Olimpíada no Brasil. A
gente já teve Copa do Mundo aqui, perdemos e ninguém morreu. Mas protestos deram no golpe e nós continuamos o mesmo povo brasileiro: alegre... machista, intolerante, racista, ególatra, xenófobo e homofóbico.
Pelo menos aqui reconheço a parte que me cabe nisso tudo quando vou
pro carnaval amar as gringas que chegam, mas odiar os gringos quando pegam nossas
pretas pra levar pra longe... antigamente eu podia entrar numa rua
ali e dar um beijo na garota mais linda no mundo daquela hora, mas
agora ela tá em outro país e eu odeio ter ódio, mas fico feliz com
sua felicidade...; reconheço minha parte quando creio que não
deve-se se meter em briga de casal (afinal ela deve saber porque tá
apanhando), e todos esses pensamentos loucos que a geral ainda aceita
com muita naturalidade. Nesse mesmo lugar com essa turma de
bem-feitores tivemos uma ótima olimpíada. Quem diria?!
Em
nosso quadro de atletas olímpicos temos jovens que se tornaram
atletas graças a Deus, temos aqueles atletas que prestaram
concursos, participaram de editais para integrar o quadro do exército
e assim poderem treinar como militares; temos atletas que seguem uma
tradição de família no esporte, enfim. Infelizmente, seja no
exército, marinha ou aeronáutica, cargo público ou privado,
religião, família, esporte, órgão de imprensa, área cultural,
internet, underweb, em toda a organização da nossa sociedade, temos
uma “raça-dominante-não-humana”, que deseja que
continuemos com todas essas nossas falhas de caráter que eu
já citei aqui (assumindo a parte que me cabe), para que essa indigna
raça continue dominando com toda sua impureza e malícia. Mas eu não
quero mesmo ficar falando aqui de raça e conflitos.
Um
vídeo postado com brincadeiras entre atletas nos deu um exemplo de
como são as coisas fora dos holofotes. Graças a uma geração de
ególatras que desejam toda a publicidade em seus atos, mesmo os mais
levianos, atletas olímpicos militares foram exibidos se tratando
como brasileiros dominados pelo pensamento alien em que não existe
respeito ou parceiragem entre quem se acham superiores (seja à mulher, seja ao pobre, seja ao negro) e os inferiorizados. Me lembrou
uma ocasião na infância em que um colega negro começou a fazer
“brincadeiras” contando piadas que ofendiam o negro(eu) como
se ele também não fosse um preto. Nossa amizade não durou muito.
Tínhamos uma professora igualmente dominada pelo pensamento
alienígena, a maldita influência da tal “raça dominante”.
Naquela época, quando mulheres negras ainda eram vistas apenas
ocupando cargos como de como empregadas domésticas, faxineiras,
babás, nunca como médicas, juízas, mega-empresárias, professoras eu já tinha
que conviver com a auto-depreciação, que ainda persiste no ego
brasileiro, mas eu ainda não tinha condição de entender porque
existia aquele tipo de coisa e apenas me emputecia em silêncio.
O
saltador francês fez a infeliz comparação das vaias que recebeu
com as da Alemanha nazista, mas o que esperar de um francês? Ele não
fez por mal, talvez, mas mostrou que a maldade pode ter 2 lados. Nós
também não o vaiamos por mal, mas o vaiaríamos com muito mais
vigor numa nova oportunidade, pois a alegria também tem 2 lados.
O
Brasil é um país tão difícil... não se trata de conflitos entre
pretos, índios e brancos. As etnias até convivem pacificamente. É
uma espécie de loucura coletiva quando se atinge um certo patamar,
nível, grau, sei lá! passa-se a tratar tudo de uma maneira
diferente. É triste, é real e gritante o superiorismo, o machismo
brasileiro e racismo, carregamos no peito nossa medalha. Mas eu não
quero mais ficar falando aqui disso. Todos temos nossos defeitos e qualidades cabe a cada um acordar a parte que quer servir.
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