terça-feira, 31 de agosto de 2010

Paciência

Às vezes a gente se emputece com os outros por não nos deixarem falar, por não se calarem nunca, por falarem em voz mais alta que o necessário, ou por falar baixo demais e a gente ter que perguntar várias vezes o que foi dito. A mania de ser chato não é uma coisa que a gente tenha como evitar. É assim mesmo. Às vezes a gente se emputece porque não está a fim de escutar as mesmas bobagens.
É chato estar sempre se calando, mas é muito mais desagradável ficar puto com isso. É perda de tempo e um gasto inútil de energia.

domingo, 15 de agosto de 2010

Sampa 2010

Eu juro que tentei ter uma noite tranqüila antes de viajar, principalmente porque meu vôo seria num sábado pela manhã, mas nem sempre a gente pode fazer as coisas da maneira que imagina. Arrumaram um show para os Honkers justamente na véspera da viagem e é muito complicado manter a sanidade em noites de show. Como se apenas isso não fosse suficiente pra eu não ter uma noite tranqüila, o show acabou não acontecendo no lugar marcado, porque a casa havia marcado dois eventos para o mesmo dia e horário, sendo assim a gente decidiu armar o som na rua mesmo, ao lado do acarajé de Regina. Foi insano

Graças a Jah, a Brust e a Jane consegui chegar no aeroporto a tempo e embarcar a bicicleta foi bem mais simples do que eu imaginei. Não foi preciso desmontá-la, apenas esvaziar os pneus (recomendado devido à variação da pressão atmosférica que poderia causar algum estrago). Já o desembarque... fiquei uns bons minutos esperando sozinho minha bike, que não poderia sair pela esteira e depois tive que encher novamente os pneus pra partir de Guarulhos rumo a Sampa.

Há um tempo eu venho desenvolvendo uma técnica de “não stress” e a melhor maneira de se conseguir isso é mantendo a calma mesmo que isso mate lentamente, afinal eu creio que não faz sentido algum ter pressa pra morrer, a menos que você seja um suicida, mas isso é uma outra viagem. Na minha jornada rumo ao centro eu tinha em mente apenas a memória fotografada do Google maps, mas na legenda de minha memória não tinha nenhuma dica pra alguém que anda de bike pela marginal Tietê, que mesmo num sábado tem um trânsito irritantemente incessante. Pra me poupar do stress eu tive a brilhante idéia de ir beirando o rio, numa estrada de terra que acompanha quase toda sua extensão, mas nessa trilha não havia como se atravessar o rio e eu tive que pedalar de volta alguns quilômetros e esperar algumas horas para conseguir atravessar a pista num frio de rachar. Só consegui sair da Marginal às 19h, sendo que eu estava na estrada desde as 15h. A única coisa de bom nisso foi as duas famílias de capivaras que eu encontrei vagueando pela trilha.

Pra ficar ainda mais formidável, quando eu já me sentia feliz por ter saído do caos da Marginal o pneu da bike estourou. Por sorte avistei um posto de gasolina no qual eu pude ver bem o estrago no pneu e, por não ter como repará-lo, decidi tomar um TX. Paulinha me esperava aflita com minha maluquice de ir de bike de Guarulhos até o Centro de São Paulo sem conhecer bem a cidade e minha demora não foi pouca.

Apesar de todos os contratempos eu me sentia bem disposto pra emendar uma farra, mas era muito cedo pra curtir uma balada e o frio não era convidativo pra uma cerveja na esquina. Então “almoçamos”, colocamos o papo em dia e bebemos um vinho com uma colega de trabalho de Paula que foi visitá-la.

Depois do vinho fomos pra Augusta encontrar Nandy que estava acompanhada de uma garota que foi morar em Sampa há alguns anos e eu não a via desde então, Stella, e mais alguns amigos delas super divertidos. O bar tinha uma cachaça de banana esplêndida a qual a gente consumiu alguns litros que fizeram vítimas logo cedo, mas como eu não sou covarde resisti bravamente até o bar colocar a gente na rua gelada.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Dicionário da Mitologia Grega

Uma vez em 1987 eu descobri que, na mitologia romana, "Puta" era uma deusa que presidia ao corte das árvores. Eu não tinha nenhuma educação ecológica na época e isso a mim não queria dizer porra nenhuma. Eu gostava é de explicar isso pras meninas e ver a cara delas de "o que, menino?", mas ao mesmo tempo eu descobri que "Dionísio"(ou Baco) era o deus grego do vinho e do delírio, e isso era uma referência importante, pois o vinho era a base da minha dieta líquida, que detestava cerveja até 1990. Grande parte culpa de uma cerveja chamada "malt 90", mas foi bem ali no comecinho da década de 90 (quando ela não era mais vendida) que eu comecei a virar mestre cerevejeiro e também ali a minha fonte de informações divinas, o "Dicionário da Mitologia Grega", foi emprestado a um amigo que, como eu adora cerveja.
É confuso até mesmo pra mim imaginar o quanto minha maneira de ver as coisas mudou desde esse tempo, afinal, 20 anos não são 20 dias e assim como as ruas mudam, as pessoas se transformam. Antes eu cria na mitologia, no Olimpo, depois veio uma sucessão de evangelismos insanos até me tornar no que sou hoje, mesmo que eu ainda não saiba muito bem definir o que é, o fato é que minha saudação a Dionísio nunca deixou de ser feita, mesmo na ausência do dicionário que voltou pra casa apenas hoje, ou na falta de alguma fé. Hoje eu tenho fé, não sei dizer, mas sei explicar a que, e essa fé é infalível, pois nos diz que devemos  manter a calma e seguir em frente, e ter resignação.
Fico puto às vezes quando me lembro a quantidade de calangos, sapos e outros animais de pequeno porte que eram vítimas de minhas badogadas. Além das árvores riscadas e açoitadas que as deusas "Putas" não  apareciam para me impedir. Hoje eu tenho uma outra educação ecológica e sei que cometi alguns pequenos crimes ambientais, mas tento me redimir todos os dias.
Esse brother que estava com o léxico ficou entre a vida e a morte. Perdeu 60% de massa encefálica. Olhar as marcas em sua cabeça não é uma visão de toda agradável, mas olhá-lo falando, andando, se comunicando e sendo aquele mesmo brother de minha memória de 20 anos atrás transmite felicidade, é praticamente ter a prova da existência de coisas que estão além da racionalidade.
Hoje eu vou tomar um vinho em homenagem ao retorno do meu dicionário, em homenagem à minha nova visão, em despedida de Pericity com idade velha, pois meus próximos pôr do sol até meus 37 serão longe daqui, em homenagem à saúde dos meus amigos e, claro, a Dionísio, nosso brother da segunda geração dos Olímpicos. 
Sei lá! 
De repente vou só comer água. 

P.S.: Um SJ Safra de 82 ia ser superlativo.

Ainda seremos macacos outra vez


Eu sei que isso pode parecer tolice, mas é ótimo se sentir parte da natureza.

São Tomé, 11/08/2010

Se chegue

Nome

E-mail *

Mensagem *