domingo, 21 de abril de 2013

Sigo de bike minha vida sem destino

Se tem um lugar que eu ainda pretendo visitar nesta vida é Humboldt, Califórnia. La Sierra Nevada. Terra das árvores gigantes,  das lendas do pé grande, do filme Humboldt County. Até já conheci alguém de lá: Gonzalo, um permacultor gringo mais baiano e gente boa que muitos conterrâneos meus. Mas por enquanto eu não posso ir tão longe e dou minhas voltas onde os pneus de Marieta me levam.
No fim de 2011 eu fui ajudar minha irmã em sua mudança de Irecê pra Poções. Marieta não foi dessa vez e eu dei minhas pedaladas lá com uma calói poty dela porque não havia levado minha parceira. Pegava a bike e ia dar um rolé a fim de conhecer a cidade e encontrar um lugar tranquilo para ler e tomar uma cerveja "de boa". Descobri um posto de gasolina na saída da cidade que servia cerveja grande, na mesa à sombra de uma rara amendoeira naquela região de clima hostil, mais próprio para algarobas. Esqueci o nome do posto, mas me lembro dele. Quando voltar por aquelas bandas, de bike ou não, passo lá pra uma ou duas geladas.
Outra coisa interessante em minha passagem por Irecê: cuecas. Calma! É que eu comprei 6 cuecas numa loja de lá, sem experimentar, quando vim vestii-las vi que estavam pequenas e um tanto apertadas. Isso foi no fim de 2010, mas ainda tenho essas cuecas e elas ainda me apertam as bolas. Acho que talvez seja a hora de me separar delas de uma vez por todas e deixar minhas bolas mais à vontade, mas eu ainda não tive ganas de comprar cuecas novamente. "Cadê a namorada nessas horas?"
Nem bem voltei de lá fui eu  cair na estrada de novo, de bike dessa vez, pela Linha Verde para o dia de ano novo, meu novo ano sem álcool. Praia do Forte, Imbassaí, Massarandupió, Siribinha, Conde, onde quer que eu fosse parar não tinha importância, meu plano era acampar onde desse e esperar o novo ano começar. Eu guardo alguma esperança para todo novo ciclo, mas sei que tudo pode ficar ruim de uma hora pra outra, mesmo que tudo seja favorável. Não se pode prever, mas é bom ter alguma segurança em alguma coisa, mesmo que seja em si mesmo.
O plano era perfeito, mas de última hora apareceu uma companheira que decidira que ia comigo. 
"Mas quem é essa, man?" Vocês podem estar perguntando. É uma amiga. As vezes acho até que é amiga imginária porque vive sumindo, mas isso é outra história. Não sei não... tem coisas que nenhuma namorada faz por você e vice-versa. Fosse como fosse, ela também decidiu que íamos, na quinta. 
Cheguei de Irecê na terça-feira e tinha dois dias pra sair de bike e mochila rumo ao litoral perdido.
A véspera da viagem foi ocupada em providências imprescindíveis para o final de ano. Sabe como é, né? Tem cachorro que precisa de comida, tem amigo que precisa de conselho, um salve aqui, outro acolá, provisões e tem que assegurar-me de que a minha mãe esteja amparada, e de que não me falte nada a mim mesmo. Foi ótimo porque no meio de toda a confusão que consigo fazer com o tempo curto pude ver Manuela ("Te amo Bubu!") , que não via desde que se mudara. À noite eu estava completamente exausto, hiperchapado e decidido a adiar um dia, mas não consegui avisar a minha "parceira", que segundo me contou depois, passou toda a noite, até às 4 da manhã, arrumando a bagagem e por isso não acordou cedo, mas eu consegui acordar bastante cedo, porém não o bastante para sair e chegar em Imbassaí num horário decente sem enfrentar o sol do meio-dia. Pra "melhorar", eu não conseguia falar com a "sacana" e estava com muita disposição de escrever, então fiquei escrevendo e tentando resposta dela num msn ausente. Inútil ambas coisas.
Lá pelas 8h ela acorda e atende o telefone com uma voz de quem está morrendo e me diz que tá tudo certo para eu dar meus pulos, mas ela meter a bike dela num "buzuzinho"até Guarajuba onde nos encontraríamos e seguiríamos juntos, mas eu não sou puta o bastante pra colocar minha bike num buzu pra ir prum pedal, posso até fazer isso na volta, mas cada caso é um caso e eu queria mesmo era pedalar, estar só novamente com minha verdadeira parceira e amiga Marieta e já que teria companhia mais à frente nada melhor que aproveitar a solidão do CIA.
Eu, com a minha cara de "santo-sacana", me saí daqui às 11:50h de um dia de maravilhoso sol de verão filadaputa. Desculpem-me o palavreado, mas é de fuder. Quando estou com sorte minha mãe organiza umas nuvens lá no céu pra proteger a mim do sol ladrão, mas a sorte nunca dura duas horas, não ininterruptamente, mas um dia eu chego lá. No momento que estava saindo de casa o que eu pensei após breve análise foi: Foda-se!

"Protetor solar, boné, tô pronto".

Sabe quando nada lhe ajuda? Pois é! Parece que no dia que eu resolvo viajar, todos precisam de mim e esse vai-daqui-vai-dali acabou por me fazer esquecer coisas bem importantes como saco de dormir, sandália e corda, mas eu não podia esquecer o Dostoiévski, porque eu não sabia quanto tempo ia ficar viajando. Tinha só 100 reais no bolso, mas ainda tinha "cielo" e isso era um conforto. Além do mais eu sempre consigo gastar menos quando já não tenho nada. Quando estou de bicicleta eu acredito que posso chegar em qualquer lugar e sei que serei bem chegado. Que nem um mastercard, só que com uma bandeira um pouco maior e mais simpática.
Saí quase meio-dia e só cheguei em Guarajuba 17h. Pretendia dormir em imbassaí, mas mais uma vez diante de minha pouca fé em prosseguir com o plano, a mocinha me convenceu a tomar um banho de mar e relaxar, pois a viagem estava apenas começando.
Depois do banho de mar era a hora de almoçar. Tinha me decidido comer apenas quando nos encontrássemos, isso me pouparia o tempo de uma parada, mas que rolou foi que depois do mergulho, depois de secos pegamos nossas bikes e partimos. No caminho é que me lembrei que estava "na larica", então teríamos que fazer essa parada em Praia do Forte. Problema seria achar um lugar pra se pagar um preço honesto lá. Mas verme é verme e "comeu morreu" tem em todo lugar. 
Enquanto rodávamos encontramos Maritza e Lucca, pessoas que alegram meu coração em qualquer momento. Pena eu estar tão exausto e com tanta urgência em seguir, mas aqueles 2 minutos fizeram as 7 horas de sol na cabeça começarem a ter algum sentido. 
Porém, adiante, pudemos ter a pior experiência gastronômica de todas as "gororobas 'true'" em acampamentos e trips lisérgicas e cachaçadas que eu ou qualquer de nós já teve o prazer de experimentar: um pirão de leite digno de nota zeroinfinito, que pra aliviar o desgosto veio acompanhando uma carne de sol quase no ponto certo. Depois disso partimos, agora sem ter nenhuma certeza se chegaríamos vivos, pois temíamos aquilo começar a embrulhar no estômago que antes reclamava por estar vazio.
Apesar de tudo conseguimos chegar em Imbassaí, armamos a rede e a barraca e fomos tomar uma pois ninguém é de ferro, sujos mesmo porque estávamos felizes demais por termos chegado e depois do banho o cansaço ia nos mandar dormir. Confesso que se eu estivesse sozinho provavelmente nem chegaria em praia do forte, mas essa cerveja em Imbassaí, depois de toda a semana maluca que eu tive, foi a melhor cerveja do ano de 2011 inteiro, uma das últimas.
No outro dia ainda tivemos tempo pra ver Stellinha, que também estava visitando a Bahia depois de ir morar em São Paulo. (Ah! Essas meninas!) E continuamos nossa jornada rumo agora a Sapiranga, e, advinha? Chegamos lá de noite. 

(continua...)

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