quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Eu nunca me senti triste assim

O lugar era de uma beleza...
Inebriante pra quem gosta...
A vida no campo...
Pássaros de todas as cores e cantos...
Verdes de todos os tons...
Céu todo azul...
Um bicho tão manso...
Eu estava encantado.

Os olhos do Pássaro Preto eram pura tristeza. Mesmo agora, mais de um mês depois eu ainda não consigo esquecer aqueles olhos. Eu os vi, mas não os enxerguei logo. Estava contente por ele ainda ter olhos, antigamente se furava os olhos do pássaro pra que ele não pudesse ver ao seu redor, "pra ele assim aí cantar melhor" como cantava o rei do baião...
O pássaro, ali preso, imóvel, solitário, sua atitude, empinando o papo para cima e deixando o corpo vulnerável era como a de alguém que, vendo muitos livres à sua volta, cantando maviosamente, pedia para ser executado, pois não suportava mais viver aquela vida de cárcere injustificado. Qual foi o seu crime? Por que ele tinha que ficar ali para o deleite de seres humanos, seres sem nenhum coração? De alguma maneira aquele pássaro banal havia compartilhado comigo o seu sofrimento e eu não pude fazer nada para ajudá-lo, nada que pudesse me ajudar, nada além de me declarar contra o aprisionamento de aves.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Gimbo
(Jorge Ben Jor)

Tira gimbo de quem tem
E dá gimbo a quem não tem
Tira gimbo de quem tem
E dá gimbo a quem não tem
Maria cheia de graça
Venha me socorrer
Maria cheia de graça
Eu também quero viver
Eu quero ser malandro
Para ver como é que é
Pois malandro pra ser malandro
Tem que ter fé
Tem que usar a cabeça e o pé
Tira gimbo de quem tem
E dá gimbo a quem não tem
Tira gimbo de quem tem
E dá gimbo a quem não tem

Onde está o sentido quando só você não entende?

Tem gente que faz qualquer coisa por um bem
Tem gente que pra comer alguém é capaz de pagar qualquer preço
Tem gente que só quer comida quando quisera
Tem gente que não gosta de animais...
Têm medo por estes sentirem suas almas amedrontadas

Tem gente que não consegue lhe deixar em paz
Têm medo do abandono e da solidão
Tem medo do abandono, da solidão e da depressão

Abandona seu dinheiro porque ele não vai lhe alimentar
Foder não vai lhe confortar
Ter medo não lhe assegurar

Tem gente que não consegue lhe deixar em paz
Têm medo do abandono e da solidão
Tem medo do abandono, da solidão e da depressão

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O petróleo é nosso!

O povo brasileiro não está familiarizado com o próprio problema petrolífero. Temos um governo que não tem nenhuma capacidade de dividir a receita gerada com o combustível fóssil mais importante do mundo  e abundante em nosso território. O pre-sal é um marco na história extrativismo em nosso país, desde o seu surgimento, e não pode ser leiloado, como vem sendo feito entre os estados, ou divididos de acordo com modelos econômicos ultrapassados.
Não é preciso ser nenhum especialista em geopolítica para saber que o pre-sal não pode ser vinculado a este ou aquele estado, pois se será feita uma exploração a vários quilômetros da costa e de profundidade esse petróleo não é de ninguém, é da nação, é do povo que jamais pode gozar do usufruto de tudo que seu país produziu, produz e virá a produzir. Esse não é um estudo científico, isso não é um enigma. A soberania nacional não pode mais uma vez ser vilipendiada em prol de nenhum estado dessa federação, por nenhum motivo mesquinho, ou mesmo pelo raciocínio padrão do povo brasileiro, que é o de levar vantagem em tudo. Um estado não pode ser mais importante que o outro nessa questão. O território é nacional, o petróleo é BRASILEIRO.

"Be kind rewind"

Eu nunca fui um cara de poucos amigos, nem de pouca cerveja, nem de poucas festas e nem de nada que eu goste, pouco. Quando o assunto é comemorar, eu comemoro na altura da minha felicidade. Se fosse pra comemorar tocando, meus amigos tocariam comigo dias a fio... mas agora quando eu faço aniversário fico mais sossegado, pois a única coisa em que eu pensava, comer água até cair, não me traz mais tanta alegria, e eu não posso mais cair em qualquer lugar, sou um velho. A cachaça tem de ser na (in)decência.
Eu nasci na night, às 00:20min do dia 19 de agosto de 1973, domingo. Entre 1987 e 2009 a essa hora, nesse dia eu já estava "girando em alta", mas me aquietei. Ano passado eu viajei e quase não bebi no meu dia, esse ano eu andava meio assim, mas seria sacanagem não tomar uma com meus amigos mais chegados, no sossego de casa porque eu não queria estar em lugar nenhum na hora de cair. Esse ano às 0:30h, Eddie me ligou avisando que era hora de beber, pois é sexta-feira, é meu aniversário e sua filha, Lis,  nascera há poucos minutos. Eu estava voltando da merecida meditação na praia, depois de ter pego pesado da hora que acordei até às 22h...  tive que entrar em campo.
Bebemos profissionalmente até as 4h. Acordei na merda. A cabeça doía, o estômago embrulhava, os olhos ardiam. Passei a bela manhã do meu aniversário entre a cama e o banheiro, mas nunca fui cara de me acovardar e saí por mundo pra combater a ressaca com o melhor dos remédios, mas quem disse que eu conseguia beber? 
Fui na favela pra receber o abraço do Bruxo Quântico, pois sabia que ele não sairia de lá pra cachaçada nenhuma. Saí de lá, passei no depósito e peguei umas cervas, mas a cabeça não parava de incomodar. Nem mesmo o almoço ajudou.
Quando entrei em casa estava determinado a só sair se fosse pra buscar mais cerveja, mas ainda não cria que conseguiria beber quando meu irmão chegou com mais uma porrada de latinhas e como as dele já estavam geladas pouco depois eu "abri a sexta", o dia, e bebi até às 4 da manhã novamente, não bebendo mais porque a vizinhança reclamou do barulho, e ao sairmos para um bar aqui perto, os meus amigos ébrios queriam se pegar na porrada e a minha festa acabou. Mas eu tava satisfeito pacas. Não foi como eu cheguei a imaginar, tocando no Rio Vermelho de graça com o maior número possível de sequelados, drogados, bêbados e prostitutas. Foi tranqüilo até o fim da parte casa.
No sábado a ressaca era leve, mas um outro aniversário me devolveu ao mundo etílico: Andrezinho, também conhecido como Rapariga Galega. isso acabou com os planos de ir pro MAM, pois não poderia sair de sua casa enquanto houvesse cerveja, e o rapaz é exagerado. Acho que foi Eddie que me trouxe pra casa, porque no domingo de manhã eu não fazia idéia de como cheguei lá, mas tava ciente de que iria ao Parque da Cidade completar a "Mini-micareta Thilindão" com o mesmo Andrezinho. Havíamos combinado encerrar nossos aniversários em grande estilo.
Apesar da luminosidade do dia, meu espírito estava animado com a possibilidade de comer água novamente sem estar tentando me curar de ressaca (um fino em homenagem a isso). Na saída do Parque da Cidade o, sempre convidativo numa pós-manhã de domingo, Parque Júlio César era meu pastor.
Pra minha alegria, em frente ao Irineu(bar do pq. Júlio César) os caras abriram mais um bar, esse com Heineken de 600ml. Era mais do que eu precisava pra encerrar o dia. A galera ia pra Pituaçu e eu ia... sei lá mais fazer o quê, ia me fuder...
Cheguei em casa tão morgado e exausto que dormi sem nem sequer me importar com o jogo do São Paulo contra as porca-rosa. Acordei 22:30h com uma larica do tamanho do mundo e uma ressaca muito estranha. 
Fui na praça fazer um lanche. Fiz o pedido, paguei e saí, quando retornei a lanchonete havia fechado, pedi outro na lanchonete ao lado, que chegou poucos minutos depois, mas antes de eu terminar de comer o lanche da primeira lanchonete apareceu... comi. Fazer o quê? A galera estava em campo, comendo água em alta, e eu ainda beberiquei uns 2 copos. Depois de comer era hora do digestivo. Invadimos a casa de um e assistindo ao corujão com um bocado de doidos eu cheguei a maravilhosa conclusão que precisava dar um tempo. Saindo de lá 'inda bebi mais um monte no bar da Tia, com as portas baixas porque a polícia decretou toque de recolher às cadeiras da calçada.
Na segunda feira a chuva quis contribuir pra eu dar um tempo na marvada, me impedindo de ir a uma despedida com mais um monte de parceiro bom de copo, pena que em vão.  Me convidaram pra um chá das 18h e comecei mais uma sessão de descontrole, não me deixando nenhuma outra alternativa a não ser adiar o fim da "Micareta" pra terça-feira, dia de ensaio dos Honkers. Uma pena que fora adiado me deixando apenas o sentimento de depressão por ter exagerado tanto e ter que parar assim tão sem graça. Foi ótimo ter bebido tanto, mas era preciso mais que uma mega-bebedeira pra sacramentar minha revolução de um homem só. Eu não queria dar um tempo da bebida, nem de nada, só queria dar um tempo de mim mesmo.

Passeio Jurássico

A neblina que parece um mar
Um dia desse eu saí com meus amigos "Jurassic Bikers" pra um rolé por aí. Fomos pra Santo Amaro, minha terra natal, para a casa de uma tia de Luciano, um dos ciclistas do grupo que era composto, além de mim e ele, por Tetéu, Nadja, Tota e Marcelo.
Tomei uma queda por causa dos meus pneus(Corsa-pro) que não quiseram aderir ao asfalto molhado numa freada mais forte, me levando a bater no fundo da bike de Luciano, e ao chão, porém caí mais por medo de machucá-lo do que pelo acidente em si. Fora isso a viagem seguiu bem. Foi tranquilo apesar da chuva que caiu da hora que saímos do posto de partida, até a hora que deixamos a BR324, já no entroncamento de São Francisco do Conde/Santo amaro.
A casa da tia fica no município de Afligidos. Chegamos imundos, exaustos, mas eu estava especialmente feliz por estar no recôncavo, terra onde eu nasci e que sempre me traz boas recordações, além de o lugar ser de um bucolismo digno de José Lins do Rêgo. Descansamos, comemos e fomos dormir. o plano no dia seguinte era voltar pra casa, mas as bikes precisavam de algum reparo depois de tanta chuva e lama. Decididos passar um dia a mais.
Na manhã, ao acordar resolvi dar uma volta pelo pasto, subir um monte e observar o nascer do sol mais bonito do ano. Na descida aproveitei pra fazer umas imagens no celular, mais para testar o aparelho mesmo, e fui filmando tudo até a entrada na casa. na porta de entrada havia um pássaro Preto engaiolado, aparentemente manso, desses que a gente coloca o dedo entre os arames da gaiola e ele se chega para perto para receber o carinho das pessoas. (...)
Depois do café da manhã fomos a uma cachoeira espetacular chamada Cachoeira do Saco, próximo a Murutuba. Aproveitamos pra fazer uma pequena limpeza no local que tinha um monte de latas, garrafas plásticas e sacos espalhados por todo canto. Passamos por um trecho de transposição do Rio Paraguaçu que tinha uma ponte na qual o rio passava por cima dela e não por baixo. (Doido!)
Na manhã seguinte, volta pra casa, meu pneu que não furava há 7 meses furou bem na entrada da minha cidade. Foram precisos 5 ciclistas, 2 frentistas e um borracheiro para conseguir tirá-lo da jante e quando finalmente conseguimos pôr o pneu novamente em seu lugar constatamos que estava furado novamente(provavelmente no esforço em colocá-lo de volta à jante). Desisti de voltar pedalando, pois trocar novamente iria atrasar muito mais a viagem que já estava bem atrasada. Peguei um ônibus de volta pra Salvador.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Felicidade x Pessimismo

às vezes toda a felicidade que a gente precisa é saber que nosso time ganhou, ou que a mulher que a gente ama está ao nosso lado, ou até mesmo que está com muita grana pra gastar com o que quiser, mas do auge da minha loucura posso lhes assegurar que a felicidade tem a ver apenas com a ausência de pensamentos essencialmente pessimistas.
Em primeiro lugar porque não se pensa em muita coisa quando se está feliz; em segundo lugar, porque normalmente a felicidade é a certeza de que o mau está batido, abatido, derrotado; em terceiro lugar porque é nos momentos de felicidade que a gente tem o vislumbre de que o pessimismo é mesmo uma tolice.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Orkut e Facebook morreram abraçados

Alguns anos atrás uma amiga muito querida me fez um convite pro orkut...
- Mas que porra é essa? Yorgut?!
- É um site de relacionamento...
- Mas eu não quero me relacionar com ninguém não...
- É legal, você encontra a galera das antigas e uma porrada de coisa...
E lá fui eu com minha cara de otário fazer a porra do yorgut.
Uns dias mais tarde, uma outra amiga me pergunta:
- Por que você apaga os recados?
Passei a deixar os recados, mas depois de 3 anos tinha mais de 6 mil recados. Claro que eu apaguei tudo depois de mais de um mês apagando os quase 10mil que se juntaram não sei pra que porra. Mesmo assim era legal estar no orkut, eu podia encontrar facilmente aquele brother do colégio, ou aquela gracinha amiga daquela outra.
O lance é que a perda de tempo vai se tornando maior e inevitável. Eu já não saía de casa sem olhar o orkut.
Com o passar do tempo alguns amigos foram abandonando o orkut e aderindo à nova onda social internética: o Facebook.
Tenho que admitir que foi preciso mais um ano de insistências para eu finalmente fazer a porra do face e digo que foi muito mais fácil e mais rápido de me adaptar que o orkut, mas eu tinha todo o tempo do mundo pra ficar na internet atualizando perfil, enviando foto, respondendo mensagem, xavecando, sacaneando e deixando o tempo ir se indo...

Difícil explicar o quanto isso que era inexistente no passado, passara de inútil a indispensável, mas, pior que isso, era que eu estava começando a crer que esse paranóia era mesmo importante.
Eu gosto de rua, de gente, de toque de beijo, de gosto... a internet não cheira nem fede.
Eu tenho blog, fotolog, myspace, soundcloud, Twitter, 5 contas de e-mails, gtalk, skype, 2 msn's, pra que diabos eu ainda vou ter página de facebook e orkut?
Hoje, depois de meditar um pouco, cheguei à conclusão de que esses dois elementos não estavam me servindo de nada além de passatempo e meu tempo precisa passar mais devagar. Excluí os dois.
Vá lá que eu ainda volte pra uma porra dessa um dia, mas isso vai ser tão louco quanto ter entrado pela primeira vez. As pessoas podem achar que a loucura é justamente abandonar essas "maravilhas", mas isso só o tempo vai dizer.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

de São Paulo a Salvador com Britany Marieta (continuação)

Eu queria completar minha viagem solitária e não podia ficar hospedado em casa de amigos. Eu não queria dar nenhum trabalho, mas além disso eu não queria ter que falar com ninguém ao dormir ou acordar. Nada contra as pessoas, mas era meu aniversário e essa era minha vontade. Já estava bem longe de casa pra querer me sentir seguro sob as asas de alguém. Chegar aos 37, ter 10 anos a mais do que a expectativa de vida dos astros do rock, dos negros suburbanos, ter a consciência de ter tido um certo sucesso só por estar vivo, mas sentir o gosto amargo do fracasso escorrendo pela goela abaixo.
Alguns compromissos me aguardavam aquela noite, eu tinha que ver algumas pessoas que ainda não vira, afinal a minha vontade de ficar só não implica eu em não poder ver alguém que não vejo nunca. Assim se dão os benefícios de ficar só. Eu adoro fazer o que me dá na cabeça naquele exato momento e de alguma forma o tempo para mim acaba se tornando algo muito maleável, sinuoso e até mesmo retroativo. 
Havia o show do Cachorro Grande na Augusta, mas antes eu queria encontrar o Martin e a Nanda, na Consolação, depois tomar ao menos uma cerveja com a Tirreni fosse onde fosse, pois ela ainda iria subir a serra ainda naquela noite. Paulinha já estava em Salvador e as outras pessoas eu poderia talvez encontrar no show. Eu não queria ficar tão só assim afinal de contas, já me bastava o sábado que seria de ressaca e descanso, pois domingo eu tinha que picar minha mula de duas rodas sozinho e sem conhecer o caminho por dentro do Parque Tietê que eu observara num mapa.
O Hotel Pueblo fica numa rua próxima ao largo de Sta Ifigênia, mas eu nem sabia até então, pelo costume de andar de bike estava me achando próximo de tudo e só perguntei ao cara lá da portaria como eu fazia pra chegar na consolação.
- Você pega a pça da República, Av. Ipiranga e já tá lá. Direto! - Simples assim.
E pra mim é tudo simples. Depois de alguns telefonemas, algumas horas relaxando com "Evrebody hates Chris" no único canal que funcionava na TV from hell, eu me agasalhei e parti para minha missão: Jantar, beber e dançar, que na verdade conistia apenas em encontrar um monte de gente querida.
Fui a pé até o Sujinho, local onde encontraria  Fernanda e Martin(baixista da Zefirina Bomba). Eu tinha bastante disposição pra andar e nenhuma vontade de rodar de táxi. Meu tempo era farto. O bom de São Paulo é que se pode andar por linhas retas, só fazia um pouco de calor demais para o tanto de roupa que eu vesti, com medo do frio dos dias anteriores. Fazia23º e eu andei como um condenado até chegar na bendita rua Maceió. Haja Consolação!
Martin, como um cara que saca das paradas, principalmente as de comer, tinha recomendado o Sujinho, porque sabia que era impossível alguém que está a fim de comer sair de lá infeliz. O lugar é uma dessas lanchonetes modernas, que você escolhe tamanho do pão, o garçom lhe pergunta ponto da carne, meio diferente das de Periperi (hehehe), mas os sanduíches são realmente espetaculares. Claro que quando eu escrevi isso aqui eu não lembrava mais qual eu pedi, mas eu posso sentir o gosto ainda hoje em minha memória.
De lá os dois me deram uma carona até o metrô, pois eu ainda ia pra Tucuruvi dar um cheiro numa moça e tomar uma cerveja, se tivesse sorte, pois seus amigos iam lhe buscar às 23:30 pra levar pra serra... e já se iam as 22h.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Às vezes eu me esqueço

Não é segredo pra ninguém o quanto eu tenho aumentado minha repulsa pela cidade, pela civilização e pela sociedade. É tudo muito agressivo ao meu sensível caráter e meu frágil existir. Já não basta ter que fazer vista grossa a preconceitos 24 horas por dia, ainda tenho que agüentar a sujeira e o barulho? Meu ovo! Mas as luzes e os cartões postais de concreto que resplandecem à noite nessa cidade me fazem ter um pouco mais de esperança.
Quando eu saio de bike à noite é como se eu não enxergasse mais a cidade hostil. Não há tanto barulho e o fluxo reduzido de veículos me dão uma ilusão de liberdade urbana. Às vezes um buraco, um esgoto entupido, me devolve à realidade, mas no geral o passeio é pura inspiração à luz da lua.
Um dia desses, voltando de madrugada eu parei para contemplar o visual da nossa baía, ali da descida de Plataforma. Era quase 2 da manhã e havia uma cobertura enfumaçada na área onde antigamente haviam palafitas. Não era nenhum incêndio, apenas a neblina cobrindo o pé da serra. Ao longe via-se a cidade cintilando, como uma caixa repleta de tesouros. Ontem, novamente no mesmo lugar, eu pude ver do outro lado uma escadaria deserta, imensa, que leva até o bairro lá no alto, não parei, continuei subindo e observando estupefato pelo fato de nunca ter notado algo tão grande, e tão marcante, e tão bonito fotograficamente falando.
Outra coisa engraçada é que escutando música no modo aleatório eu normalmente tenho muitas horas de música sem repetição no mp3 de 4gb. Na ida tocou uma música que eu nunca mais tinha ouvido "óia rapa" do rappa, que no fim entra uma galera cantando: "bom dia passageiros é o que lhes deseja a miséria S/A que acabou de chegar..." após alguns segundos de silêncio. Coincidentemente, na volta tocou a mesma música, mas eu na minha doideira elocubrativa ciclística nem tinha notado até chegar no silêncio final e iniciar novamente a cantoria: "bom dia passageiros é o que lhes deseja a miséria S/A que acabou de chegar..." Eu estava exatamente no mesmo lugar da ida: o trecho entre a azevedo madereira e a cesta do povo do Lobato. Mensagem?
Eu odeio a cidade, mas amo o subúrbio. Pode ser viagem de suburbano, mas eu não tenho como não ficar maravilhado com cada surpresa bacana que eu me deparo. "Miséria é miséria em qualquer canto, riquezas são diferentes..."

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Faça a coisa cool

Se vai fazer algo, faça com um pouco de amor. Precisa muito não. Se for difícil tenha ao menos boa vontade, faça sem contrariedade.
Faça qualquer coisa fácil, que não dê muito trabalho, ou tente fazer parecer fácil. Encontre um prazer qualquer nisso.
Não se incomode em parecer bonito para se sentir aceito
Não se incomode em parecer rico só pra tirar um sarro
Não se incomode em gostar de nada ruim pra fazer alguém feliz
Faça alguma coisa legal, mas faça com alguma alegria, com prazer, não perca seu tempo fazendo nada mau, porque isso é feio. Além do mais a maldade sempre bate na gente, não precisamos colocá-la na roda.
Se vai fazer algo de bom ou de ruim, faça sabendo que a partir disso alguma coisa vai acontecer na mesma intensidade.
Não se incomode em falar mal de ninguém, porque isso não ajuda você a parecer mais legal.
Não precisa ser santo nem abobalhado, basta ter um pouco de amor...
Se não funcionar, foda-se! Às vezes não somos bons o bastante, mas não precisamos de desespero, pois nada vale o stress.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

One more chance for the peace

Reúnam os políticos
Dêem-lhes muitos baseados
Façam-os fumar e tomar decisões importantes
para suas próprias vidas medíocres,
por uma semana ou mais
Observemos os sabotadores e os escarnecedores.

Reúnam novamente políticos
Dêem-lhes muito álcool
Façam-os beber e tomar decisões importantes
para suas vidas inúteis,
por uma semana ou duas.
observemos os sabotadores e os escarnecedores.

Façam-os dirigir
Façam-os falar

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Andar de bike, man! Sem frescura!

Pra começo de conversa quem anda de bike quer em primeiro lugar se movimentar, andar por aí sem se cansar muito e ir um pouco mais rápido do que a pé. Eu não creio que alguém no mundo queira andar de bicicleta pra competir com os automóveis, isso seria, além de estúpido, inútil. Os automóveis são veículos pra carregar gente de um lado para o outro sem a necessidade do esforço e com mínima perda de tempo, as bicicletas são veículos para se aproveitar a vida, o sol, o vento, a paisagem, são coisas absurdamente diferentes que necessitam trafegar no mesmo espaço, assim como os pedestres e os outros veículos motorizados ou não.
Creio que nosso povo não tem uma noção plena da responsabilidade que temos uns pelos outros e por isso os motorizados creem que as vias são feitas só para os seus carros e todo aquele que não tiver motor e atravessar seu caminho deve fazê-lo depressa ou será abalroado, ou receberá uma "honkerzada" nas orelhas. Não há espaço para vagarosos no trânsito. Na mentalidade de nossa gente não é possível uma pessoa ter a preferência abaixo do passeio.
Desde que eu aprendi a pedalar ainda não conheci nada melhor. Ganhei minha primeira bike com 5 anos, mas não houve jeito de eu aprender e minha mãe a vendeu, mas eu não desisti. Uns 8 anos mais tarde eu comecei a andar na bicicleta de minha irmã, com a mão na parede dando voltas pela casa até aprender me equilibrar, primeiro com uma mão só, depois com as duas. Foi difícil, mas eis-me aqui.
A coisa mais importante pra se andar bem de bicicleta é aprender a importância de cada parte dela. Podemos andar numa bike toda desgraçada, mas esse "andar" não pode ser extremo. Se é pra ir ali, vá, mas se for pra longe arrume a bike: Tire as folgas, Regule as marchas e os freios, Calibre os pneus, Lubrifique a corrente. É bom regular a altura de banco e guidão, mas isso é uma outra conversa. Estou falando de andar de bike e para isso só precisamos dela inteira.
Pra sair normalmente eu não uso nenhum equipamento de segurança, mas recomendo um tênis confortável e seguro no pé, óculos para proteger do que voa e uma bandana, boné, pano, ou qualquer coisa que sirva para evitar que o suor da cabeça caia nos olhos (se quiser proteger as mãos dos calos use uma luva emborrachada) e só. Os outros equipamentos que constam no código de trânsito não servem para proteger nenhum ciclista. Nada pode nos livrar de nós mesmos. Os fárois vendidos por aí não iluminam, as luzes vermelhas podem ajudar, mas andando na cidade não servem pra nada além de dizer que é um ciclista preocupado com a própria pele e os capacetes, além de caros, desconfortáveis e frágeis não evitam nenhum tipo de lesão. Francamente, se um ciclista cai automaticamente ele protege sua cabeça com as mãos e com o movimento, se a queda for a uma velocidade muito alta e ele bater a cabeça em qualquer coisa, ou se bater de frente mesmo de capacete certamente morrerá. Todos os outros acidentes os quais o capacete salvou a vida de alguém, foi por uma dessas coisas do destino que nenhuma lei prevê. Como o caso de um recém-nnascido que fora arremessado para-brisa afora de um carro num acidente no Dique e saiu ileso. Mas o capacete pode ser utilizado em nosso favor em muitas outras situações em que não corremos risco de morte e por isso eu entendo, utilizo (ás vezes) e até aconselho as pessoas usarem, mas nunca vou concordar com a obrigatoriedade da sua utilização.
"Nossas ruas não são seguras, porque nosso povo não é educado." Sabendo disso, todo o cuidado. Olhe pra todos os lados antes de sair, coloque uma marcha leve e saia bem devagar até ir ganhando o ritmo da rua. Se quiser passear vá pela direita beirando o meio-fio externo, mas se a ideia é adiantar o lado escolha o que for mais rápido e mais seguro, principalmente para seu couro.
Andar nos bairros geralmente é fácil, não há muita preocupação com o espaço devido à existência do caos. Aqui em Periperi as bikes dividem a rua com os carros, as barracas, ambulantes, gado, mas principalmente os próprios pedestres que andam sem direção e desatentos a tudo.
Na suburbana um jeito de se locomover rápido é pela esquerda, beirando o meio-fio central. É um ponto onde todos os motoristas me enxergam e há espaço suficiente para 2 ônibus e 1 bike. O canteiro central dela deveria se tornar uma ciclovia, mas se pintar uma linha afastada 1,5m de cada lado dele de Paripe até a Calçada a mobilidade também funciona, desde que, é claro, os motoristas respeitem. Há espaço! O mesmo vale para a Av. Conotrno, Av. Magalhães Neto, Orla, Av. Dorival Caymi, Av. Vasco da Gama, estrada do Coco, 2 Leões, Sete-portas e várias outras do mesmo padrão. Ou tira o canteiro central e usa o concreto restirado para criar ciclovias em outras áreas ou coloca as faixas de 1,5m. É um esforço mínimo.
Nas ruas do centro, na inexistência de faixas, o jeito é andar pela direita. Um ciclista bem preparado pode trafegar por entre os carros, mas, lembrando que os motoristas não têm educação, essa não é uma atitude segura. É certo e mais cômodo é andar na mesma velocidade dos carros, respeitando os sinais e os pedestres. Nunca se deve atravessar um sinal vermelho se houver pedestres passando, mas sempre avance se não vir nenhum. Bicicleta não é carro! Não devemos obedecer leis que não foram feitas para nós. Devemos exigir alterações de modo a tornar justa a divisão do espaço “RUA”.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Noturnos

Numa noite fria de inverno, nenhum som além do marulhar da baía, nada se move além. Um casal divide um cigarro no cais. A brisa gélida aproxima os corpos que se enroscam num abraço terno de cumplicidade e desejo. A lua ilumina um barco lá longe...
No outro quarteirão, dois pilantras encurralam uma vítima. Será que vai lhes dar a próxima dose?
O casal termina seu cigarro e sai do cais em direção ao centro do bairro. O silêncio é quebrado por vozes vindas de uma rua adiante e o casal tem de passa por entre dois bandidos que também tomam a mesma direção.
Um dos elementos ao avistar o casal tenta se esconder para supreendê-los, mas é  visto, seu parceiro tenta lhe dizer algo, mas o caminhar decidido dos pseudo-namorados não deixa muito tempo para nenhuma ação. Os quatro acabam formando um grupo único e saindo da rua juntos, separando-se ao chegar na avenida: 2 pra cada lado.
O semblante calmo da jovem contrasta com o coração acelerado do rapaz que por um momento temeu o pior.
Ao se despedirem ela lhe agradece pela noite, pelo cigarro, pelo carinho, pela segurança que ela sente ao seu lado. Ele ainda assustado deseja boa noite e lhe pede para nunca temer nenhum mal.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Fantasias de uma vida perdida

Imagine uma mulher
Imagine seus olhos
Imagine seu nariz
Amplie sua visão
Imagine todos os detalhes do seu rosto
Imagine seu cabelo
Seu pescoço, seu colo...
Imagine sua cintura, seus braços e pernas
Imagine sua barriga
Imagine seus pés
Imagine-a vindo em sua direção
Ouça sua voz
Ouça o que ela diz
Imagine seu dia-a-dia
Seu acordar, seu banho, seu vestir
Imagine suas dificuldades e suas tristezas diárias
Imagine que você não pode fazer nada
Imagine que ela vai morrer
Imagine que ela nunca foi amada de verdade

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Ausente

Perdi meus telefones,
Meus óculos
E sei lá mais o que.

No alcoolismo,
Na promiscuidade,
Sei lá mais onde,

Não tenho nome,
Não tenho endereço,
Não tenho nada,

Tenho vagas lembranças,
Uma pequena incerteza,
E uma grande angústia:

Um nome e um riso
Um beijo e uma voz

terça-feira, 2 de agosto de 2011

...e no crepúsculo ele se retira para uma sessão de pensamentos insólitos

Qual o sentido de se ficar em frente à TV assistindo diariamente a vida alheia iirreal? Eu tento buscar em minha memória dos tempos que assistir novela não era tão absurdo, mas tudo que me lembro era que eu gostava de viajar na viagem dos outros, mas até disso eu enchi o saco. E daí que eles tão falando de viadagem e de drogas de uma maneira mais aberta? Pra mim aquilo lá ainda vai parecer uma violência disfarçada.
O cara da malhação usa a grana e a influência da família pra seduzir uma pobre gracinha indefesa; o cara da novela das seis é humilhado pelo patrão corrupto e facista; na novela das oito a viadinha não consegue se assumir. Eu tô sabendo que existe uma novela mais tarde na qual alguma puta tenta sustentar o filho sem fazer programa ou coisa desse tipo. Ou seja, é uma perda de tempo completa ficar "gastando" com esse tipo de coisa. Melhor fazer como o pessoal do interior: bota uma cadeira na porta de casa e fica observando os vizinhos. Só tenha cuidado com as rebarbas.
Uma outra coisa que eu viajo é em quem tem cachorro em casa. A grande maioria acredita mesmo que o cachorro entende tudo o que ele fala, mas é burro e pirracento. Pobres animais! Diz que o cão não pode ficar pedindo comida, mas sempre que tem algo na mão lho dá; diz que o cão não pode ficar rua, mas abre o portão para ele dar um passeio sozinho. Deus me livre ser cachorro!
Torcedor é outro bicho bem imbecil, mas a gente gosta da parada e nada é capaz de fazer isso mudar. tem gente que muda de sexo, mas não de time. O cara pode trocar quela mulher que ele amava mais que tudo na vida por outra mais nova, mas nunca o time. Não é possível! Eu conheço um cara que era negão e ficou branco, conheço uma mulher que virou homem, mas ainda não conheci ninguém que tenha deixado de amar o futebol e seu time de coração. Idiotas!
Antes eu não achava que todo mundo em central de atendimento era imbecil, mas depois de trabalhar por anos no suporte eu descobri que a maioria não sabe mesmo pra que serve seu posto. Se isso não é uma estupidez então me chupe. A gente perde um tempo imenso pra resolver problemas que não demoram um minuto, às vezes porque o cara que está do outro lado não sabe fazer absolutamente nada sem um script, se vacilar nem mesmo o nome dele é capaz de pronunciar. Hoje eu tive que ligar 3 vezes pra falar com um atendimento eletrônico que foi igualzinho ao personalizado, não me ajudou em porra nenhuma e amanhã eu vou ter que ir numa loja explicar tudo a uma atendente que não vai me entender depois de eu repetir que já falei com a merda do "suporte" e eles não sabem o que fazer.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

...por uma vida menos ordinária...

Dia fudido da porra! Só me fudi! Que merda!
Vou ali na praça dar um rolé, se vacilar colo no funk.
Porra! Que porra é essa?! Hoje essa praça tá mesmo babilônica!
Colé daquele policial filmando... que porra ali?!
Vou vazar! Parece que os caras vão fechar a praça.
Esses cinco policiais civis invadindo, mais aquela viatura da PM e os guardas municipais ali, eu tô de cara ainda... já fui!
Ah! As gracinhas! Meu Deus, como eu as adoro!
Vaza, truta!
Vou na favela! Deve estar a maior paz!
É... 22h...
Porra! Uma estrela cadente! Faz um pedido idiota!
Faz um pedido, idiota! Outra estrela quase no mesmo lugar... que porra é essa?!!!
É... 22:19...
Vaza, Pirão!
Vou piar lá no  funk.
Carallho! A merda fechada!
"... dar um rolé pela rua é de bom baiano ir na caça das perua, a primeira parte  pode crer é na praça, os boy de carango se chapando de cahaça..."
Xiiiiiii!!!
- Os caras chegaram aí, derrubaram as barracas, saíram levando as mesas que tavam va rua...
- Eu previ que ia acabar em merda, vamo tomar uma lá em Miúda.
Nada com uma cerveja gelada com os brothers...
Porra! Puta que pariu, bicho! Pára de falar nessa merda!
- Mas a Guarda Municipal não pode agir como agiu...
Porra, caralho, puta que  o pariu, vão brigar aqui?
Vaza,  man!
ÊA!

Se chegue

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