Chegamos
a pé. Aproximadamente a 1km de Itaeté o câmbio traseiro da bike de
Tetéu prendeu nos raios e deu uma volta na catraca ficando
inutilizado. Teremos que trocá-lo para seguirmos ainda hoje para
Igatu (e dar uma passada no Poço Encantado).
No
trajeto até aqui, paramos em Bandeira de Melo para um banho
refrescante na barragem. A estrada (BA245) desde Iaçu até sabe Deus
onde está péssima. Batizamos de "Costelas de Beth" em
homenagem à primeira esposa do governador do Estado, uma alusão também ao
"Cascaralhau de Wagner" que foi o nome dado ao trecho
Milagres-Iaçu(BA046) na nossa ida para o Capão em 2010. As Costelas
de Beth foram as causadoras do problema com o câmbio e os 100km que
andamos nela até agora foram os piores de toda a minha vida.
Fazendo
uma retrospectiva desde o primeiro dia de viagem:
Às
5:40 de segunda-feira, 23/04/2012, encontrei o Sr. Emanuel França(Tetéu) em
frente a estação de trem de Periperi e começamos nossa viagem
enfrentando uma avenida Suburbana impressionantemente caótica já
nas primeiras horas da manhã de sexta. Os motoristas nervosos e
impacientes tornam o trânsito um verdadeiro saco de merda. Apesar disso, pouco
depois das 6h já estávamos no terminal, mas só teria Ferry às 7h.
Depois
da travessia paramos poucas vezes: uma para pilhas em Gameleira, um
lanche no posto Petro Serra e para encher as garrafas de água, mas
depois da ponte do funil o pedal da bike de Tetéu começou a
apresentar problemas. Paramos para colocar óleo, apertar com o
alicate, pois estava duro e desenroscando da pedivela toda hora.
Ao chegar em Nazaré fomos atrás de uma oficina e paramos na feira
onde encontramos uma. O dono da loja nos indicou um lugar para almoçar dos
melhores: O restaurante Água Viva da
dona Zilda, uma cora simpática de tempero formidável que nos
serviu PF's de carne e frango com um descontozinho especial e
conquistou nossa amizade e paladar ali mesmo na feira livre. (já pensei na Volta do Recôncavo
do ano que vem)
Seguimos
para Santo Antônio de Jesus onde iríamos pernoitar, antes mais uma
paradinha em Muniz Ferreira para reabastecimento de água e descanso.
Chegamos
na Pousada Cosme e Damião por volta das 16:50h. Renato estava no
balcão atendendo uns clientes em sua
Padaria-restaurante-lanchonete-pousada. Olhando-o à primeira vista
se imagina um cara invocado, mas depois que se conversa com ele
percebe-se uma simpatia invencível. Depois de bebermos alguns sucos
e um café de microondas fomos nos acomodar em nossa suíte. À noite
fomos a pé até o banco e na farmácia onde por acaso encontrei um
livro pra me acompanhar na viagem já que eu não levara nenhuma
literatura: "A cidade e as Serras", livro póstumo de Eça
de Queiroz da Editora Avenida, por apenas 3 reais. Apenas comecei a
lê-lo antes de dormir e já estava em outro planeta.
O
café da manhã era por conta de Renato, mas ele não estava lá
quando a gente acordou e tivemos que esperar um pouco até que ele
aparecesse. Um funcionário abriu a garagem para a gente pegar as
bikes e lá pelas 5:30h o Renato apareceu para abrir a sua
padaria-restaurante-lanchonete e nos servir o desjejum. As 6h partimos rumo a Iaçu.
Nossa
preocupação era com o almoço visto que quando fomos pro Capão em
2010 o plano de almoçar em Tartaruga foi uma grande roubada já que
não encontramos lugar e tivemos que ir até Iaçu
apenas com coco e água. Subimos e descemos a serra. Às 8h passamos
por São Miguel das Matas onde em 2010 bebemos o fantástico e
providencial suco de maracumanga, mas que dessa vez ficaram nos
devendo. Bati forte minha cabeça quando fui lavar minhas mãos sujas
não sei de quê, mas ainda bem que estava de capacete (já disse que ele não era útil?).
Paramos
em Amargosa às 10h e resolvemos partir logo pro almoço. Demos uma
olhada em volta, perguntamos a algumas pessoas, mas ainda era muito
cedo para servirem comida. Por fim, procuramos a feira, mas ela
também estava num ritmo lento de início de semana, por sorte ao
lado encontramos um lugar: "O rei da carne do sol" que já
estava abrindo e apenas a carne ainda não estava pronta. Tudo bem
pra mim que não estava muito carnívoro e me pus a encher o prato de
folhas pra em seguida cair no feijão. Tetéu fez o mesmo, mas
esperou pela carne de frango assada.
De
bucho cheio seguimos viagem. No caminho uma cena desnecessária de um vaqueiro fustigando uma vaca com uma varada no olho e aquilo me causou certa agonia, mas eu não ia discutir com ele ali, não pelo facão em sua cintura, mas pela própria vida que ele se acostumou a levar controlando animais mais pesados que ele à base da força bruta. Lhe disse que aquilo não era necessário em seguida ajudamos a tirar o animal da estrada tangendo-o (sem violência). Paramos em Tartaruga e para nossa
surpresa havia um mercadinho aberto e a lanchonete que em 2010 estava
sem cozinheiro dessa vez estava em pleno funcionamento. Nos
abastecemos de água e chegamos no entroncamento de Milagres às 14h
para conferir o asfalto novo em folha do antigo "Cascaralhau de
Wagner". Bebemos uma tubaína de sabor laranja e enfrentamos
mais 3 horas de sol escaldante pela estrada que não nos oferecia
nenhuma sombra, ou ponto de parada. As únicas coisas interessantes
foram os animais mortos no lixão logo no início da estrada e os pés
de algodão minúsculos que apareceram em certo trecho da orla. (foto que não tirei por falta de cabeça)
Chegamos
em Iaçu e fomos direto ao bar “Formidável” do colega dos tempos
de ferrovia de Tetéu, Jessinho, mas o sacana mais uma vez, como em
2010, não estava lá. Segundo a garçonete ele estivera até a uma
hora atrás mas tinha se mandado para a roça. Tudo bem. Pudemos ver
Fernando Torres tirar o poderoso Barça da final da Champions League
bebendo um delicioso suco de abacaxi.
Pernoitamos
na pousada Asa Branca, do nosso amigo Sinval, devoto de Bom Jesus da
Lapa, que prometemos visitar e lhe fazer uma prece quando por lá
passássemos (só não seria nessa viagem). Sua ajudante Lene nos
mostrou o quarto e nos arranjou um balde para que pudéssemos lavar
nossas roupas. Eu quis lhe pedir uma massagem nos ombros, mas achei
que seria abusar de sua boa vontade. Também acho que o Sinval não
ia gostar muito.
Depois
de acomodados fomos à lan house descarregar as fotos da câmera,
checar os e-mails e atualizar facebook etc. Voltamos pra pousada e dormimos.
Descansei quase maravilhosamente não fossem os mosquitos enormes que atravessaram meu mosquiteiro e me perturbaram a noite inteira até que a batera de Dieguito e o baixo de Luca (Introdução para seres neuróticos - toque do despertador do celular) tocou me avisando que era hora de levantar.
Descansei quase maravilhosamente não fossem os mosquitos enormes que atravessaram meu mosquiteiro e me perturbaram a noite inteira até que a batera de Dieguito e o baixo de Luca (Introdução para seres neuróticos - toque do despertador do celular) tocou me avisando que era hora de levantar.
Dessa
vez não esperamos o café. Pegamos a estrada que nada tinha a ver
com a que chegou em Iaçu. Até Itaeté não tinha asfalto algum,
apenas as “Costelas de Beth”(nome dado em homenagem à 1ª esposa de Waner) e fomos desjejuar lá em João Amaro às 07:07 da manhã
assistindo ao sanguinolento e por vezes irresponsável Raimundo
Varela, que a uma hora daquelas, quando as pessoas estão iniciando seu
dia, mostra apenas as desgraças e mazelas da sociedade doentia como
ele próprio. Pelo menos o café estava ótimo e a gracinha que
preparou os sanduíches ainda teve paciência de tirar uma foto nossa. Ela atendendo ao meu pedido tão embaraçada, encantadoramente sem jeito merecia também uma foto, mas eu me intimidei.
Seguimos
as Costelas de Beth passando por alguns acampamentos do MST, num
deles eu quase caí ao tentar acenar para uma criança linda à porta
de um barraco. Chegamos em Marcionílio Souza para o almoço às
11:30h no bar e restaurante “Saborear” onde fomos atendidos de
maneira vip apesar de nosso poeirento aspecto de viajante. Depois
fomos até a sorveteria onde em 2010 tomamos um delicioso sorvete de
“beijinho” servido pela adorável Marlene (xará da sra. Tetéu)
que acabou virando, naquela ocasião, a brincadeira da viagem e nessa
volta, no calor da estrada, eu só pensava nisso, no “beijinho de
marlene”, mas estava fechado.
Seguimos
viagem e logo na saída de Marcionílio Souza um carro da polícia
veio nos interpelar procurando duas bizzes pretas, que logicamente
não tínhamos visto. Tetéu tinha certeza que era papo
furado e os caras estavam atrás de alguma outra onda que graças a
Deus deixaram pra lá ao nos verem concentrados na estrada e em
chegar no nosso destino. Em Queimadinha pegamos mais água e às 15h
chegamos em Bandeira de melo para um revigorante banho de represa em
um refri com pão donzelo.
Continuamos
a viagem e na minha tentativa de escapar das costelas de Beth e da
trepidação associada meu pneu acabou furando em um espinho na
trilha na lateral à estrada. Paramos para trocar a câmera e de
longe pudemos ver 4 ciclistas se aproximarem. Por estarmos no meio do
nada me bateu uma certa nóia, mas logo eles passaram por nós e
pudemos ver que eram apenas moradores locais retornando do trabalho.
Passaram por nós e sumiram na poeira.
Pouco
tempo depois uma moto encostou do meu lado e um cara me perguntou se iríamos passar a noite em Itaeté e se já
tínhamos onde dormir. Seu nome ra Marcelo, o dono de uma pousada (Bahia) nos oferecendo uma dormida por 25 reais para os dois. "Nada
mal!", pensei, mas a 1 km de chegarmos o câmbio da bike de tetéu
quebrou e chegamos andando, cansados, tarde demais pra procurarmos
qualquer coisa e paramos na primeira pousada que apareceu “Pousada
Poço Encantado” onde Tetéu tinha pernoitado em outras viagens.
Poxa, "viajei" com vocês! Que coragem, pedalar até a Chapada Diamantina! Me deu uma inveja, minha primeira longa jornada "pretendida ainda" é no Parque Pituaçu...
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