segunda-feira, 11 de julho de 2011

Acho que a falta de cabelos brancos tira a minha credibilidade

É muito engraçado ver pessoas que me conheceram ontem e sabem mais ao meu respeito e de minha vida cotidiana do que eu mesmo. Todo mundo sabe meu perfil psicológico só de olhar minha unha. É impressionante! É como se nesses meus quase 40 anos eu só estivesse vivo naquele momento que alguém está me criando em sua mente, com suas palavras. Isso me assusta, mas me faz rir. Parece que eu não passei pela infância nem pela adolescência. Algumas pessoas esquecem momentaneamente que eu sou negro e eu até consigo encarar isso. Mas não dá pra eu mesmo esquecer disso, pois nessas quase 4 décadas não houve um dia em que isso não fosse berrado em minha cara; outras pessoas pensam ainda que por eu ter tido uma vida difícil (já que eu nasci negro) eu sou uma pessoa amargurada.
Talvez por sorte, talvez por esperteza eu aprendi a separar os racistas dos ignorantes ainda bem pequeno. Isso não me fez ter uma vida mais fácil em canto nenhum, mas me deixou bastante tranquilo com relação ao que eu penso sobre mim mesmo ouvindo  as coisas que eu ouvia o tempo inteiro na década de 80. Mantive meu pensamento em evolução. Cheguei nos anos 90 nem aí pra nada, pois já tinha uma idéia do que era a "sociedade adulta" que me esperava. Nenhuma decepção, nenhuma surpresa. Mas já  não podia ser compreendido plenamente, pois em nenhum momento eu quis ser nada além de eu mesmo. 
O ano 2000 chegou e já se passaram 11 anos e ainda tem gente acreditando que o pensamento medieval faz sentido. As mulheres estão mais machistas que os homens, o racismo ganhou o apoio da homofobia e a consciência foi perdendo espaço para o achismo. Eu, por exemplo, acho todo mundo muito imbecil, mas é só quando se fala de ambições, ou principalmente nesse ponto. Enquanto eu penso que já vivi muito mais do que mereço, as pessoas pensam em juntar dinheiro pra comprar uma vida boa.
Quando o assunto é dinheiro então fica tudo muito pior. As pessoas se agarram ao dinheiro como se ele fosse a única coisa capaz de lhes salvar. Parece que nossa evolução agora é apenas social. Não é possível para a grande maioria desejar nada que não seja comprável. Infelizmente, para essa mesma turma, eu também não posso desejar nada que não me dê um status, pois como todos sabem "foi com isso que eu sonhei toda a minha vida". (Tonteria)
Talvez eu esteja menos velho do que imagino. Vejo pessoas bem mais velhas muito mais tolerantes e felizes com o que vêem ao redor, mas o cansaço que sinto é de alguém que já viu demais, que já foi discriminado demais, que já perdeu amigos demais, que já perdeu a paciência demais, já foi mal interpretado e incompreendido demais... Não invejo ninguém, nem desejo mal, não meto a mão no que não me pertence, não cobiço a mulher do próximo nem sou o taradão que as pessoas imaginam. Só não posso fingir que sou como acham.
As pessoas gostam mesmo é de tirar uma onda, seja com dinheiro, seja com status, ou seja com mentiras. Conhecimento que é bom ninguém busca, só se for pra ganhar mais dinheiro pra tirar mais onda. É uma doença. Por isso eu digo que "odeio o dinheiro!" Mas aquelas pessoas que me conhecem melhor do que eu acham que eu digo isso da boca pra fora e elas tem até uma certa razão: Eu não odeio o dinheiro, só odeio a idéia de que ele que ele possa ser necessário pra algo que eu deseje. Mas ninguém aceita isso.
Mas o que me incomoda mesmo é que nas relações pessoais as pessoas não estão mais pensando. É só um jogo. Nada é mais importante do que estar por cima da carne seca. O cara tem que ser "o pegador" a mulher tem que ser "a gata da moda" e eu tenho que ser um cara que corre atrás dessas "qualidades", pois eu preciso estar antenado. É loucura!
Eu dou importância a muito pouca coisa nesse mundo, é verdade, mas o que é importante mesmo?

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