quinta-feira, 28 de abril de 2011

8ª Volta do Recôncavo

Na véspera da viagem recebi a visita de Tito, que chegara da Alemanha a mais de uma semana e nós ainda não tínhamos nos visto. Apesar de eu estar em crise com o álcool acabei me rendendo a uma cervejinha pra trocar uma idéia com o brother que eu não via há uma cara. Uma, duas, quatro... lá pela 12ª eu resolvi ir pra casa pra arrumar minhas coisas pra viagem, mas não arrumei coisa nenhuma e capotei chapado na cama. Como eu não tenho despertador nem celular tive que colocar o despertador do notebook pra tocar, mas por alguma desgraciosidade do destino ele não tocou e eu tive de acordar por mim mesmo, tarde demais pra sair junto com a galera que vinha de Paripe.
A previsão de saída e de encontro de todos que pretendiam participar da volta era no Ferry Boat às 5:30h, mas eu só fui acordar às 05:50. Arrumei minha bagagem às pressas, tomei um café com tudo o que eu encontrei na cozinha e parti a mil pro ferry. Às 7:10 eu estava pedalando pela suburbana molhada e calma de uma sexta-feira santa e linda. 
Linda pelo menos até Lobato, onde há 3 semanas eu fui assaltado e dessa vez fui tomado de assalto pela chuva que resolveu me acompanhar até a chegada no ferry às 07:45. 
Cheguei na ilha 9h. Felizmente durante a travessia não choveu, mas bastou eu colocar o pneu dianteiro no asfalto pra ela resolver cair matando em cima de mim novamente, e durante quase toda a viagem ela se fez presente, mas sem chegar a ser irritante. Na verdade ajudava a aliviar o cansaço mantendo o corpo sempre numa temperatura compatível com a estrada: agradável.
Pedalei controlando a velocidade e tentando parar o mínimo. O plano era encontrar o resto do pessoal em Nazaré das Farinhas, mas pouco depois da Ponte do Funil avistei um grupo de ciclistas e apressei a pedalada para alcançá-los. Eram quatro amigos que saíram de Berlinque e estavam indo visitar a Feira dos Caxixis. Pedalamos juntos alguns quilômetros até que eu parei pra comer um biscoito e tomar um refrigerante na entrada de São Roque. Eles adiantaram pra Nazaré. Também pensei em adiantar pra São Roque, mas na biboca onde eu fiz meu lanche eu tive informações da galera, que havia passado há umas duas horas, que alguém havia levado um tombo e estava todo ralado, mas aparentemente não era nada de mais sério. Fiquei preocupado mesmo assim e quis encontrá-los o quanto antes.
Cheguei em Nazaré pouco depois do meio-dia e passei a olhar em todos os cantos procurando por um sinal do pessoal, mas nada. Rodei pela Feira dos Caxixis, pela feira normal e não achei ninguém. Peguei um rango não muito bonito numa birosca e pus o pé novamente na estrada. A essa altura já passava pela minha cabeça fazer a volta inteira sozinho, pois não tinha mais tanta fé se iria encontrar alguém. Aproveitei o abrigo de uma tenda abandonada na estrada para um digestivo e um pequeno descanso pós rango. Eram 14h.
Quando retornei a estrada eu ainda pensava em seguir sozinho, mas antes desse pensamento ganhar mais força eis que aparece Luciano veloz como uma bala e indaga: 
- Thiago?
- ÊA!
Seguimos pedalando lado a lado e ele me intera dos acontecimentos desde que saíram de Bom Despacho até aquele momento. Eu finalmente tinha sido encontrado depois de 7 horas de pedal solitário.
No retorno à entrada de São Roque todos se reuniram e me deram as boas vindas. Eu era o oitavo ciclista da 8ª volta do Recôncavo que até então seguia com : Tetéu, Deraldo, Tota, Marcelo, Pedro, Luciano e Nadja. Além de Marcelo, Serena, Natureza(e o filho cujo nome esqueci), Nadir e Flávia no apoio.
Ao chegarmos em São Roque nos refugiamos no bar por várias horas até que o cansaço vencesse a alegria que todos sentiam em ter completado a primeira etapa da viagem(90km).
Já na pousada me dei conta de que não havia trazido outro short, ou calça, nem sabonete, nem toalha. Felizmente sabonete e toalha se arranja em pousada, mas o short eu tive que lavar e vestir molhado. Pelo menos tinha cuecas secas.
Descida em alta velocidade lá no fundo
No dia seguinte seguimos pra Cachoeira às 6 da manhã. A chuva resolveu nos dar uma trégua e o trecho mais complicado da viagem foi também o mais bonito. Encaramos uma serra que parecia não ter fim. Nadja só perguntava quando acabariam as subidas e sempre alguém lhe dizia que era após a próxima curva. Num desses sobe-desce descemos uma senhora ladeira na qual Marieta chegou a 72km/h. Eu já estava achando o máximo, mas Marcelo passou por mim ainda mais veloz me deixando pra trás como se tivesse jatos.
Exceto por esses trechos em declive o ritmo do pedal permitia momentos de pura contemplação. Várias quedas d'água se formaram com as chuvas, a vegetação exibia um verde tão vívido e em tantas tonalidades que chegava a ser mesmo deslumbrante. A estrada era pouco movimentada e eu aproveitei um momento em que todos estavam mais adiante para tirar a cueca que começava a incomodar.
Chegamos em São Felix e a galera foi novamente comemorar no bar, mas eu fiquei mesmo na água de coco. Atravessamos a ponte pra Cachoeira e fomos tomar um banho de rio no balneário para depois almoçarmos num restaurante próximo ao correio de comida a kilo, deliciosa e barata. Após o rápido almoço e o breve descanso voltamos à estrada para mais alguns quilômetros de mais subidas que descidas até Santo Amaro da Purificação, minha terra natal. Natureza, filha de Tetéu, se juntou a nós nesse trecho substituindo Pedro que sentiu o  joelho.
Chegamos em Santo Amaro no comecinho da noite. A praça da Purificação estava bonita como eu nunca vira antes. Reformaram, cortaram algumas árvores, mas mantiveram o mesmo desenho. Tudo muito iluminado e limpo, parecia um cenário de filme: crianças brincando pra todo lado, vendedores de pipoca, cachorro quente, acarajé. E foi justamente o cara do acarajé que nos informou que era proibido bicicletas sobre a praça, apenas crianças menores de 10 anos é que podiam usufruir do espaço. Todos tínhamos parado as bikes sobre a praça, mas, como ninguém estava pedalando, lá mesmo elas ficaram. Ainda brincamos e conversamos muito com as crianças, enchemos os pneus de suas bikes, até um "Guarda-roupa" Municipal vir educadamente nos pedir para descer da praça. Fomos pra pousada, tomamos banho e jantamos maniçoba na praça do Rosário.
Bambuzal em Santo Amaro
Domingo, último dia. O plano era chegar em Salvador o mais cedo possível pra pegar o rango, eu queria ver o jogo do São Paulo, uma galera queria ver o Ba-Vi. Às 6:10 estávamos na estrada rumo a São Francisco do Conde. O pedal mais uma vez fluiu sem chuva, mas só até a entrada de Candeias quando ela resolveu cair por aproximadamente uma hora, mas nada que atrapalhasse.
Ao chegarmos na BR-324 o movimento intenso de veículos na volta do feriado nos alertava que nosso passeio chegava ao fim e que toda a paz que tivemos nos últimos dois dias havia chegado ao fim.
Parei para beber uma água de coco pouco antes de Simões Filho, mas a fome também me cobrava então tive que demorar mais um pouco para abrir o coco no asfalto, já que a moça que vendia não tinha facão ela só furava o fruto.
Minha demora foi sentida pelo grupo que me repreendeu pelo vacilo do atraso, pois todos pararam para esperar sem saber o que tinha me acontecido. Me desculpei.
Entramos pelo CIA e eu já me sentia em casa. Pouco antes de entrarmos na zona urbana paramos mais uma vez para uma troca de pneu(foram 4 no total da viagem) e chegamos em Tubarão ás 13 horas para finalmente todos encherem a cara e o bucho até o cansaço vencer um a um, encerrando a 8ª Volta do Recôncavo com uma pequena sessão de violão.
Pôr do Sol na CDP

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