quarta-feira, 9 de novembro de 2011

"Você tem é sorte de ser azarado"

Sabe aqueles dias que você se fudeu pra chegar na escola no horário e aí não teve aula? Parece  um episódio de "Todo mundo odeia cris" mas aconteceu comigo algumas vezes morando em Peri e estudando em Nazaré, Cidade Baixa... Saía de Pericity num toró da porra, trem, busú, uns 700m andando sob o temporal e a escola fechada, sem as aulas. quem foi o preto otário que tinha ido estudar?
Sábado teve Bahia e São paulo aqui no "Pituaço". Ingresso 30 conto e eu sem um cent. A geladeira só tinha água e ovo, mas eu ainda pensava em pagar esse pau do ingresso. Pouca chance de achar na bilheteria, liguei pra um brother São Paulino que me disse que tinha um canal com ingressos a 40 pila na hora que eu chegasse. Arrumei uma grana emprestada já pra lá das 17h, o jogo era 19h. Não dava pra ir de bike porque tinha chovido a cântaros, fui pro ponto pegar o Aeroporto e na Paralela pegaria qualquer um pra o estádio.
38 anos, sem casa, sem esposa, sem filhos e sem automóvel. Esse sou eu. Ao menos meu time de coração vem jogar em minha cidade uma vez por ano. No ponto tudo o que eu queria era que o busú chegasse logo, mas meu otimismo às vezes nem é racional. Se durante a semana o ônibus demora uma hora, sábado, com pressa, de acordo com a Lei de Murphy ele havia passado há poucos minutos(ou seja, esperaria mais que o normal), mas eu não sou um cara de se deixar vencer assim fácil. Se em meia hora ele não viesse eu voltaria pra casa.
Vi alguns carros com torcedores do Bahia descendo a estrada velha e pensei em pedir carona, mas por algum motivo me aputei. Não creio que seria boa idéia, mesmo que eu chegasse no estádio a tempo de pegar o ingresso e ver o pontapé inicial. 18:30h eu desisti de esperar e voltei pra casa.
Devolvi o dinheiro emprestado e me senti muito fudido. Continuava duro e agora nem meu time eu podia ver ao vivo. Liguei o computador e resolvi assistir o jogo online.
Puta jogão! Luis Fabiano não tava achando nada, mas Welington e Lucas estavam comendo a bola. Um não deixava o Bahia jogar e o outro dava uma dor de cabeça da porra pros marcadores. Parecia que seria fácil a gente ganhar. O primeiro tempo terminou 1x0 pra nós com um golaço de Welington, menino criado no clube.
No intervalo eu fui fazer um chazinho pra desopilar e quando cheguei a 3 min do segundo tempo já estava 2x1. O bahia havia empatado logo na saída e com um outro golaço nosso dessa vez de Lucas a gente retomou a vantagem. Cícero, que jogou no Bahia, fez o terceiro e agora eu sentia meu corpo se tremer todo de raiva por não ter ido ao estádio. Podia até mesmo ouvir os caras da torcida falando de mim: "Aquele Thilindão é pé frio, bastou ele não vir pra a gente golear."  Aí toca o telefone. Eu achava que era alguém do estádio querendo saber de mim, mas era Julivaldo(Bahia doente) querendo saber se eu ia no reggae. Ele havia acabado de chegar de viagem e nem estava aí pro jogo. No momento que ele ligou o Bahia fez o segundo gol.
- Qual foi que não tá vendo o jogo?
- Ih! tá rolando Bahia e São Paulo, né?
- Seu Bahia acabou de fazer o segundo agora tá 2x3.
- Vou descer e passar aí.
- ÊA!
E o Bahia empatou a porra do jogo. Eu não tava levando muita fé no que via e comecei até mesmo a me sentir culpado por não estar no estádio, pois imagino que com a minha energia o time não iria sucumbir a um adversário já dominado. Daí a pouco tocou o telefone novamente, antes de atender vejo o Bahia fazer o quarto gol, o gol da virada, o gol do meu pesadelo. Lá se foi a chance de continuar brigando pelo título. Lá se foi a chance de os torcedores do Bahia pararem de encher o saco porque há 40 anos não ganhamos deles aqui. Lá se foi meu pé frio. Atendi o telefone e era Julivaldo já aqui na porta. Abro o portão com cara de poucos amigos e largo logo:
- O Bahia acaba de virar o jogo. Venha aqui mais não, man!
- Porra! Qual foi?! O Bahia virou?! ÊÊÊÊAAAA!
- É man. Acabou o jogo, vamo nessa!
No caminho para Tubarão (local do reggae) uma mensagem no celular: "o Bahia é foda!"

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