quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A esplêndida Massarandupió

Experimente pegar a formidabilidade, esplendidabilidade, jubilosidade, graciosidade, desgraciosidade, candura, muita insanidade e coloque tudo isso dentro de uma casa, num dos lugares mais deslumbrantes que você já viu, depois tente ficar sóbrio, ou explicar a maravilha que é estar vivo. Retórica ou redundância? Não importa! O fato que o reveillon não pode ser resumido em uma palavra, mas eu posso, com toda a sinceridade que me é peculiar, dizer que foi simplesmente esplêndido.
O momento da virada foi realmente espetacular, merecia ser o final feliz de um filme de Dany Boyle, com trilha sonora de Bob Dylan, Beatles ou Volver, mas se eu tenho mesmo um Deus para agradecer, agradeço por não ser nenhum final de nada e sim o começo de um novo ano, uma nova vida, um novo viver que só pode ficar melhor. A chegada de 2010 pode ter sido o momento mais agradável de toda a minha existência, mas o que eu aprendi com as pessoas, com a minha vida, com o lugar, com os excessos e com a escassez estão “encarcados” em mim, e agora eu não tenho outra escolha a não ser compartilhar.
Pra começar devo deixar claro aqui que foram 5 dias harmonia quase infinita, que só foi brevemente abalada quando o estoque interminável de cerveja terminou, mas isso não foi problema, pois a cerveja não era tão cara quanto esperávamos no bar ao lado, era R$ 3,50 a skol estupidamente gelada servida pelas simpaticíssimas Zilda e Zi, que eram as fiéis escudeiras de Dona Tereza, um ser que decididamente não faz parte desse planeta desumano e hsotil. Fora isso só as ressacas.
Queria de verdade citar o nome de cada uma das pessoas que compartilharam esses momentos esplêndidos de paz e felicidade plena, mas fizemos um acordo de que o que acontece em Massa, fica em Massa. Além do mais, ainda que eu quisesse mesmo muito isso eu não conseguiria me lembrar o nome de todas as pessoas, eram mais de 20, das quais eu já conhecia umas 10, mesmo assim minha memória é uma merda com nomes como já sabem.
Cheguei lá dia 30 à noite, depois de uma verdadeira odisséia para arrumar 5 pessoas, 8 malas, caixas de cerveja, ventiladores, colchões, travesseiros; tivemos que sair e entrar no carro algumas vezes no caminho, pois precisava-se tirar dinheiro, comprar cervejas, energéticos, mas, depois disso tudo, foi ótimo chegar lá e encontrar cervejas estupidamente geladas e amigos queridos.
A lua estava absurdamente exuberante naquele céu de contos de fada que fez na noite do dia 31. Era a famosa “Lua Azul”, que é a segunda lua cheia em um mês e acho que pra ser mais perfeito eu só precisava ter um estoque de cerveja, vários amigos e alguém muito especial pra dar um clima. Não faltou nada disso. Até minha camisa verde eu achei perfeita, mesmo tendo odiado essa cor a minha vida inteira. No exato momento em que os fogos irromperam os céus distantes das cidades em festa eu estava exatamente onde eu queria, onde qualquer um queria estar, num sentimento de felicidade tão absurdo que por um triz não coloco tudo a perder com a explosão de alegria que me invadiu e me fez ficar completamente bobo. Eu não conseguia pensar em nada além de ser um cara de muita sorte por conseguir me manter a salvo de toda a maldade e pensamentos ruins que me rodearam durante um ano bastante complicado em minha vida. Sem emprego, sem namorada, com uma banda cheia de problemas, minha mãe lutando contra doença... minha desesperança em alguns momentos me fez pensar que não valia à pena ser uma pessoa boa, mas o reveillon compensou tudo com sobra pra mais 2010 anos. Eu poderia morrer feliz, ou quem sabe ser arrebatado, como crêem os crentes, mas foi exatamente na vida que eu pensei. Tive a certeza de que não vale nada se passar a vida toda buscando uma felicidade irreal de se ter muito dinheiro para gastar, se os pequenos prazeres que compoem a felicidade não se compra, de que não vale nada ter todas as mulheres do mundo a seus pés se você não pode fazê-las todas felizes ao mesmo tempo, só uma, e apenas uma basta pra se estar feliz, que não importa sonhar com coisas materiais se a felicidade emana de dentro de nossa consciência. Sei que não vou conseguir explicar isso em palavras, ainda mais porque eu estou falando de um fim de semana e a felicidade é uma vida e, naquele momento, era a minha.

No dia 1º de manhã eu resolvi ir pra praia. Acordei razoavelmente cedo para quem fez uma grande farra. Chamei minha companheira, meus companheiros, todos, mas todo mundo se aputou. Fui sozinho mesmo sentindo vento, o sol, a felicidade; felicitando as pessoas pelo novo ano, curtindo aquela sensação de isolamento do mundo. Eu era apenas um cara de 193mm, cabelo moicano, andando pela desolação da estrada de terra que levava à praia. Pelo longo caminho, o som da natureza era cortado de quando em quando por algum automóvel que, ora me oferecia uma carona, ora buzinava, ora passava batido, Estava totalmente absorto em curtir a felicidade e a paz e acho que isso resume tudo o que aconteceu naqueles dias esplêndidos em Massarandupió.

Um comentário:

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