segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Eu queria não pensar

Queria que algum dia a moeda deixasse de existir e as pessoas não tivessem mais que  lutar por uma coisa que foi inventada apenas para que alguém tenha mais direito a ter desejos que o outro. A posse sobre coisa alguma além de seus próprios desejos não pode ser considerada uma coisa racional para mim.
Queria que um dia as pessoas passassem a se olhar como companheiros de jornada na luta pela sobrevivência, não da própria, mas da espécie humana. Queria que cada um fizesse o que fosse preciso para que todos pudessem prosperar e ter uma vida digna de seres superiores que alguns acreditam ser.
Queria poder ir além do que a sociedade me permite: ir, vir, usar, fazer, ficar... Sem precisar ter  dinheiro, documentos, requisitos, vistos... Queria poder explorar melhor o mundo que vivemos. Sentir, experimentar uma realidade diferente.
Queria que o sexo não fosse mais urgente que o amor e que o amor fosse tão fácil quanto o sexo.
Queria que a poesia fosse apenas uma maneira de falar e que pudéssemos versar sempre, como uma brincadeira que as crianças inventam quando estão viajando de férias.
Queria que a morte não fosse tão triste e assustadora. Queria não pensar na desesperança.
Queria que não houvesse diferença no que eu desejo para mim e para os outros e vice-versa e que tudo sempre estivesse caminhando para a harmonia .
Queria ter razão quando brindasse por nossas vidas.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Pombos

Periperi sempre terá as melhores histórias sobre qualquer coisa...

Há alguns anos uma moto invadiu o bar do Mavic (hoje finado) e desgraçou com meio mundo de gente, inclusive um bom amigo, Fredy, que sequer estava bebendo cachaça, ele bebia uma coca-cola, mas como era um "pombo-sujo" não conseguia sair dos bares. Felizmente hoje ele não se tem mais sinal dos ferimentos, mas por muito tempo ficou andando de muletas e depois delas ainda ficou mancando por um bom tempo ganhando logicamente a alcunha de "pombo-sujo-capenga".
Um belo belo dia, nesse tempo da capenguez de Fredy, eu estava aqui na praça da Revolução com mais alguns amigos meus e de Fredy (pombos-sujos), ele não estava. De repente pousa próximo a nossa mesa um pombo com a pata quebrada incrivelmente sujo e aquela ave imunda fica ali, ciscando com uma perna só o asfalto ainda nem aquecido pelo sol da manhã. A imagem imediatamente me lembrou de Fredy e ao comentar  que podia ser a representação dele em nosso encontro todos lá ficamos rindo por vários minutos da desgraça alheia. (Somos muito maus em Pericity!)

Outra..
Um dia, aqui na praia, perto de onde uma vez eu vira um pardal que pensava ser beija-flor, chamei um pombo para um duelo. O desafio consistia em qual dos dois suportaria o maior tempo sob a chuva que começara repentinamente numa manhã tranquila de inverno. Na na verdade eu cria que o pombo não havia saído para se abrigar porque sabia que aquela chuva repentina não tardaria a parar e ,enquanto todos os outros pombos se recolhiam nos telhados vizinhos, este continuava pacientemente catando comida sobre a areia cada vez mais molhada. 
A chuva não era forte, é verdade, mas com o passar do tempo eu ia ficando encharcado e aquele pombo filho da puta não arredava o pé.
O resultado disso foi que eu tive que enfiar o celular na cueca e sair dali antes que eu desse uma pedrada naquele sacana.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Perda de tempo


Hoje é moda fazer as cosias de uma maneira mais demorada e burocrática do que elas realmente precisam ser, e isso não é porque as pessoas precisam de autorização de alguém para alguma coisa, é pura falta de sensibilidade, amor próprio, e, não menos vezes, pura falta do que fazer. Acho que é o medo do ócio que faz as pessoas gastarem tempo demais fazendo coisas que não gastariam tempo nenhum.
Qual é o verdadeiro tempo? O que a gente precisa mesmo saber pra estar de acordo com nosso tempo? O que podemos fazer pra não perder tanto tempo com coisas que não queremos nem precisamos de fato? Será que ter paciência não é perda de tempo?
Talvez essa falta de sentido seja mera carência afetiva, ou necessidade de atenção, o fato é que hoje não se pode mais simplesmente sair de casa e resolver seus problemas, no meio do caminho nos deparamos com uma série de outras “desnecessidades” que acabam simplesmente atrasando o nosso lado e não servem pra mais nenhuma outra coisa. Algumas pessoas nem se tocam disso. Elas acham que é realmente necessário tirar o dinheiro do banco pra pagar a conta na loteria, ou ainda esperar o sinal ficar vermelho e depois verde novamente pra atravessar a rua e não ser atropelado por algum animal, mas não entendem que isso não é realmente necessário e na verdade não tem nada de coerente.
Algumas vezes damos uma explicação de 20 minutos para um procedimento que demora 10 segundos. Isso vem também da nossa incapacidade de comunicação. Perdemos muito tempo porque não sabemos falar com as pessoas; não sabemos falar com as pessoas porque não sabemos como organizar nossas idéias; não sabemos organizar nossas idéias porque temos pressa; temos pressa porque perdemos tempo demais procurando a melhor maneira de não se ter tempo pra nada e nos mantermos ocupados para manter um quê de sucesso.
E o expediente? Qual é o trabalhador que produz 40 horas semanais? Poucos, e a maioria nem tem seu trabalho reconhecido. O sucesso está em manter uma imagem de que se produz muito e essa imagem se reflete no cidadão ocupado, mesmo que seja uma produção inútil. É como na arte: Não importa a qualidade do artista, importa que ele esteja produzindo e vendendo.
Perdemos muito tempo com uma idéia de que quanto mais informação, maior a chance de ser bem-sucedido, mas essa informação nunca é filtrada. Aprendemos coisas que não tem nenhuma utilidade em nossa vida prática e mesmo assim continuamos absorvendo informações que não nos servem.
Poucas pessoas têm tempo pra pensar na vida e as que o tem nem se dão conta de que há um sentido maior do que o stress. Eu até tento fazer minha parte avisando que não vale a pena se aborrecer, que uma hora tudo vai se ajeitar, mas isso também é uma perda de tempo sem tamanho.

Se chegue

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