sexta-feira, 19 de abril de 2013

A chuva, os índios, o futebol e a ditadura

E ontem choveu, né? Edson Santana bem que previu na véspera, não foi pombo sujo? Eu ia ficar falando aqui de futebol, mas o assunto anda meio chato. Prefiro falar da chuva e da situação dos Guarani-Kaiowa e de todas as comunidades indígenas que continuam sendo massacradas pela merda do capital e seus capitalistas.
Por que é que temos que destruir tudo de bom no planeta? Não é possível que em nosso governo não haja um filho de Deus que compreenda que nossa história está sendo apagada a cada dia enquanto não nos voltarmos seriamente para essa questão. A cidade está cheia de crack, eu poderia ficar falando isso aqui também. É uma coisa que é muito mais presente na vida de qualquer "facebooker" e de qualquer animal que tenha uma vida urbana, mas se a gente ainda não aprendeu a lidar com índios, que estão aqui há mais tempo, como poderemos encarar os "neo-demônios" criados pelo mesmo capital e seus capitalistas?
Ainda ontem mesmo, Paulo Almeida me perguntou, como sempre faz, porque a gente tá sempre muito tempo sem se ver e enfim:
- O que é que você anda fazendo, hein Miséra???
- Eu tô buscando inspiração, man. Não tô usando crack, nem virei homossexual, nem comunista, nem religioso, nem maluco.
Aí me vem na cabeça que as pessoas estão sempre tendo suas próprias idéias sobre várias coisas, mas é tudo superficial, como o respeito no trânsito, como o amor ao próximo. E eu não consigo ficar assim achando normal as pessoas mudando sempre, mesmo tendo convicção de que mudei e que sou uma pessoa completamente diferente, mas isso não me tornou um criminoso, não mudou meu caráter, meu tesão, nem mesmo meu time de coração eu mudei, ou mudarei, ou deixarei de amar minha família, meus amigos, as pessoas que vou conhecendo diariamente. Já passei da idade de "encher o saco da vida" e me consumir com coisas como fofocas, falcatruas ou tristeza, coisas que não  me interessam. Sou muito feliz, mas derramo minhas lágrimas como todo mundo. A felicidade de encontrar amigos queridos às vezes é estragada pela ciência da perda de uma só alma conhecida e eu entro na questão dos índios e pergunto: de quantas almas mortas estamos precisando?
Fui me encontrar com Jane Fernandes para assistir "O dia que durou 21 anos" e encontrei Felipe Brust e Jane Figuerêdo. O plano depois era começar a comer água pra ver o jogo, mas ninguém dessa galera tava comendo mais água. 
Vendo o filme me vem à cabeça o espírito covarde do brasileiro que aceitou resignado aos 21 anos de uma ditadura vergonhosa até mesmo para seus ditadores. Eu nasci nela e no filme pude relembrar algumas histórias que ouvi talvez ainda na infância e acho que nenhum brasileiro queria se lembrar. Melhor lembrar que a ditadura acabou na minha primeira adolescência e com 21 anos já tinha visto meu time de coração ser campeão de tudo.
Assisti a jogos de futebol inesquecíveis pela televisão. Não sei como outra pessoa pode ter essa sensação de felicidade apenas por torcer para um time, mas meu time é o melhor do mundo. Sei que para cada torcedor o seu time é sempre o melhor e o adversário é sempre "o comédia". Mas eu conheço apenas o meu time e ontem eu sabia que ele ia me dar uma justificativa, sobretudo eu tinha toda a confiança e quando a felicidade reina coisas boas acontecem em série. Eu sei disso desde muito jovem e às vezes é duro demais encarar a realidade contrária, pois ela também é real neste mundo de pessoas sem alma e sem amor. Só que aí me aparece Romário Jr., Corrreeeeente! O novo papai da galera e vem aquela pergunta:
- E você, Thilindão vai fazer o seu não?
- Porra man! Na moral... amo crianças, amo fazer sexo, amo milhares de mulheres com quem me casaria e teria uma renca de pivetes, mas não é disso que o mundo precisa. Já temos muitas mães solteiras, crianças abandonadas precisando de pais e mães e atenção e cuidado... Sorte tem aqueles que encontram no momento certo, a pessoa certa, mas a qualquer momento isso pode acontecer. Quem é que controla? (Minha querida atual amada não tava a fim.)
E aí que, voltando a Romário e a torcida SampaSSA o São Paulo baixou a bola de um time que todos diziam ser o melhor do Brasil na atualidade. Mas são paulino não vive de atualidade, vive de espírito e foi o espírito do time, esse que ama e respeita a camisa que veste e a história que representa que venceu o jogo de ontem exatamente como eu previra. Pena que faltaram os 2 gols de Luis Fabiano, mas iremos no encontrar mais pra frente. Choveu, mas o que importa é que a chuva só foi pegar a gente quando paramos no posto pra tomar uma heineken, que não tinha, mas ainda tinha um bocado de outras cervejas lindamente geladas.

Somos todos Guarani-Kaiowa!

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