quinta-feira, 6 de março de 2014

Não gosto de carnaval?

...quando os caras me baculejaram 3 vezes num busu, nem era carnaval nem nada, só porque eu era um negro sentado no fundo de um ônibus quase vazio, e o cobrador deve ter ficado com medinho, e os caras queriam achar alguma coisa pra me fazer descer daquele busu, não que precisasse de motivos, porque quando os caras querem barbarizar não há nada que se possa fazer... mesmo assim nunca fico, não fiquei revoltado, não xinguei ninguém ostensivamente, nem toquei fogo em nada, nem dei um tapa na cara de qualquer azarado que passasse por mim e eu invocasse com a cara, nem pensei nisso. Penso que nem nesses dias eu posso me achar no direito de sacanear alguém, enquanto outros não conseguem viver sem causar algum mal ou se aproveitar de qualquer mamata.
No último dia de carnaval, vendo Margarete Menezes e Mariene de Castro juntas cantando eu jurei que podia morrer, mas esse pensamento não tinha nada de depressivo ou depreciativo, é apenas amor, beleza, felicidade, satisfação, sei lá! Não é por ser do rock, ou não gostar de axé, ou da cidade, ou do governo que eu não gosto de samba, que eu não saiba apreciar a beleza que não põe mesa, que não se come, que a Lupita levou à cerimônia do domingo de carnaval. Já era terça, mas o Pelourinho tava lindo, embora se chame ainda de pelourinho.
Caramba! Aquilo era como sonho. Aquelas duas ali cantando samba. Só pra mim?
Ali mesmo pude ver uma menina que sozinha faria do carnaval uma festa de alegria, paz, amor e graça. E que beleza de graça! Que dia de carnaval de quem não pediu pra ter um segundo na despedida de Bel do Chiclete. Sim! Eu vi o Chiclete e vi Bell! Ual! Que carnaval! Se eu pudesse nunca mais ouvir falar do Chiclete...
Não gosto de violência, não gosto de ser rejeitado, não gosto de não ser bem entendido. Mas de ser mal-tratado eu até já consegui até me acostumar só que isso passou. Desabituei. Não tenho direito a nada que passe pela cabeça dos outros. Carnaval, cachaça, polícia, política, axé, Avenida, Pelourinho... e eu aqui nessa situação.
Todo mundo precisa de alguma amizade, de alguma companhia boa, de algum chá... preciso de muita compreensão e muito sossego. Eu só preciso, não tenho muita coisa a oferecer, talvez algum amor, alguma cumplicidade, uma pouca ajuda em um monte de coisa pequena.
EU não posso mesmo pensar em sair de casa e encarar essa cidade imunda e injusta, mas posso aproveitar cada dia, cada amanhecer, cada noite, cada segundo, segunda, terça, quarta de cinzas de minha existência: desgraciosa. A companhia é melhor que a solidão e a lembrança é melhor que a saudade, mas é tudo uma sucessão de momentos improváveis e desnecessários.
Talvez pouca gente vá entender do que estou falando, mas se eu fosse tentar resumir ia ser ainda mais ininteligível.

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