quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Que viagem é essa, Thilindão? - Praticamente um Highlander


Saída de Cumbica (y)
Tudo começou quando o São Paulo enfrentou o Flamengo, lá pelos idos de 1981. Meus 2 irmãos, mais velhos eram flamenguistas doentes e eu, caçula, como não podia deixar de ser, tive que torcer contra, e nesse dia o adversário era o São Paulo. Fiquei impressionado com a beleza do uniforme e a raça dos jogadores, que foram atrás de um placar de 4x1 e encostaram, mas infelizmente o jogo acabou antes do empate, no entanto nascia ali um São Paulino dos melhores. E minha viagem começou justamente por causa dessa paixão.
Numa bela noite de sábado de julho, a GOL resolveu fazer uma daquelas promoções e eu recebo a notícia no exato momento que me sento no computador incerto sobre meu aniversário que se aproximava. Queria estar viajando, mas meu sonho mesmo era estar comemorando mais uma Libertadores com o São Paulo e a final seria no dia 17/8, dois dias antes de meu aniversário. Pensando rapidamente juntei tudo o que eu queria e comprei as passagens na intenção de passar uma semana andando de bike e comendo água, mas as coisas não saíram exatamente dessa maneira. A começar pelo SWU Festival que anunciou, alguns dias depois de eu ter comprado as passagens, o show do Rage Against the Machine (a banda que eu mais me amarro nesse planeta) em outubro, em seguida pelo São Paulo que perdeu na semifinal duas semanas depois me deixando uma semana completamente à toa na maior cidade dessa faixa de terra.
Entre a data da compra da passagem e o dia da viagem eu pensei várias vezes em remarcar o vôo e desistir de passar o aniversário longe, mas eu acho que não suportaria não estar viajando. Aliás, a cada dia que passa eu suporto menos não estar viajando, mas isso é uma outra história.
Na véspera da viagem teve show dos Honkers e é claro que eu comi água como gente grande em mais uma apresentação insana, debaixo de chuva, no Largo de Santana. Cheguei no aeroporto na hora certa de embarcar a bike que só precisou esvaziar os pneus. Uma maravilha!
Chegando em Guarulhos era hora de “ver da colé” de minha atitude de pedalar até Sampa City. Não tinha mapa, nem GPS, nem boa memória, mas tinha muita fé em meus instintos primitivos de que eu não ia me perder numa cidade bem sinalizada como São Paulo. Além do mais eu conhecia razoavelmente bem a área onde Paulinha, minha cicerone, mora e não teria maiores dificuldades de chegar lá, mas tive.
Demorei quase uma hora pra poder pegar a bike, depois ainda tive que encher os pneus. Umas 15 horas eu tava na rua. Lembro de antes de embarcar ter tido o cuidado de ver a previsão do tempo pra São Paulo na semana que eu estaria lá. Ela dizia: “sábado: possibilidade de chuva durante todo dia; domingo: não chove; seg: não chove...”. Pensei comigo: “Sábado se chover que se foda! Eu vou estar pedalando e não vou sentir frio.” - Ó que otário! Graças a Deus não choveu, mas tava fazendo um sol de 10º e eu não tinha levado nenhum agasalho.
Peguei a Dutra e me apliquei em pedalar. A sensação era das melhores, pois parecia uma manhã ressaquiada de domingo, pedalando no “sol frio” do inverno. Meio Londres, sabe como é? (eu não sei, enfim.). Pedalar por ali era agradável até certo ponto, pois em alguns momentos a pista, em constante reforma, fica sem acostamento e, como sempre, não possui ciclovia.
Quando cheguei na Marginal Tietê o dia ainda estava alto. Teria bastante tempo pra me perder antes de dar um telefonema, ou parar pra pedir alguma informação, e só fui fazer isso quando vi que eram 18:30 e eu ainda estava na maldita Marginal da morte sem saber como sair de dentro da trilha que acompanha o rio, que foi onde eu fui parar para evitar o incessante e irritante trânsito de São Paulo, mesmo num sábado à tarde. Uma coisa horrenda pra quem anda de bicicleta.
Quase duas horas depois, exausto, mas feliz de ter deixado a Marginal o pneu traseiro faz o som característico de bola de soprar vazando. Era o fim da minha pedalada. Era noite, era sábado, eu não tinha câmera reserva, nem pneu, nem ânimo. Chamei um táxi, desmontei parcialmente a bike, coloquei na mala e parti pra casa de Paulinha, que já estava ficando doida (ela não admite) de preocupação comigo perdido de bicicleta por São Paulo.
Paulinha é uma amiga das mais adoráveis por ser uma pessoa de uma incrível capacidade de se fazer adorável. Além de ter um sorriso matador. Depois de um merecido e revigorante banho eu não sentia mais cansaço, ou frio, ou qualquer tipo de incômodo. Ela fez um jantar esplêndido, serviu um vinho supimpa e ainda me apresentou uma amiga bacana. Eu estava costumado a ser bem recebido, mas eu nem sabia se merecia tanto. Com o avançar do papo e da noite eu nem lembrava mais que queria era ir pra Augusta encher a caveira e sentir a noite paulista fervilhando naquele frio. Mas a amiga de Paulinha tinha que ir embora e sua prima nos esperava no bar.

Chegamos no bar perto de meia-noite e logo de cara vejo Stella, uma amiga de Salvador que está morando em Sampa há alguns anos. Nandy também a conhecia e elas estavam com mais alguns amigos decidindo por abrir a noite “pesada” com uma garrafa da excelente cachaça de banana servida no bar de tio Wilson.
Claro que a noite foi insana, ou não seria Augusta. Nandy primeiro, seguida de Paulinha e mais alguns dos amigos das garotas só agüentaram até a terceira garrafa de cachaça e foram embora. A princípio eu teria que ir também, pois estava de hóspede e não queria, logo na primeira noite, causar algum mal-estar chegando travado no meio da madrugada, mas Paulinha foi tão convincente em me despreocupar que eu só podia pedir mais uma garrafa de cachaça.
O grupo que chegou a 11 beberões estava agora reduzido a cinco highlanders. Nós, além de sermos expulsos do bar por tio Wilson que queria dormir, subimos a Augusta bebericando um pouco em cada boteco até nos separarmos em Dona Antônia pouco depois das 4 da manhã.

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