sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Um drink no Underground


Há algum tempo atrás eu assinava uma coluna num desses sites de festas, mas esse era voltado para a área da suburbana, o Perifest.com. O nome da coluna era exatamente esse: "Um drink no underground", no qual eu contava histórias sobre bares da região e sobre cachaçadas em geral.
A minha primeira era apenas uma apresentação e a receita do "iceberg", um drink que eu conheci em Porto Alegre. Uma história interessante que eu conto depois.
Então lá vai a minha primeira coluna oficial:

Que Paixão, Duó e Rock nunca fechem as portas!

E cá estou eu. De volta ao mesmo bar de tantos anos, onde todos os dias as mesmas histórias ganhavam novos finais.
Lembro que uma vez, um cara tinha se engraçado com uma garota que estava acompanhada de alguém muito mais forte do que ele e foi espancado cruelmente, mas o encontrou no dia seguinte e lhe aplicou a punição por ter uma garota bonita ao seu lado: deu-lhe dois tiros e, em seguida, sumiu. Alguns dias depois ficamos sabendo que ele havia se envolvido num acidente de moto naquela mesma noite e morrera. Ou do velho que costumava pagar cervejas para as ninfetas, só porque ele se sentia profundamente solitário e a companhia delas o divertia. Vez por outra alguma lhe prestava uns favores, mas que não era nada comparado ao que elas faziam nas mesmas noites com outros caras em idas e vindas ao bar.
Nas noites em que o frio era a única coisa que nos movia ao bar, beber conhaques, vinhos e pingas somente para nos sentirmos aquecidos e estimulados a conversar sobre os nossos problemas escolares e os problemas do mundo todo, um mundo que não pertence a ninguém, as lembranças das garotas alucinadas, que invadiam os nossos corações com emoções que só a juventude inexperiente pode experimentar: as primeiras dormidas fora de casa, o primeiro vômito, primeira briga, as noites de luxúria e as noites que eram apenas amigos bebendo e tocando violão. Lembro com saudade até dos domingos de ba-vi em que a rua ficava lotada de gente e a gente tinha que chegar bem cedo se quiséssemos assistir, sentados, aos jogos.
As noites continuam lá, as mesmas histórias, apenas nós ficamos mais velhos e os rótulos de cerveja se renovam. A rua das Sete Casas, de Duó, e de Paixão(que deus o tenha!), de Rock, do extinto Arre Égua, nunca vai perder aquele encanto. Mesmo que hoje os carros com seus sons potentes, os videokês e DVDs insistam em dar novos tons sem graça às noites alcoólicas de Pericity, sabemos que a idade chega para todos, mas o nosso egoísmo nos deixa cegos ao não perceber que existe vida após a noite.
Espero poder sempre ter esta opção quando estiver em Periperi. Beber em um lugar sossegado com meus amigos, sabendo que todas as noites nós teremos as mesmas surpresas que já vimos outros terem, ou que nós mesmos já tivemos.

(Homenagem a Duó, cujo bar deveria ser tombado pelo IPHAN, juntamente com o de Paixão. Na foto: eu entornando a cachaça no bar de Duó e lá atrás 'lá longe', o próprio Duó e atrás dele seu filho Lázaro)

Um comentário:

  1. Porra man, tinha esquecido do colunista T612 e um Drink no Underground.

    ...Duó, cujo bar deveria ser tombado pelo IPHAN...(onde assino?)

    ResponderExcluir

Aprecio muito!

Se chegue

Nome

E-mail *

Mensagem *