quinta-feira, 17 de abril de 2014

Cem lágrimas de tristeza

Se você sempre tentar não propagar qualquer espécie de ódio contra ninguém nem consigo mesmo, e ainda assim mantiver a calma você vai acabar odiando alguém ao ponto de pensar em matá-lo. Acho que eu pensei na morte de um bocado de gente nessa greve da polícia, inclusive na do próprio filadaputa que a planejou justo na semana santa. Resultado: "os caras" mataram Gabriel García Márquez só pra me sacanear; pra que eu fique atento a não declarar meu ódio ainda que seja a qualquer uma desgraça para a nossa sociedade.
Discutir com as pessoas mais próximas de nós nos faz crer que sempre se pode perder o controle das coisas, sejam elas físicas, mentais, especulativas. Você sente o amor, mas o ódio está ali lhe corroendo e nem sempre se consegue dar conta que ele veio lá da "putaqueopariu", do organizador do churrasco, da festa, grrrrrrr...
Eu ainda creio que só vale a pena falar se for com amor mesmo. Essa onda de ficar sempre querendo desmoralizar ou irritar os outros é pura perda de tempo e eu falo porque estou feliz até quando xingo, falo palavrão. Aureliano Buéndia me entende, mas não xingava. Ele é um personagem classe-A da letra "A" e o meu nome tá lá pela letra "T". Acredito que são muitos anos a mais de solidão e isso acaba embrutecendo o homem. Não possuo classe alguma.
Se irritar é saudável. Agredir as pessoas com atitudes, ou gestos, ou palavras é nocivo, pois, creia ou não, tudo o que você faz, exibe ou fala, volta pra você da mesma forma e intensidade. Evite gritar com quem quer que seja, principalmente se a pessoa estiver muito próxima fisicamente e muito ligada a você emocionalmente.
São tantas as formas de se fazer entender sem ser rude que escolher uma acaba se tornando uma arte difícil. Às vezes é complicado se fazer entender com as melhores intenções, porque infelizmente existem aqueles que pensam apenas em enganar e ludibriar, e lesar, e difamar... (Vá nessa não!) Assim mesmo tem uma hora que você vai explodir, mas, por favor, poupe as pessoas que você gosta. Nem escolha uma que você acha que aguenta a porrada porque você não sabe como foi o dia dela o que ela ou ele está passando... tente ser o mínimo gentil.
Espero poder um dia retribuir todo o amor que eu recebi de minha mãe e de algumas pessoas que sei que querem o meu bem, e o bem do mundo, e da humanidade. Às vezes cometemos equívocos e acabamos por não darmos todo o carinho e amor que as pessoas que mais amamos merecem, seja por causa do ódio acumulado na rua que a gente acaba descontando em quem tá mais perto, seja pelo excesso de cuidado deles que a nossa impaciência confunde com chatice.
E eu me lembro de meu amigo canino, Conhaque, que só me dava amor e companheirismo mesmo quando eu gritava com ele por alguma besteira que ele fez em seu natural atabalhoamento. Comigo ele nunca foi rude, nunca estava indisposto ou irritado. Sinto muita vergonha por não ter aprendido mais com ele, muita tristeza por não ter ficado com ele até o fim de seu sofrimento. Sua doença estava me matando e aos poucos fui enlouquecendo e ficando triste. Eu tive que sacrificar o melhor amigo que tive na vida. (Pedi pra meu único inimigo matar o meu melhor amigo.)
Estamos em época de páscoa e a história da paixão de Cristo sensibiliza muita gente que cala seus demônios internos e começa a escutar as "palavras de salvação". Eu já fui muito religioso e minha ligação com Deus já foi muito mais evidente, mas não me faço mais de santo. Jesus não agradou todo mundo em sua época e ainda hoje não é unanimidade. Eu não tenho vocação para Cristo, mas gostaria de ser lembrado daqui a 3000 anos. Talvez nem mesmo o Gabriel García Márquez seja mesmo sua obra sendo muito mais importante que a bíblia sagrada (em minha 'molesta' opinião).

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"...Estava organizando meus papéis murchos, o tinteiro, a pena de ganso, quando o sol explodiu entre as amendoeiras do parque e o barco fluvial dos correios, atrasado uma semana por causa da seca, entrou bramando no canal do porto. Era enfim a vida real, com meu coração a salvo, e condenado a morrer de bom amor na agonia feliz de qualquer dia depois de meus cem anos." Gabriel García Márquez, maio de 2004

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