Eu já falei que só tenho amigo maluco? Acho que já,mas não sei se isso é mesmo verdade, acho que o maluco sou eu, acho que já falei isso também e devo ter feito a mesma análise do mesmo jeito. Esquece. Um brother ontem veio me perguntar porque é que eu não tirava proveito de minha famosidade: "Você toca no Honkers..." Não sei de onde essa galera tira essas idéias, acho que é porque eu falo com todo mundo na rua que nego acha que a banda é famosona e todo mundo que fala comigo a conhece, mas o mais incrível é que realmente tem pessoas que só acreditam que eu toco porque viram uma foto no jornal e só falam comigo perguntando pela banda sem nunca mesmo nos ter visto em ação. A vida honker já foi melhor, confesso, mas nunca foi pré-requisito pra se dar bem em coisa alguma, nem com garotas, nem com eventos, nem em briga de bar. Acho que nossa fama precedente é mais forte. Somos uns "loseres".
Semana passada estávamos de lords em Praia do Forte no evento da Ray-ban. Achei que ia ganhar uma lupa decente, mas não rolou não. Só me emprestaram uma pra tocar porque não queriam fotos com meu óculos de 10 conto. (hehe tô brincando) Num passeio pela vila achei um cartaz que me buliu todo: "Precisa-se de baixista para banda de pagode. Com instrumento." Uau! Era o emprego dos meus sonhos: Tocar pagode e viver na praia. Esse negócio de rock e de cidade tá por fora.
Agora os "pulícia" resolvem fazer greve. Em 2001 foi lindo. Ia pro ensaio, voltava, nem um pé de polícia. Se podia fumar maconha na porta das delegacias, das igrejas, das escolas... escolas não. Mas o clima de tensão que era mostrado na TV era ben diferente do que eu estava vivendo, mas eu não duvidava de nada daquilo. Essa nova greve tem as mesmas coisas: policiais resolvendo suas pendências e passando fogo nos arquivos, criando terror nos bairros, provocando o caos nos transportes, a podridão que nós conhecemos. A TV nos mostra que o nosso povo é um bando de ladrões e poucos jornalistas tem a decência de se referir a isso como um problema. Para todo mundo isso é muito natural. "É o jeitinho brasileiro."
Eu não tive medo de sair de casa em 2001, saía de busú, mas hoje por 3 vezes eu já desisti de sair por pensar merda do nosso povo. Saio de bike, tenho medo de levar uma cacetada da sensação de impunidade. Que vidinha miserável essa de quem pensa que a polícia, os políticos, os criminosos e os milionários tem o direito de gozar do melhor enquanto o resto do povo deve se matar para chegar ao nível superior. A superioridade está em ser mais forte, mais rico e mais corrupto.
Eu ainda preciso pedalar 40 km para comprar um papel. Não sei como farei, quando farei, mas farei. Que Deus tenha piedade de minha alma e a loja esteja aberta!
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O papel
- Dilma, Cadê o papel?
- Que papel, menino?
- O que o Eduardo lhe deu pra você me dar.
- Mas Duda não me deu papel nenhum!
- Então me dê sem papel mesmo.
(Bricadeiras escolares, 1993, Nazaré)
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