domingo, 28 de setembro de 2014

Tempestade de Marte


O que eu posso dizer de Marte? É vermelho, pequeno e aparentemente nervoso, talvez até hostil, inóspito, sei lá; quando estou lá não quero ir pra lugar nenhum, isso é certo. Quando no meio de um temporal meu playlist aleatório começou a tocar Nietzsche, a última canção do EP Marte, era isso que eu queria fazer ou estar fazendo. Queria continuar ouvindo as canções de Marte até que o temporal se fosse, ou que eu morresse talvez;  queria estar em marte ouvindo cada canção com uma enorme dose de qualquer birita barata. Talvez fosse nisso que Oreah e Cia estivessem pensando quando deram nome ao disco, vai saber?
Eu tinha que escutar o EP inteiro (tirei o modo aleatório) e justamente a música melhor para se encarar um temporal era a primeira música do disco, ainda mais encharcado como eu já estava, de bicicleta, sem saber exatamente onde estava indo e louco para estar fora desse planeta terra inundado e cheio de automóveis, ônibus, caminhões...argh! "andando sem direção sem sua luz pra me guiar..." O que seria de mim sem a Declinium no meio daquele maldito temporal de primavera? E "...quando a tristeza, bem sorrateira me abraçar..."? (1 - A espera) Deixar o desespero me dominar? Nunca! Aumentar o som e encarar a cidade pouco convidativa para se estar sem destino ou numa volta turística. 
A medida em que eu avançava a chuva caía com mais vontade e a cidade ia se alagando mais e mais. Atravessei o comércio e "essa nuvem cinza... ainda insiste em me seguir..." Cantava Oreah e eu "sem motivos sem meias lembranças..." louco para estar louco com qualquer pinga ou de gardenal. "Sem culpados, sem pecados... quem errou foi você(Marieta) e foi eu..." (2 - A canção da despedida)  #Maldita primavera!
Não era apenas andar de bicicleta na chuva ouvindo uma música bacana, isso é fácil quando se está feliz. O que tornava tudo mais estranho era que estava feliz exatamente por causa umas músicas de   "rock triste", como costumam dizer o povo do rock. Não quero fazer aqui uma analogia de uma tempestade com um disco de rock, o que a música representa para cada pessoa é pessoal, intransferível e ninguém jamais vai saber como eu me sentia angustiado e feliz ao mesmo tempo naquela situação, como se o mundo pudesse acabar e nunca mais eu fosse encarar a incerteza de um futuro desconhecido.
Na t?erceira música do EP eu já não estava mais sob o efeito do temporal, pelo menos o meu corpo não se sentia mais parte daquele inferno e agora eu era apenas um cara tentando me encontrar. pensando em alguém, um amor perdido, talvez, um pouco mais angustiado, mas não com a chuva e a cidade: "fecharam-se as portas, não há mais o que contar... ficaram as memórias... resquícios de sorrisos..." (3 - Ela se foi) 
"Hoje só quero esquecer de mim..." era o que eu devia estar pensando quando resolvi sair de casa, mas naquele momento, já quase anoitecendo, tudo começava a ficar mais claro e eu tinha a certeza de que meu coração era marte. Apesar de nem por um minuto até o disco acabar a chuva ter dado alguma trégua meu sol clareou quando o EP Marte começou a tocar. O dia amanheceu cinzento e eu tinha todos os motivos do mundo para não querer por a cara na rua, ainda mais de bike. (4 - Marte) "Quero um outro caminho, quero estar sozinho, quero outra estrada outra caminhada pra poder escapar.... e daí então eu posso morrer... e daí então eu posso ver deus..." Sei lá! Talvez deus seja mesmo uma teoria muito complexa pra minha mente em estado sóbrio de bêbado, roqueiro, imundo e suburbano, mas se ele realmente pode estar presente em nossas caminhadas, ele estava em minha pedalada fazendo de uma chuvosa tarde melancólica com músicas melancólicas uma tarde feliz. (5 - Nietzsche)
Quando cheguei em casa à noite e tirei as roupas, chapéu, sapatos, os papéis molhados da reunião que eu fora pela manhã, ainda pensava em Marte e no quanto a Declinium me faz ter mais amor a esse mundo e a tudo que me dá vontade de morrer. Qual o sentido de ter saudade? Qual o sentido de ter ódio? Eu só consigo ver sentido em estar feliz e em fazer alguém feliz. Geralmente, mais felicidade do que a gente está disposto a dar acabamos por receber do céu.

domingo, 21 de setembro de 2014

A chegada da primavera

Me sinto meio fraco e covarde. A cerveja nunca pediu a ninguém pra ficar em casa numa bela manhã de primavera, muito pelo contrário, o certo mesmo era sair e encher a cara para celebrar a chegada das flores, o amor e as coisas boas da vida, mas depois de um porre o corpo (velho) amanhece cheio de problemas.
Tento me recompor como antigamente abrindo outra cerveja pra ver se me animo a sair, mas lá vem novamente o pensamento do "velho": "tenho cerveja em casa vou sair pra que?" E fico aqui ouvindo música, navegando na internet, escrevendo e trabalhando um pouco. Escrever aliás tem sido raro, mas eu prometi a mim mesmo que nessa primavera eu mudaria meu... (como é mesmo a palavra?)... 
Escrever e compor é tudo que eu me prometi fazer nessa primavera para que no verão eu possa ter alguma paz de espírito. (Força, Preto!) É horrível se sentir fraco. Se o cara não acorda pra beber num belo domingo de sol ele é um fraco. Se ele não sai de casa porque se sente fraco ele é um covarde e é isso.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Quero saber se meu time vai ganhar domingo

Lendo uma matéria sobre a confusão causada pela torcida independente na venda de ingressos para o próximo jogo, aliás, a falta deles foi que causou os problemas, jogo que é quase uma final de campeonato, pois vai dar "moral de campeão" a quem vencer foi que eu pensei na minha sorte de ser um são paulino baiano. Mas na verdade eu ia gostar de estar no estádio, só não gostei da confusão, foi o que eu quis dizer. O "bom" de poder assistir ao jogo num bar, em minha casa, em casa de algum amigo, com cerveja, chá e água mineral me deixa mais feliz do que tudo.
O São Paulo esse ano não tem me dado muito motivo pra confiar na vitória com casa cheia, porque os caras não conseguiram ganhar do coritiba nem do chapecoense, mas torcedor é torcedor e eu torço por 2 gols de Ganso, 1 de Pato e 1 de Pavón só pra sacanear e poder dizer que o time tá voando baixo. (Sei lá!) Acho que é como poder dizer que as coisas finalmente voltaram ao seu normal desde que eu sou são paulino, lá pelo começo da década de 80, os times de Getúlio, Oscar, Dario Pereira, Renato, Zé Sérgio, Mário Sérgio. Eram tantos jogadores fantásticos que dava gosto de assistir. Quando veio o Telê então era muito fácil ser São Paulo. O time de quarta-feira em certos momentos parecia que tinha me levando de volta aos 15 anos e estava vendo a seleção de Telê, é sério mesmo!
Futebol é como música e não sei porque tem gente que não vê graça em ver belas jogadas. É como uma orquestra que de vez em quando alguém faz um solo. Quando tudo está afinado é bonito. Quando sabem jogar ou tocar e o fazem com amor, respeito ao instrumento e ao espetáculo em si; o palco; a platéia: o adversário e, ou companheiro é esplêndido!
Se o meu time ganhar domingo será quase como ganhar o título, pois mais importante que o Campeonato é ver um time que joga merecer a vitória. É uma espécie de orgulho imbecil, eu sei, mas torcedor é ser humano e animal com maior talento pra esse tipo de coisa, a "Mentis Imbecillitas",  é o homem. 
Tem gente que me enche o saco há mais de 30 anos por ser baiano e torcer pro São Paulo, e por não torcer por nenhum time no estado que eu nasci, como se a gente fosse capaz de gostar de futebol e associar isso a algum tipo bairrismo. Isso é coisa de torcida organizada, como a independente, que causa confusão (como a de hoje) onde passa, porque ALGUNS acham que tem mais direito a qualquer coisa mais que o torcedor dito comum. E de certo modo merece, porque muitas torcidas, como a Independente, carregam o seu time nas costas.

Se chegue

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