quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A lavagem dos 36

Eu achava que uma semana era o bastante para se comemorar um aniversário, era o que eu pessoalmente batizei de "Micareta Thilindão". Comer água todos os dias simplesmente para festejar comigo mesmo o meu aniversário podendo assim comemorá-lo com o maior número possível de meus amigos, incluindo a grande maioria que não sabe quando é o meu aniversário.
Mas na minha cabeça, e agora eu tenho ainda mais certeza disso, toda micareta deve acabar numa lavagem e a minha não poderia ser diferente.
Meu aniversário começou numa quarta e terminou numa sexta durando exatos 10 dias, mas a minha ressaca só foi passar 2 dias depois do meu último gole de cerveja. Fui uma coisa que os mais caretas podem chamar de estúpido, mas quem é comedor de água profissional chama isso apenas de um pequeno acidente de percurso. Na verdade eu já havia parado de comemorar meus aniversários, mas nessa sexta-feira em questão eu encontrei amigos que ainda não tinham me felicitado e queriam me pagar uma cerveja, conversar um monte e ficar chapados. Foi assim que eu acabei não indo ver o show de minha futura baterista, porque desde a tarde de sexta até a manhã de sábado, eu consertei a bike, tomei todas na praia vendo umas danadas quebrando na praia com "tudo enfiado", fui num brega, rodei meia cidade, bebi São Jorge com a nova garrafa, encontrei com Pitty por acaso, mas esqueci (é lógico) de parabenizá-la mais uma vez por várias coisas e acabei em "Camarada"(boteco do Iguatemi de Periperi) com o sol já querendo tostar minha pele de ébano.(ééé)
Estava tudo certo de eu ir ver Lily tocar na Saraiva (Salvador Shopping), com Minha Shexa Linda e também iria encontrar com a Fomidabilidade em forma de gente, Rachel Smoke. Almocei, peguei a bike e levei em Jean(oficina de bikes) para regular umas paradas. Saí da agência na intenção de passar na casa de uns brothers pra conversar com Antônio antes de pegar meu busu pro shopping, mas no meio do caminho me bati com Caffus Cara-Larga (compositor, professor e percussionista da Ativos Resistentes), que acabou me convencendo a tomar uma ali na praia, pois era seu dia de folga, e tinha um tempão que a gente não trocava idéia, e blá, blá, blá... e lá fomos nós.
A praia estava tranqüila, poucas pessoas, algumas barracas já fechadas e a gente se sentou na primeira mesa que encontrou no quisque de um cara que era a cara de Roberto Carlos o jogador. Conversa vai, conversa vem, aparece uma criatura cuja face não aparenta ter mais de 13 anos, mas como eu a tinha visto apenas de costas não pude deixar de notar toda a sua corpulência e admirar a sua habilidade requebrando até o chão com uma outra criatura igualmente corpulenta e habilidosa, porém com a feição um pouco mais velha. Paramos nosso papo por várias vezes apenas para ficar admirando as duas se acabando no pagode.
Algum tempo depois chega DDD e ficamos os três pensando merda e conversando besteira, enquanto isso o sol vai se indo e eu páro de conversar apenas para admirar alguns poucos segundos de sua partida. Na volta para a mesa as pessoas já planejavam uma visita em "Orlando" (um breguinha na beira da praia em Escada) e lá fomos nós.
O brega não estava lá essas coisas, aliás eu já devia ter até me acostumado, pois sempre que vou lá tá uma merda, mas a cerveja ainda é barata e resolvemos tomar algumas. Com o avançar da noite a área térreo fecha e os clientes são convidados a ir para a boate no piso superior continuar sua cachaçada e aguardar as meninas do turno noturno, mas as coisas não melhoraram muito por lá. A única que valia uma cerveja foi logo capturada por um sortudo que a viu primeiro e estava saindo para fazer seu trabalho. Tomamos mais umas duas e vazamos. No caminho um papo rápido com Antônio e só.
Eu ainda pretendia encontrar minhas amigas, mas no dia seguinte eu prometi estar na Cidade de Plástico (assentamento do MSTB) às 6 horas, a fim de ajudar na festa de comemoração dos 3 anos de assentamento que começaria com um baba e depois um café da manhã caprichado, mas nada em minha vida acontece do jeito que eu quero. Depois do banho relaxante toca o telefone. Era Jáspion, lembro a ele que ele está mais de uma semana atrasado de me dar meus parabéns, então, 30 minutos depois ele está buzinando na minha porta para a gente tomar mais umas de meu aniversário atrasado.
E assim começa uma tour por bares e postos de gasolina e uma sucessão de acontecimentos que meu cérebro nem mesmo consegue guardar tudo, a exemplo do São Jorge que eu lembro de ter bebido, mas não lembro onde e tampouco com quem, mas a foto no meu celular e a minha vaga lembrança não me deixam nenhuma dúvida de que aquela noite foi muito mais louca do que eu posso lembrar.
Numa dessas paradas aportamos no Dubliners Irish Pub onde tocaria Magalhanes Muertos, mas já tinha acabado e quando eu cheguei a única coisa que eu pude ver foi Pitty saindo não sem antes me dar um abraço que eu tava com desejando há um bom tempo.
De lá voltamos pra Pericity, mas não para casa. Jáspion me deixou em Camarada(de novo) e eu vi o dia nascer bebendo ainda mais algumas e trocando idéias com uns brothers "das antiga" tentando me manter de pé até a hora do baba na CDP, mas não agüentei e fui para casa imaginando que um banho me despertaria.
Nem banho, nem CDP. Acabei dormindo de qualquer jeito e quando acordei, 11 da manhã, tudo o que eu queria era morrer, pois não me imaginava de pé tocando dali a algumas horas. Tudo o que eu queria era poder ficar morto, mas o vômito e a diarréia não me deram paz em nenhum momento até a última vomitade de sangue e arroz as 16:45h, quando eu resolvi pegar meu baixo e picar minha mula pra Brotas antes que eu furasse a mais um evento nesse dia.
Cheguei em Brotas e encontrei uma galera enchendo o caneco numa barraquinha na esquina do lugar onde seria o show. Pedi uma água com gás e me sentei a fim de sentir meu corpo se recuperar. Deu certo, e 15 minutos depois da água eu já conseguia beber cerveja e conversar alegremente me esquecendo totalmente de minha barriga vazia.
Empurrei os dois pés na jaca novamente e só fui parar de beber depois do show, quando a fome realmente começou a querer se mostrar. A galera decidiu comprar umas cervejas no mercado e ir pra casa de Brust, eu queria comer e voltar a beber, pois tinha parado com medo de passar mal... mas isso não adiantou. Quando eu senti o cheiro da pizza, meu estômago quis comê-la antes de mim e começou a dar saltos, fui ao banheiro e novamente o vômito de sangue dessa vez com cerveja encerrou minha carreira por mais uma noite.
Na manhã seguinte, ainda na casa de Brust, eu não vomitava mais, mas cada copo d'água era uma ida no banheiro para uma mijada pela bunda. Uma coisa realmente pavorosa. Saí de lá já de tarde sendo resgatado por dona Jane, que ainda cuidou de mim até à noite me medicando e fazendo eu comer alguma coisa antes que a morte por inanição se abatesse sobre mim. À noite ela me trouxe para casa e eu já me sentia bem melhor, mas só fui ficar zero bala mesmo na segunda de manhã, mas eu nem praguejei muito minha sorte. Pelo menos eu tinha certeza que meu corpo estava completamente lavado por dentro. A fundamental lavagem dos 36 anos.

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