domingo, 22 de abril de 2012

Blogger life 14


Últimos ajustes para Guanambi.

Amanhã tô partindo deSSA cidade rumo ao XXII Passeio Ciclístico de Guanambi organizado pelo Rotary Clube da cidade e que é o maior encontro de bicicletistas do Brasil, quiçá da América Latina. Tenho muito o que ajeitar, mas se eu aprendi algo em minha vida foi que não se deve ter ansiedade para nada. Ansioso eu tenho insônia, esqueço detalhes importantes, me preocupo com coisas sem importância. Isso não tem nada a ver com ninguém, talvez, mas a tranquilidade é a única coisa que importa.
A vida está completamente às avessas, mas eu tenho me mantido calmo e sossegado em minha busca pela vida menos ordinária, mesmo sabendo que à minha volta pessoas dão por certa a minha chegada na terra da insanidade. É uma droga isso para elas, mas um dia, quem sabe, eu as ensine algo sobre como ser feliz em meio a um monte de merda. Espero que isso não seja necessário e que cada um encontre sua própria felicidade sem mais se preocupar com a desgraça alheia, mas também tô ligado que existe uma grande diferença entre a opinião geral e meu conceito de felicidade.

Esses dias tava rolando um debate no facebook sobre o uso ou não do capacete por ciclistas. Eu nunca vi ninguém cair da bike de cabeça no chão, mas já vi inúmeros caindo com as mãos, cotovelos, joelhos...
E olhe que eu ando de bicicleta há um tempinho... Uma vez eu mesmo caí de cara no asfalto, tava sem capacete e o boné amorteceu o asfalto em minha testa, fiquei com um galo que não tinha mais tamanho, fora isso ralei metade da cara e do resto do corpo. talvez o capacete evitasse a pancada na testa e minha recuperação fosse mais fácil, mas essa é uma daquelas coisas que fica no reino das possibilidades (aquelas coisa do "se": "se eu estivesse de capacete", "se eu não tivesse bebido vodka", "se eu tivesse freado"...), o que eu sei é que depois disso eu caí novamente outras vezes, e já tinha caído muitas vezes antes, e nunca bati minha cabeça onde quer que fosse em nenhuma outra queda. Tênis, luvas, cotoveleiras e joelheiras são itens básicos de segurança para o ciclista, na minha opinião, o capacete é um item secundário (viajo sem capacete). Não tenho mais nada a acrescentar sobre isso.

Futebol e imbecilidades

Em todos os lugares onde tem homens conversando, o assunto Lionel Messi aparece. Parece até uma praga. Messi nunca será maior que Ronaldinho Gaúcho como podem insistir em compará-lo com Neymar? Pelo que eu já vi no futebol acho que o argentino ainda tem muito o que fazer para se tornar grande, mas admito que ele já fez muito para um jogador argentino, fez mais que Maradona fora das copas do mundo e me lembro que em 82 o tal "Craque Argentino Melhor que Pelé" conseguiu ser expulso contra o Brasil. Com 8 anos eu já sabia que ele nunca seria imagina se agora, depois de tudo o que eu vi, eu não tenho condições de falar sobre futebol no meio de um monte de malucos? Se ele sair do Barcelona o time continuará grande favorito a todos os títulos, já ele dependerá da equipe que for jogar ser excelente. Vejo o Cristiano Ronaldo acabando com tudo em Madrid, mas infelizmente é um time contemporâneo ao fantástico time do argentino e nós sabemos como o mundo trata os vices.
Vejo o vitória se vangloriando de ganhar 8 em 10 campeonatos bahianos nas últimas, mas ele nunca chegou a ser um time grande, assim como o vasco da gama. Acho que a mentalidade de sua torcida faz a grandeza de um clube. Torcidas de vândalos não podem ser coisas sérias e quando a torcida aparece mais do que o clube é sempre sinal de coisa ruim, portanto eu nem vou responder ao que um imbecil me falou sobre o São Paulo enfrentar o vitória em uma possível semi-final de copa do Brasil. Do jeito que esse povo tem a mente derrotista é capaz de perderem os jogos em lances polêmicos só pra poderem passar o resto da vida no terreno das possibilidades que eu falei lá no começo. Aliás, "putatimezinhoazarado" esse vitória: nas duas vezes que podia ser campeão nacional enfrentou na final times extraordinários (aquele palmeiras parmalat e esse santos de Neymar), parece até o real Madrid, só que eles nunca tiveram um craque digno de nota (exceto Dida). Chega de falar de futebol.

P.S.: Preciso me concentrar pra não esquecer de levar nada nem levar coisa demais.

Desejem-me sorte, eu lhes desejo tudo de bom!

terça-feira, 17 de abril de 2012

Tiê Sangue


Esse pássaro da foto provavelmente fora atropelado por algum veículo em alta velocidade, mas nem posso culpar aos motoristas pois as aves dão vôos rasantes pela pista e acidentes como esse são inevitáveis até para uma bike, mas os bichos ainda tem alguma chance de desviar de uma bicicleta, já de um veículo a 140km/h...



Quando eu era pequeno lá em Santo Amaro, minha diversão era ficar tentando pegar um pássaro desse. Minha técnica era bastante simples: eu badogava neles com siriguela. Na minha cabeça imbecil, uma fruta não era dura o bastante para matá-los, mas o que os mantinha vivos mesmo era minha pouca fé em acertar além de serem pássaros deveras ariscos.
Uma vez deu certo e eu acertei um filhote. Por pura sorte(?) o coitado não morreu e caiu tonto no chão. Peguei-o e coloquei numa gaiola e passei a criá-lo.  Ainda o trouxe para Salvador e ele ficou até quase se tornar uma ave adulta. Foi amansando com o tempo e era possível até deixar a gaiola aberta que ele não fugia. Uma vez eu soltei ele na cozinha aqui de casa (com tudo fechado, claro) para ver se ele já sabia voar, mas o sacana só ficava me olhando e abrindo o bico. Eu não sabia se era macho ou fêmea, mas torcia para que fosse macho, pois possui a coloração mais viva (como esse da foto). 
Um, belo dia, num vacilo de não se sabe quem, ele saiu da gaiola e foi parar no chão, sendo trucidado pelo cão daqui de casa que agora eu não me lembro qual na época (acho que era Scott, um pastor belga). Eu não estava em casa quando aconteceu a desgraça, mas ainda pude ver seu corpo todo perfurado sendo devorado pela formigas. Podia jurar que ainda estava vivo quando o vi e deu seu último suspiro, mas pode ter sido apenas minha esperança.
Enterrei-o onde hoje existe um pé de sapoti, coincidentemente em Santo Amaro também tinha um pé onde Sangues-de-boi, Sanhaços, Sabiás e outras aves faziam a festa todas as manhãs.
Não sei como expressar a minha tristeza por tudo isso. Eu era uma criança que atirava em pássaros e além de tudo ainda os queria perto de mim em uma gaiola. Eu nem posso acreditar que hoje sou tão contra isso. Acho que foi depois da morte desse filhote eu passei a mudar minha relação com os passarinhos. Ainda criei alguns, mas soltei a todos no fim, menos um canário belga que não sobreviveria livre e que acabou morrendo na gaiola.

Os pássaros são lindos
Lindos são livres
Livres eles são como deuses
Os pássaros são lindos

sábado, 14 de abril de 2012

Blogger Life 13

Tem um gato preto que vive me esperado na mesma esquina sempre que eu chego de bike tarde da noite. É na esquina da Cesta do Povo aqui de Pericity e parece que basta ele me ver apontando lá da praça que o bichano se acomoda na esquina e vem cruzar meu caminho. Sexta-feira 13 eu não passei por lá.
Semana passada foi muito agitada, além da páscoa, na quarta eu tive que me despedir de uma amiga que eu estava ciceroneando há uma semana, quinta teve o aniversário de minha segunda mãe, Dona Enice Bicalho, o qual imperdoavelmente eu não pude comparecer, porque na sexta tinha 9ª Volta do Recôncavo e eu tinha de providenciar tudo para viajar em 24 horas. Não sei se é desculpa para minha falta ao aniversário, mas o fato é que eu não pude ir, cheguei até a me arrumar, mas não deu e fim.
A semana antes da volta foi completamente louca, descontrolada e sem noção. Minha aversão a veículos motores tá f*dendo o planejamento de qualquer coisa e algumas pessoas estão enlouquecendo com isso, mas não há nada que eu possa fazer. O barulho me irrita, a fumaça me agride e a falta de bom-senso das pessoas dentro dos seus automóveis ou mesmo dentro dos ônibus é algo que eu não faço questão de paricipar. Isso é "antissociedade".

Falando da 9ª Volta do Recôncavo

Acordei às 4h pra pegar Britanny Marieta e cair no mundo, mas quem disse que eu  estava preparado? Queria levar o violão, mas não dava, peguei uma rede emprestada para levar, mas esqueci, tinha a mochila arrumada para passar uma semana fora de casa, mas a desfiz porque achei que tava "viajando" demais. Resultado: não levei nenhum short além do que foi no corpo, nenhuma calça, saco de dormir, lençol... mas cueca eu levei, 3.
Saí de casa quase 5 da manhã, liguei pra Claus que também iria junto com Rafael, achando que estava pra lá de atrasado, mas para minha surpresa a equipe que saiu de Paripe chegou na suburbana ao mesmo tempo que eu. Melhor assim que fomos todos juntos até o Ferry-boat e mais ainda porque evitamos a fila entrando todos pela área de hora-marcada, mas pagando os 15 reais de cada bike para entrar. (Quero deixar aqui meu repúdio contra a cobrança da taxa de bike, pois em nenhum dos Ferrys, mesmo nos mais novos, não há um local adequado para colocar as magrelas.)
Do outro lado tivemos que esperar a Lúcia Saraiva e os Amigos de Bike, que estavam na fila convencional desde às 5h e perderam o ferry que nós pegamos "nas manha". Foi o tempo de fazer umas compras básicas no bompreço e também de comer algo já que eu não tinha tomado café manhã.
A fila era imensa, bem diferente do ano passado em que a chuva fez o povo correr da ilha. Dessa vez a volta foi debaixo do maior sol de verão. Entre esperas e desencontros o que eu posso falar da 9ª Volta do Recôncavo é que quando estamos entre amigos nenhuma dificuldade pode nos parar.
No primeiro dia não tivemos nenhuma ocorrência, nem mesmo um pneu furado. No segundo dia o meu pneu  e o de Lurdinha (amigosdebike) furou, e Rener acabou entrando em Maragogipe por engano tendo que ser resgatado por Luciano (Jurássicos), além de um problema no pedal da bike do próprio Rener que foi resolvido em Cachoeira depois de um chá de espera na oficina e de muita confusão na feira por conta de um ferro de solda para o LED de Isaías. Mas nada abalou a nossa fé.
O banho na Cachoeira do Saco nas proximidades de Santo Amaro foi revigorante e seguimos para o sítio da Tia de Luciano para lembrar o verdadeiro sentido da vida em duas rodas.
No terceiro dia, que deveria ser o mais leve, foi o mais desgastante: 1º por causa do sol escaldante, 2º por causa da bike de Rener que quebrou novamente, 3º porque os apressados estavam loucos para comer a moqueca de Marize em Tubarão e isso gerou um certo desgaste mental, mas quer saber? Foi esplêndido!
Chegamos em Paripe por volta das 16h, exaustos, sedentos, famintos, mas com a alma renovada e pronta pra encarar mais 362 dias no inferno metropolitano até a próxima volta. Só fui voltar pra casa depois das 23h encontrando o meu amigo gato preto na esquina.

Bahia de Feira 2 x 5 São Paulo

Quarta-feira (11) era dia de ver o tricolor em Feira de Santana. Graças a uma desistência de última hora e a uma mão salvadora de uma amiga, na terça eu confirmei minha ida no busú da minha torcida (Sampa SSA). Eu ainda cogitava a possibilidade de ir pedalando até Feira, mas não tinha mais ingresso desde a semana passada. Felizmente tudo deu certo(sempre dá quando se tem fé) e eu fui ver a goleada fabulosa.
Fui de bike até o Extra Paralela, local de onde saiu o busu e deixei Marieta dentro do carro de Paulo. Teria que voltar de lá de bike porque  o jogo acabaria perto de meia-noite e a gente ia chegar de madrugada. Não tinha ninguém pra me dar carona e busu não existe nessa cidade após certo horário, além de minha aversão.
O jogo não poderia ter sido melhor: fabuloso cavou pênalty, fez 2, Lucas fez jogadas lindas apesar de não ter deixado o seu e parecia que estávamos jogando em casa. Foi lindo!
Na volta, 2:30h da manhã, um lanche na Subway do Extra e o pedal de volta pra casa só com Marieta. Pensei que estava vivendo no melhor dos mundo, foi um momento de iluminação e paz que não conseguia compreender. Podia estar preocupado, porque saí de casa às pressas (pra variar) sem câmera reserva, sem kit de colagem, sem bomba de encher pneu e com o celular descarregado. Estava feliz como se estivesse retornando da Final da libertadorres de 2005. Rezei, orei, pedi ao universo pra me proteger nessa vulnerável volta pra casa solitária, mas estava me sentindo no melhor dos mundos: Av. Paralela, Av. Luis Eduardo Magalhães, Av. Suburbana, só pra mim e Marieta.
Cheguei em Pericity advinha quem eu encontrei na esquina da Cesta? Ele, o gato preto. Quase parei pra conversar com ele, mas achei melhor não abusar da sorte.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Blogger life 12

Acontece tanta coisa em uma semana que não dá pra contar tudo em uma postagem, mas eu vou tentar.
Sei que todos os dias nascem e morrem gênios e tolos.
Sei que algumas pessoas são mais importantes que outras.
Sei que um dia todos terão o mesmo fim.
A última semana de março foi uma das piores para a cultura brasileira, devido à morte de dois dos nossos maiores gênios: um gênio humorista, poeta, compositor, dramaturgo: Chico Anysio; o outro desenhista, humorista, poeta e mais além, um gênio literário: Millôr Fernandes. 
Talvez eles tenham sido as figuras mais importantes do nosso jeito brasileiro de ver a comédia da vida. Acho mesmo que muito de nosso sarcasmo foi adquirido depois da entrada deles em nossas vidas cotidianas, seja com os programas humorísticos, ou com as tirinhas de jornais e revistas tão apreciadas quanto esclarecedoras do mundo que nos cerca. Piadas de uma profundidade crítica imensurável (vide o lançamento da Revista Bundas em 18 de junho de 1999), mas que para a  nossa maioria ainda há de fazer sentido daqui algum tempo.
Bento Carneiro, Coalhada, Professor Raimundo Nonato foram meus personagens favoritos do Chico Anysio. Isso era humor brasileiro, acessível e inteligível a todos pela sua simplicidade e quase inocência, mas que jamais perderam o seu cunho crítico. Chico não foi simplesmente genial ele em alguns momentos poderia ser mesmo Deus tamanha era a sua sintonia com o sentimento de todos. Queríamos rir de nós mesmos e não nos envergonhar de nossa "fudição", por isso ligávamos a tv para assistir ao Chico Anysio Show, Chico Total ou a Escolinha do Professor Raimundo. Agora ele fará suas apresentações em outra dimensão e certamente terá muito mais sucesso.
O Millôr estava mais presente em minha vida ultimamente devido ao seu site. Não vivi a época do Pasquim e nunca fui um cara muito de futucar o passado, mas quando ele se juntou com Ziraldo, Jaguar, Luis Fernando Veríssimo, os irmãos Caruso e mais uma pá de gente boa pra lançar a revista "BUNDAS" eu me senti fazendo parte de uma época de vanguarda humorística e quis muito que esses mestres das charges, do desenho, da crítica social e do humor (bem)escrachado, alcançassem com a nova revista (que era semanal e dificílima de se achar em Salvador) a importância histórica do Pasquim, mas acho que isso foi um sonho breve demais, pois acabou não durando muito.
A morte de ambos era esperada a algum tempo, pois estavam avançados na idade e a saúde deles não estava lá essas coisas, mas quando ela chega a gente não sabe o que significa, o que representa e como isso nos afeta, mas ela encerra um capítulo na história de todos.
Essa semana de perdas se encerrou com um show meio que de surpresa do Honkers no Rio Vermelho debaixo de um improvável temporal que trouxe a chuva que não havia caído o mês inteiro para fechar o verão menos rock'n'roll da história da banda. Machuquei o pulso, tomei choque, toquei encharcado, mas quer saber? O show não tinha importância e sim o aniversário de Sputter que foi no mesmo dia. Mas isso é tema para uma outra postagem.

domingo, 8 de abril de 2012

Viagem insólita - Salvador / Irecê / Poções

Quase 8 anos depois de minha irmã se mudar para a terra do feijão, finalmente resolvi ir visitá-la, digo, não resolvi apenas após esse tempo, claro, tive essa idéia diversas vezes antes, mas só pude de verdade no fim do ano passado quando ela já estava deixando a cidade. Ver meu sobrinho e meu cunhado também fazia parte do pacote. Eu os amo e nunca saberei como fazer isso ser claro (às vezes nada é claro nem para mim). Mas isso não importa. Eles estavam de partida para uma outra cidade e era a minha última chance de visitar o lugar onde praticamente começaram suas vidas e onde Pedrinho correu seus primeiros passos.
Pra começo de história para mim nunca é fácil sair de Salvador. Incrivelmente tenho milhões de compromissos quando quero me ausentar por um tempo e querer foi algo bem constante ao longo de 2011. Fiz algumas viagens bem "Gonzas", digo, algo como um louco a fim de viver histórias fantásticas, mas me dirigir a Irecê era algo que eu deveria fazer bastante sóbrio. Não queria estar loucão na casa de minha irmã, com meu cunhado "pulíça" e meu sobrinho pequeno, não seria muita sacanagem com eles? Também estava muito cansado de beber o tempo todo, acreditem, já estava pensando numa despedida e pretendia ficar em Irecê até 2012 chegar.
Como eu ia dizendo, nunca é fácil deixar Salvador. Na véspera da viagem a minha banda fabulosa "The Honkers" tinha a gravação de um programa "Vandex TV" e após isso a despedida de uma amiga que fez fotos maravilhosas da gente(Carol Miag), fora isso, na manhã seguinte eu ainda iria doar sangue para uma outra amiga e não poderia encher a cara, porque o paciente necessitava de sangue não de álcool. Era preciso estar no banco de sangue, de cara, às 8h da manhã e às 9:30 deveria estar na rodoviária. Motivos bastante simples para eu não estar muito feliz, mas foi assim.
Não pude, lógico, ficar na cachaçada porque teria que estar com sangue "limpo", mas tomei umas duas para me despedir de Carol Miag, que nos cativou, fotografou e encantou a todos sem nenhuma cerimônia. Uma verdadeira pérola que se escondia sob a fumaça de São Paulo. De nada adiantou esse sacrifício de beber pouco. No dia seguinte, no banco de sangue a demora em ser atendido não me deixou doar e a merda do trânsito de Salvador quase me faz perder o ônibus, mas no fim deu tudo certo.
O ônibus saiu às 10:15h e eu estava feliz e até bem disposto. Há algum tempo eu sentia minha tolerância a tudo ir para as cucuias e a causa única era estar na cidade grande tempo demais. Não consigo mais tolerar o "jeito prático" de se viver na cidade. Tudo o que eu enxergo é confusão, tudo o que eu ouço é barulho e tudo o que sinto é repulsa. Mas não é pra falar disso que estou escrevendo.
A viagem durou intermináveis 9 horas, mas não foi cansativa, longe disso. Eu tinha, para ajudar a passar o tempo, Dostoiévski (O Adolescente) e meu mp4 que deu problemas, mas consegui ouvir até o fim da bateria (após isso ele morreu pra sempre e hoje serve apenas de pendrive). O ônibus fez inúmeras paradas e a cada parada eu me levantava para esticar as pernas (em qualquer veículo motorizado elas são duramente castigadas pelas poltronas com medidas para pigmeus. Eu não tenho nada contra os pigmeus, mas minhas pernas também não são nenhuma aberração, não sei porque tenho que sofrer tanto...).
Em Baixa Grande, numa dessas paradas, subiu um senhor de seus 70 anos carregando um painel solar ao ombro. Aquilo devia ter 1,30mx70m e pesar uns 40kg, mas ele não demonstrava cansaço. Entrou sorridente e conversador e foi achar lugar justamente ao meu lado. Ajudei-o a se acomodar com seu trambolho e logo entabulamos animada conversa. Contou-me que tinha trazido o painel para consertar, mas o rapaz da assistência lhe disse que se havia algum problema este seria na bateria usada para armazenar a energia, seu painel estava ótimo. Segundo me contou, teve que caminhar 8km, atravessar cercas e porteiras com aquele troço às costas até chegar na BR e agora faria o caminho de volta. Várias fazendas da região utilizavam a energia solar para suas casas e cercas elétricas. Ele contou várias histórias. Uma sobre um grande fazendeiro da região, um tal de “Nilo não sei das quantas”, que após destruir quase toda a mata nativa em sua propriedade e ser impiedosamente multado pelo IBAMA, proibira a caça em suas terras, ameaçando aos caçadores de morte, o que causou um grande efeito nos moradores da região. Mostrou-me grandes faixas de mata desmatada transformadas em pasto, e até vimos algumas cabeças de gado. Foi uma conversa breve, porém deveras aprazível. Nem deu tempo de lhe perguntar seu nome, mas foi uma verdadeira satisfação trocar ideias com pessoa de cultura tão peculiar e de educação tão rara.
Cheguei em Irecê e minha irmã foi me pegar na rodoviária com o pequeno Pedro. Fiquei um pouco chateado comigo mesmo por não ter lhes levado algum presente (sou um leso mesmo, fazer o que?). Ele não sentiu falta, nem mesmo demonstrara alguma frustração. Seu sorriso, e que sorriso!, tímido, logo cresceu. Ao chegarmos em casa brincamos como se estivéssemos juntos a vida toda. A parceria é forte. A casa estava quase vazia, tudo empacotado e apenas o básico do básico estava fora das caixas: TV, dvd, cafeteira, coisa de cozinha...
Não ter levado a bike e o violão foi outro mole, mas, como da véspera da viagem eu não retornaria em casa, e saíra com sacola e baixo, não daria, de jeito nenhum, para levar as coisas todas, ainda mais de bicicleta, e de todo jeito eu não sabia ao certo quantos dias eu ficaria em Irecê, para onde iria depois de Poções e quanto tempo eu conseguiria ficar longe de casa. Pelo menos o notebook coube na bagagem.
A primeira manhã em Irecê foi de alta adrenalina. Jogando bola com Pedrinho no quintal, consegui chutar por sobre a lage dos fundos. Não tinha escada e eu tive que escalar pela grade enferrujada enquanto a moça que cuidava de Pedrinho observava meio receosa, meio que se divertindo. O medo em nenhum momento pairou sobre minha alma, mas eu podia senti-lo nos olhos que me olhavam. Na verdade eu nem sei se era medo mesmo, mas havia algo de muito estranho que não vinha de mim. Graças a Jah consegui subir e pegar a bola, e descer também, que não foi uma tarefa mais fácil que subir.
Depois da aventura na “lage do pânico” eu tratei de ir encher o pneu da bike de minha irmã, uma caloi poti com cestinha e tudo, mas sem cadeira para criança, o que me impediria de levar Pedrinho para um passeio, mas tudo bem. Fui encher o pneu para dar uma voltinha mais tarde. O fato de lá ter mais carro que pessoas me deixou de alerta ligado. “Carros malditos!”
Descobri, pra meu desgosto, que, apesar de não ter um pagode tocando nas alturas o tempo inteiro, Irecê é mais barulhenta que Periperi. E quente... Putacidadequentedocaralho!!! Era muito melhor passar o dia inteiro em casa com Pedrinho assistindo backyardigans. Sem sombra de dúvidas.
A babá de meu sobrinho sempre ia embora após o almoço e éramos apenas nós esperando mamãe(minha irmã), que tinha ido acertar os últimos ponteiros com o trabalho que abandonaria. Nós em tese, porque Pedro dormia lindamente depois de encher a pança, e eu ia escrever. Os dias seguiram meio assim até a sexta-feira: De manhã brincar até cansar, depois do almoço descanso. Vidas de reis.
Numa tarde, Cristina me levou pra dar uma volta pela cidade, para que eu pudesse conhecer e me localizar melhor nela. Aproveitei pra comprar umas cuecas e depois fomos até a casa que eles estavam construindo. Logo na entrada da rua avistei o bar mais legal de toda Irecê. “Tenho que voltar aqui de bike.” pensei imediatamente. A casa deles fica numa área nova que da cidade, onde futuramente será mais um bairro caótico, mas que por enquanto é um recanto de paz e tranquilidade para centenas de enormes centopéias.
Às vezes eu pegava a bike de minha irmã e levava Dostoiévski para passear: colocava o livro de 600 páginas dentro da cestinha e saía pedalando até quase fora da cidade, onde me sentava e pedia uma cerveja e começava a ler completamente ausente do mundo que me cercava. Apenas uma coisa me aborrecia: a cerveja era aberta lá no balcão e se eu não tivesse observado já da primeira pedida que havia uma chave pendurada lá, certamente iniciaria uma aula de como se servir cerveja, sem irritar os bebuns, mas não era necessário. Eu bebia calmamente e lia aproximadamente 10 páginas a cada cerveja. Tentei chegar no bar que avistara perto da casa nova, mas não achei.
Na sexta eu inventei de ir a um show, mas não era de rock. Eu jamais pensaria, em Salvador, em ir ver tal cantor, mas sabe como é o tédio da cidade pequena: a gente sempre procura algo que não está em lugar nenhum. Além do mais tinha encontrado uma amiga que há anos via e não comíamos água profissionalmente, pois seu marido é um mala. Felizmente ele não estava na cidade e lá fui eu para o show de Jauperi, com ingressos custando inacreditáveis 70 reais na área vip, que dava direito a cerveja e vodka até que o mundo se acabe. A bebida era servida em copos que logo formariam uma montanha. Os organizadores da festa compraram todo o estoque de cerveja de 1 litro da cidade e mesmo assim não foi o bastante, pois antes do final da festa não havia mais uma gota sequer.
O show era de Jau, mas a presença fantasmagórica de Xexéu foi realmente uma viagem. Seu filho, cujo nome eu não lembro, foi apresentado ao mundo axezístico insuportável. O “pivete” tem a mesma manha do pai para a coisa. Uma coisa horrível que cada litro de cerveja tornava ainda mais insuportável. Pra salvar a noite a festa também teve uma banda de poprock tocando, dentro da área vip, um repertório pouco mais interessante do que o palco principal. O lugar estava muito florido. Não tenho mais a comentar sobre isso.
No domingo meu cunhado resolveu dar o ar da graça e nós demos uma volta completa pela “night irecezence”, mas não houve nada que animasse muito, por ser domingo e por ter muito mais arrocha que o suportável a ambos. Na segunda-feira partimos para Poções. Foram 600km de chão com paradas em Iraquara, depois em Itaberaba, para um almoço na casa da mãe do Júnior (motorista que foi levando o carro de minha irmã).
Júnior é motorista há mais de 30 anos e se diz pronto para se aposentar. Nos seus tantos anos de serviço ele pôde acompanhar o desenvolvimento da chapada, construção de estradas, ligações a povoados outrora remotos, acessíveis apenas com montaria. Por vários anos ele ia e voltava, todos os dias, antes de existir BR 242, antes do parque, de virar reserva, quando tudo era ainda terra de ninguém. Fiquei imaginando tudo aquilo sendo re-povoado depois do fim do garimpo. “Ainda hoje aparece ruína de construções dos tempos áureos e muitos ainda encontram tesouros nelas.” me disse.
Poções à primeira vista era mais uma cidade de interior cheia de gente branca metida a besta, mas essa foi só uma impressão. Ainda não tive tempo de apreciá-la adequadamente, pois no dia seguinte estava retornando a Irecê para buscar Lara, a cadela, e a mudança. Cláudio tinha que resolver mais alguns negócios também e lá fomos nós.
Saímos no início da noite e chegamos pela manhã, depois de pernoitarmos no carro. Júnior tinha ido também dessa vez dirigindo um caminhão que descarregamos de algumas sucatas que trouxeram e carregamos com a mudança. Esse processo levou a metade da manhã. O caminhão se mandou de volta à Poções e eu aproveitei todo o meu tempo livre para beber. Não digo apenas beber, era beber para acabar com o calor, com a sede, com a fome e com o mundo. Tudo o que fiz depois de acabado o trabalho pesado foi me aplicar pesado em manter a “tampa” cheia. Cortei o cabelo em frente ao trabalho de Cláudio e, como ele demorava, fui beber no boteco da esquina. O véio do bar era gente finíssima, seu amigo, véio como ele, insistia em desafiar os caras que lá estavam para uma partida de dominó valendo a cerveja, mas segundo um dos caras ele já perdera da outra vez não pagou e queria perder de novo. Jogaram uma nova partida e o tiozinho perdeu novamente.
Fomos almoçar num dos points de Irecê, onde serve uma carne responsa. Depois do almoço eu só perguntei por um bar “profissa” para se beber decentemente numa tarde calorenta como no inferno. Fomos novamente ver a obra da casa nova e paramos num bar próximo à estrada(não aquele) para eu satisfazer minha vontade de me chapar, ficando cada vez mais imundo até alta noite. Falei besteira, toquei violão, filosofei, enchi o saco de umas meninas, conversei com o pai de uma delas e só sei que quando cheguei em casa, na casa antiga, minha única ação foi colocar o colchão no chão e apagar.
Acordei 4 da manhã, cheirando a sei lá que demônio e com o olho direito inchado. Tomei um banho revitalizador e clareador de ideias. Lembrei que tinha recebido uma ligação urgente quando estava bêbado, era “Paulinho DDD” me avisando que iria para Salvador e passaria por Poções para me dar uma carona de volta a Salvador às 10h. “Adeus ao plano de só voltar ao caos em 2012”. Ele Sairia de Conquista e planejava passar também em Jaguaquara para visitar alguns paraentes, mas não estava seguro de ir sozinho, pois ainda sentia alguma dor na perna acidentada há 6 meses.
Colocamos o restante das tralhas no carro, Lara subiu na mala e caímos fora de Irecê. Minha ressaca não era nada, mas meu olho, provavelmente por causa de um cabelo, ficou irritado vindo a desenvolver uma espécie de terçol, mas que eu conheço bem, não passa de um cravo dentro do olho. Assim que retornamos a Poções tentei ligar para o Paulo(DDD, Emílio, Paulinho) pra saber se ainda teria a carona, já que chegamos pra lá de meio-dia e meu celular descarregara na noite anterior. Assim que liguei o aparelho 6 mensagens apareceram e 4 eram de Paulinho. Ele ao perceber meu telefone sem sinal naturalmente achara que as mensagens chegariam. “Quanticamente, Paulo Emílio?!”.
Com ou sem quântica o que sei é que quando me sentei para almoçar o telefone tocou e era DDD dizendo que estava passando por Poções naquele exato instante. Disse-lhe onde me encontrar e após o almoço fomos buscar minha bagagem. Por alguma razão que eu ainda não sei como explicar, ao entrar tive que me esconder no banheiro pois um anjo triste baixou em mim e eu chorei copiosamente, talvez por nunca ter passado tanto tempo com meu sobrinho e saber que sentiria sua falta, talvez até por querer ficar mais um pouco, sei lá! Fiquei alguns minutos lá, só, pranteando.
A tristeza sempre me pega. Não tive mais tempo de curtir Pedrinho, não bagunçamos a sua casa nova, não passeamos pelas ruas enormes de Poções, não ajudei a arrumar a casa para o natal e não fiquei até 2012, mas com toda a certeza de todas as viagens que eu tive em 2011 essa foi a que me fez perceber com mais clareza o quanto eu estou ausente.

domingo, 1 de abril de 2012

O universo se expande, a mente se contrai e o pensamento se perde

Às vezes só preciso lembrar a minha idade pra ficar mais calmo e deixar de criar caso por tudo(ninguém muda da noite pro dia). Todo mundo(que me conhece) sabe como eu sou, o que gosto ou não, mas o que fazer quando alguém que lhe conhece "mal" quase que a vida inteira resolve de sopetão colocar sua integridade física em risco, causar-lhe um transtorno desnecessário?  
Um fim de semana desses eu fui testado em minha fé, minha paciência, meu bom senso, tudo por conta de um "amigo" que acha que eu devo estar sempre do lado errado, que eu sou alguma espécie de canalha. Não sei se foi minha recusa ao álcool, ou minha tranquila abstinência, o fato é que isso tem gerado cada vez mais desagrados com os "amigos bêbados". Assim eu fico longe do bar pra sempre.
Algumas pessoas inventam coisas a nosso respeito; de umas ficamos sabendo e rimos, de outras nem queremos saber, pois o que a gente não vê não existe, logo, não afeta. Temos a NOSSA história, a real, pra dar importância e se as histórias inventadas dos outros nos magoam os desculpemos por não serem honestos. Eu não tenho nenhum problema com a desonestidade dos outros, se eles duvidam de minha sinceridade, não é um problema meu. Ser honesto é muito difícil e nada glamouroso. (o glamour não tem nada a ver) Algumas pessoas só enxergam a merda em que se encontram quando são tratadas como lixo, mas eu não consigo, a menos que tenha muito motivo, e mesmo com um bom, é bem difícil pra mim, varrer alguém pra debaixo do tapete.
Temos que encarar, expor nossas idéias e, se ficar  pesado demais, pedimos pinico.(ou mandamos se lavar...)
Eu nem me lembro quando foi que eu deixei de me sentir ofendido com piadas a meu respeito: de onde eu moro, de minha pele, de minha voz, de meu cabelo, do tamanho, do cacete... só sei que depois de um certo tempo já não ligava mais porque sabia que as pessoas, principalmente os homens, tem a necessidade de se sentir superior ao próximo, é inevitável, isso as fortalece. Eu mesmo possuo certa altivez, o que hoje ainda é um mistério, pois sei que ninguém é pior ou melhor que eu . Cada um faz o que é preciso para seguir sua vida, se mentem, matam, roubam ou são fingidos não me diz respeito, não me diz nada.
Costumo falar que as crianças são os seres mais perversos do planeta, mas os homens é que o são já desde o berço. Se enxergam uma fraqueza em alguém a exploram até não poder mais, até que percam a força e entrem em desespero. Eu odeio isso, mas é como nós somos. Homens miseráveis. Precisaríamos todos nascer novamente num mundo diferente para entender que não precisa ser assim? Eu acho que não. Cresci e vi a criança que eu fui, o adolescente, o adulto, daqui a pouco estarei velho demais, cansado demais.
Lembro que algumas coisas eu já dizia e fazia desde a infância e coisas que não levaram a sério na época e hoje são consideradas importantes e até comuns. Eu não mudei tanto meu conceito de justiça desde que eu passei a me "entender por gente", mas deixei de considerar a possibilidade de ser injusto por simples maldade, ou para não ficar em desvantagem em alguma situação. Isso para mim é estupidez.
Estou cansado, estou farto, estou precisando desaparecer. Talvez uma cerveja resolva, talvez um vinho, um conhaque, talvez tudo isso não passe de balela, mas eu não posso mais querer em minha vida nada que não seja verdadeiro e simples.

Se chegue

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