segunda-feira, 28 de janeiro de 2013


O que fazer com os donos da boate de Sta Maria?
Digo, não há dúvida sobre a culpa deles, né?
Mas e toda essa gente que morreu, suas famílias ficarão felizes com a punição? Isso vai lhes confortar?
E eles vão receber direitos de imagens por todo o sensacionalismo das emissoras de tv?
Eu não sei se tem alguma coisa errada no que estou dizendo, mas estou mais triste com a cobertura que a tv está dando a esta tragédia, com o monte de merda que eles estão repetindo, com a manipulação da opinião pública nesta ou naquela direção, do que a minha tristeza pela tragédia em si.
Confesso que quando vi a notícia na manhã de ontem eu não quis mais olhar a internet, talvez por medo de receber a notícia de que algum conhecido estava lá e morreu, quando o programa de esporte da manhã parou sua tranmissão para falar sobre isso eu comecei a ficar enojado e não quis mais assistir tv. Confesso que estava feliz por meu time ter jogado sábado, assim eu poderia evitá-la facilmente.
Deve-se cobrar punição para os responsáveis pela tragédia, até mesmo a banda que supostamente acendeu uma faísca (duvido que se fosse ganja ia queimar tudo), mas puni-los não vai trazer ninguém de volta. É mais importante que fique a mensagem para os próximos idiotas que quiserem abrir uma casa pra shows sem se preocupar com a segurança dos clientes e artistas. Segurança num evento não são os caras malhados que evitam, ou pelo menos inibem os calotes. Segurança é o extintor estar na validade e no local adequado, é ter por onde sair se o bicho pegar, é ter a quem se dirigir quando há uma dificuldade qualquer, mas os donos de boates, em sua maioria, só pensam no luxo e na receita, no glamour e no caixa.
Eu não sei se conversaram antes sobre a tal pirotecnia que ia acontecer no show, se os donos da casa tinham noção do quão inflamável era a cobertura, se as coisas saíram do controle inesperadamente, se houve sabotagem, quem vai saber?

É triste
Poderia ser em meu estado, em minha cidade, em bairro, mas foi em meu país.
É só triste
Poderiam ser meus amigos, poderia ser minha casa de show, poderia ser minha banda, mas foi só um show no sábado à noite.
Tudo relacionado a isso é triste, não tenho porque sentir outro sentimento.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Destilando a antipatia

Eu penso em atualizar meus perfis de internet e queria que todos os meus amigos, velhos e novos, acompanhassem minhas mudanças. Eu não mudei a pessoa que eu sou, sou o mesmo cara, lerdo, carinhoso, ingênuo quase à estupidez, sincero, desinteressado... mas hoje eu não quero mais ter que dizer a ninguém o que eu não tolero, mesmo porque isso não é coisa que se saia por aí gritando aos quatro ventos, vai gerar um monte de mal-entendido e os cretinos (amigos ou não) acharão nisso um modo de me atacar e encher o meu saco preto. 
Eu tenho um sentimento de quase nada por aquelas pessoas a quem eu tenho que explicar o tempo todo que não pertenço à classe deles, que não podem falar por mim, não por me achar superior ou inferiorizado, mas por não acreditar em classe alguma que tenha um homem como parâmetro. Não pertenço a classe ou classificação alguma de gente. Me desculpem por isso, mas que fique bem claro que eu sou só Thiago, um preto suburbano, sem dinheiro escondido em paraíso fiscal ou com qualquer riqueza que nós, homens, criamos apenas para satisfazer afalta do que fazer, do que pensar, do que criar apropriadamente diga-se. É exagero meu, mas aqui é válido.
Não gosto que me testem, porque eu sempre faço o que acredito ser correto, levando em conta as circunstâncias, penso na segurança do meu próximo sempre em primeiro lugar. Não costumo testar ninguém, sou péssimo em qualquer tipo de teste, pois sei que são perda completa de tempo e eu tento adiantar, sempre. 
É normal não gostar do que ouço muita gente falar, ex.: "Depois que trabalhamos bastante nós descansamos e gozamos os louros de nosso suor." Eu realmente considero isso uma tolice, mas, quando pequeno, o meu maior medo era justamente chegar aos 40 anos e descobrir que me fudi meia vida sendo escravo para passar a outra metade dela sendo estúpido bastante para acreditar em recuperar o tempo perdido, a saúde perdida, a juventude. Escuto usuário de drogas ser contra a legalização delas e percebo que assim como o racismo está impregnado em nossa cultura, a completa ignorância quanto aos problemas reais de nossa sociedade tende a se perpetuar, não por incapacidade, mas porque somos "lobotomizados" há séculos pelos nossos confiáveis governantes e nossa "elite camarada".
É, tive sorte. Posso me considerar um vitorioso dentro de minha pouca expectativa. Se eu não estivesse certo do que sou que eu sou, do que eu acho que me tornei, do que eu imaginava que seria e de todo esse contexto de merda que a vida urbana na qual eu estou orbita, jamais ficaria me expondo tanto. Sendo um "Honkerboy" eu não tenho muita privacidade, sendo um artista (poeta, músico, escritor...) eu não quero ser esquecido. Acho que tenho me saído bem apesar de me sentir vazio às vezes. Mas não sou Cobain.
Tenho a ambição de me tornar um animal melhor e isso não é nenhuma vergonha. Pratico isso repetidas vezes e nunca me cansarei de tentar melhorar minha parca condição humana mais e mais. É uma droga fazer isso no meio de um mundo doentio de pessoas alopradas buscando uma felicidade baseada em números, cifras irreais. Minha felicidade é baseada em bons momentos que se repitam e que se repetem, também de pequenas novidades  desconhecidas por não ter a malícia de olhar atrás das portas de sorrisos ladinos.

domingo, 20 de janeiro de 2013

A volta das longas férias


Cara, eu acho que o demônio resolveu tirar férias e colocou um estagiário bem escroto no lugar. Pegou o mais desgraçado, claro, afinal o diabo não gosta dos bons, nem mesmo os “bons maus”. Eu que não sou bom coisa nenhuma só me fodo de todo lado; Quando Deus tira férias também coloca sempre um cara que só olha pro lado errado. Deus me livre! Desgraciosidade. Mas eu não vou começar o ano reclamando de Deus e do mundo porque é ano novo e a esperança de que tudo mude sempre se renova, assim como meu sonho em ganhar um prêmio por tudo que ainda hei de fazer, mas não sei quando, ou sonho de namorar Camila Pitanga, também minha vontade de um dia não reclamar e falar mais palavrão sempre consegue um bom motivo para se cumprir, mas este nunca seria eu, creio. Pelo menos eu tenho mais 365 dias (menos 19) pra realizar vários outros desses sonhos.
Vejamos, se o diabo não estivesse de férias, eu certamente estaria morto. Desde novembro por 4 vezes eu tive a clara visão da morte de cima de minha bike, até que no dia 9 me aconteceu de morrer literalmente. Só consigo estar aqui escrevendo, dez dias depois, porque sou um cara duro e incrédulo e ainda que ela venha até mim e me tire pra uma dança, sei que terei tempo bastante para realizar o pouco e inútil que me resta e dançar alegremente pois em qualquer que seja este momento ele será perfeito. Hoje eu percebo que mesmo que repentinamente me seja tirada uma vida, minha energia continuará existindo e não importa o que seja dito sobre mim depois que me for, jamais desejarei tanto ter mais tempo pra dançar com meu amor.
Se eu não posso andar de bicicleta porque os joelhos me doem, se meus joelhos não doessem mais eu ainda teria que montar outra bicicleta, se eu não posso montar ando em círculos, como a frase que acabara de acabar o texto. Mas, seja como for, é bom estar de volta aos bares.
Puxa vida como eu adoro beber! Acho que no fim das contas o acidente também serviu pra provar mais uma vez que os bêbados tem um anjo da guarda até quando não estão bebendo, se o acidente fosse ano passado provavelmente seria fatal, mas no dia 9 de janeiro eu ia comer uma água indecente depois do trabalho, (sim, tenho um novo trabalho) mas o diabo, vendo minha má-intenção resolveu me sacanear muito fazendo-me bater de cara com a pior desgraça da sociedade moderna, o trânsito dos automóveis, além disso me deixar consciente todo o tempo pra ver o quanto o ser humano pode ser filadaputa com o que está em desgraça, me deixou penando num corredor de morte de um hospital assombrado das 18h até as 22h sem nem um cafezinho sem pão, e isso é até o de menos, pois só não fui pior atendido do que no IML, mas eu disse que não ia reclamar.
“Malassombrada” é a imagem de Rodrigo (Sputter Chagas) como uma espécie esquisita de herói que me faz crer que eu tive alucinações após o choque. Apesar de não ter tomado cerveja, ou usado qualquer droga até a hora do acidente me reporto ao inferno da vida sem bebida. Se eu tivesse bebido teria entendido tudo diferente, talvez desmaiasse e ficasse lá, estirado no chão, uma concussão, um traumatismo qualquer, talvez mesmo o óbito, mas pelo menos a culpa seria toda da droga mesmo que não fosse, seria minha culpa. Me sinto mal por ter sido uma senhora, queria estar bêbado, queria ter morrido, mas não gostaria de ter me batido no carro dela, não por conhecê-la, nem por ter ido com sua cara, mas por ter certeza de que ela foi filha da puta, ainda que tivesse ficado nervosa, assim como eu, que nunca fui atropelado antes, nunca vi uma bicicleta me proteger tanto, nunca fui pego de surpresa no trânsito, ainda mais por uma idosa, isso é tudo muito surreal; Só aumenta a minha fé de que tem alguém me sacaneando no inferno.
Mas veja bem, “o que não me mata me fortalece” e “o que não mata 'também' engorda”, sendo assim, comecei a me policiar, me resguardar, ainda mais, controlar o palavreado, controlar o ímpeto, trabalhar com mais felicidade, pois não tenho muito que fazer mesmo sem bicicleta e já que eu não posso “perder meu tempo” pedalando... trabalho em casa, ou onde quer que possa me conectar. Se eu me vencer a mim mesmo quem sabe não começo a trabalhar no celular pra me poupar o trabalho de trabalhar parado?
O bom é que eu consigo tocar violão, a mão já está quase solta no baixo e “vamos que vamos que o groove não pode parar!”. Não posso pedalar (nem dançar muito), mas é tudo por uma razão que eu desconheço ainda, mas não vou desprezar. É bom estar trabalhando de novo, é bom poder tocar um instrumento, é bom ter amigos eternos e é bom estar de volta aos bares. De qualquer maneira, sem o hábito de se “comer água” muito se perderia do desenvolvimento. É bom estar de volta ao bar, é bom estar de volta aos bares, é bom saber que se tem um lugar confiável para se chapar e depois se chapar novamente e nunca estar só, e nunca estar de mau humor, e nunca estar sem dinheiro, pois o dinheiro move o bar, mesmo que seja o seu, e não a sua desgraciosa presença: É bom ter dinheiro pra gastar no bar, mas é muito melhor ter apetite etílico, saber apreciar uma cerveja “na faixa”, uma boa caipirinha cheia de açúcar, um falso conhaque com gosto de água de coco... o verão, o sol, o calor, o líquido, os vapores... Ah! Ar...aires...
é bom estar de volta aos bares!

Se chegue

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