimo... ainda achei uma carona já perto de casa...
...essa a cidade é adorável quando deserta... queria ter vindo de mais longe, mas só a avenida Suburbana já me apaixona... os caras lá no busu com medo e o preto que se foda pra chegar em casa, né? ...por sorte os cachorros ainda falam comigo, uns até me fazem companhia um tempo... pena que eu não tinha um beck, mas aí ia aparecer a segurança pública pra cortar minha onda...
...a reportagem da tv dizia que a polícia também começou a matar mais de uns tempos pra cá ajudando os números da violência a crescerem... mata-se mais por refrigerante, cigarro, café, cachaça, cocaína, crack ou maconha? Já perguntaram isso pros "policiais assassinos"?
Morre-se violentamente muito por causa da droga do preconceito nesse país.

Se chegue

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