Rapaz,
eu preciso voltar a beber logo. Esse negócio de doença não é pra
mim! Eu não gosto de paz, só com uma mulher do lado vendo um filme,
bebendo um vinho fazendo e recebendo carinho... hum... Acho que
preciso de uma cerveja, digo de uma mulher. Ah esquece!
O
que eu queria falar é que depois daquela merda toda do "boctrin", hoje
depois que meus amigos maravilhosos ficaram me sacaneando,
aconteceram mais situações desesperadoras. Se bem que se eu
sobreviver a essa semana meu conceito sobre desespero vai estar
completamente formado. Aliás, teve duas coisas que eu omiti, mas foi
por esquecimento, uma na terça-feira, chá quente de boldo na mão
esquerda e outra quarta, achocolatado com água escaldante na boca. O
engraçado é que o da mão que eu achei que ia me fuder não deu
nada e o da boca que eu achei que não ia ser nada machucou. Coisas
da vida.
Como
minha mãe não me tinha por perto 24h por dia por tantos dias
seguidos há alguns anos ela resolveu me dar um presente ontem,
dizendo que era de aniversário atrasado. Eu odeio presentes que não
servem pra beber, mas de minha mãe eu aceito até uma torta de
ervilha. Era uma bermuda de uma dessas lojinhas de shopping que ela
tinha ido com meu cunhado e pra não fugir à regra de bermudas e
calças que se ganha de presente, não deu. Pensei em dizer a ela pra
dar a outra pessoa, mas mãe é foda! Se magoa com tudo.
Hoje
eu já era outro homem. Sentir a rua, mesmo durante o dia já era uma
coisa fabulosa, mas eu tinha que ir a um Shopping, a segunda coisa
que eu mais odeio no mundo. Mesmo assim era bom sair de casa. Tomei
um banho de verdade depois de 3 dias, porque teve um dia desse que
nem banho eu tomei e ou outros foram de se molhar e se enxugar. Me
vesti e caí no mundo. Só não sabia em que andar era a loja e pra
um cara que odeia shopping chegar em um com a sacola da loja e
perguntar onde fica é um pouco de imbecilidade demais. Ligo pra meu
cunhado: caixa-postal (que sacana!), ligo pra minha irmã: “ô Thi,
se eu conseguir falar com ele peço pra ele te ligar” (minha irmã
é 10!).
Não vejo muito sentido
na moda, mas sou escravo dela como qualquer ser humano. Minha “fôrma”
não é lá exatamente a média do brasileiro e acredito que não
seja na média de nenhum povo, o que torna minha busca por qualquer
tipo de vestimenta uma coisa desagradável, pois, “todo vendedor
desse mundo não entenderá exatamente o que eu busco e tentará me
vender qualquer merda.” É de vender que se trata para ele. O “Eu
preciso de um tênis, uma camiseta, uma bermuda, uma calça etc” se
transforma em: “Quero a mais cara, ou a mais barata, peça dessa
loja” a depender do “olhar clínico” do vendedor. É broxante.
Eu detesto comprar, mas lidar com certos vendedores pode realmente
estragar um dia. Salve a internet! Os melhores anos de minha idade eu
não tive internet, mas hoje eu não sei o que seria de mim sem ela.
Porra de moda! “Quero uma camisa sem estampas, uma calça de homem
e bermudas com bolsos fundos!” Assim é mais fácil. Seja como for,
é um saco ter que me vestir com os vendedores.
Peguei o buzéuris e
fui relendo Capitão
Presença
pra aliviar o stress de ir a um shopping, numa loja que eu não iria,
para trocar uma roupa por outra que eu sei que não tem, mas menos de
5 minutos depois eu já tava puto por ter esquecido a ordem de
serviço de um celular meu que está consertando há um mês e pouco.
Ainda bem que O Presença me salvou do stress. – Valeu por essa,
Presa! – Depois de re-rir um monte, quase chegando lá, o sacana me
liga:
- Diga aí, velho?
- Em que piso fica a
loja, man?
- Rapaz, vá em
qualquer uma!
- Sim, véi, mas eu já
estou chegando no shopping Barra...
- Pode ir em qualquer
uma que é a mesma coisa.
Pra
evitar problemas familiares achei melhor desistir da informação e
aceitar minha “sorte”, só faltava rodar uma hora no shopping e
depois ser atendido por um macho “muito atencioso”, se é que
vocês me entendem.
Dei
sorte! Advinhei a entrada que me levava direto pra porra da loja, e
estava vazia (eu tava mesmo com muita sorte), mas ao olhar direito vi
que só tinham homens pra me atender. Coloquei a sacola em cima do
balcão e anunciei a troca. O brother “conferiu a parada” e me
mandou escolher o que eu iria querer em troca. Em uma olhada em volta
da loja vi que seria um coisa impossível. Perguntei se tinha
camisetas sem estampas, ele me apontou um prateleira com camisetas
nas cores lilás, azul fêmea, azul igual a que eu estava vestido,
rosa. Resolvi ver outras coisas: camisas pólo (medonhas e com
escudo), calças (as que tinham meu nº eram 60 reais além do
valor), o pior de tudo é que eu nem podia pedir pro cara me ajudar,
porque eu sei lá qual era a dele e podia não ficar bem eu dizer
“homem não usa essas coisas”, na hora das camisetas tudo que eu
disse foi “são muito claras”. Bonés sempre são legais, mas os
de lá não davam em minha cabeça. Bicho, eu já tava desesperado,
aí achei uns shorts de tactel, mas a única cor mais ou menos de
homem que tinha era verde, verde musgo segundo o vendedor, cujo nome
eu perguntei, mas esqueci, peguei um desses mesmo, mas ainda faltava
pra inteirar o valor. Olhei novamente p’ras camisas alegres e
perguntei pra menina, digo, pro rapaz se realmente não tinham outras
cores e só aí que o sacana foi mostrar outra prateleira... (papo
chato da porra esse de loja de roupa, né? Desculpem, mas é que eu
tô sóbrio há 4 dias) resumindo peguei um short e uma camiseta e
ainda gastei mais 24 reais. (a porra da conta só podia dar 24 mesmo)
Voltei
pra casa na intenção de ainda bater um pedal, mas sentei aqui no
computador e me fudi ainda mais um pouquinho. Minha mãe perguntou se
eu tinha trocado a bermuda, queria ver, como eu já estava trocando
de roupa mesmo (já tinha tirado a camisa e o tênis) resolvi mostrar
a ela logo em meu corpo, até pra eu também ter certeza que ia ficar
bem. Ela gostou, eu também.
Voltei
pra esta porra pra tentar terminar o texto que comecei esta manhã
tirei apenas a camisa por causa do calor, daí a pouco minha irmã me
grita lá da cozinha:
-
Cabeção, vai querer suco? Maçã com Melancia?
-
Vou, daqui a pouco eu tô aí. (gente boa essa gorda!)
Alguns
segundos depois:
-
Ficou aguado, vou colocar beterraba.
-
Bala! Gosto de beterraba.
E
continuei aqui, escrevendo, lendo e-mails, respondendo scrap e
conversando no msn. Um autêntico imbecil, fui atender a porta,
voltei, dali a pouco a sacana grita de lá de novo:
-
Cabeça, não esqueça o suco... e lave a jarra. - E saiu.
-
Falou!... lindona!
Já
não ia mais pedalar pra caralho de lugar nenhum mesmo resolvi ir
comer.
Estava
lá uma jarra de um autêntico blood Marry. Fiz dois sanduíches, dei
três biscoitos a conhaque e voltei pra frente do computador. (Eu
achei até que tinha dito em algum lugar que só ia ficar na frente
dessa tela duas horas por dia exceto segunda-feira, mas eu ainda
estou meio doente) enfim: sentei aqui com caneca e jarra em uma mão
e dois pães na outra, coloquei a jarra em cima do rolo de papel
higiênico que está em cima do gabinete, que um dia eu explico o que
ele está fazendo lá, e fiquei aqui vendo tv e falando com o povo o
que dava, porque eu tinha que largar a caneca e digitar com uma mão
e depois pegar a caneca, encher... o resultado disso?
Primeiro
eu vou falar de meu quarto. É uma suíte que em 99% do tempo fica
trancada com chave porque eu estou sempre nu, não gosto de luz, de
muita arrumação e não tenho o menor jeito pra decorador. Por um
desses acasos do destino a porta do meu quarto não só estava
destrancada, mas também escancarada, e ela faz quase um ângulo de
90º com a porta de entrada da sala, o que faz com que praticamente
todo mundo que entre em casa e olhe pro lado vai me ver, por isso eu
sempre tranco, por isso não, por minha mãe que ia me encher o saco
se ela entra em casa com uma das visitas dela e me pega peladão.
Mas, voltando à nossa história, o resultado foi: suco no teclado,
na bandeja do teclado, no short verde musgo, em mim, na cadeira no
chão, mas isso não foi o pior. Entrei no banheiro, tirei o short,
passei água, peguei uma cueca suja e limpei a cadeira e a bandeja do
computador, mas exatamente na hora que ia levar a cueca de volta pra
roupa suja a namorada do meu irmão aparece...
O
que pode passar na cabeça de uma pessoa que vê um homem de cueca,
com outra cueca na mão toda “ensangüentada”? Ela não tinha
como saber que era suco de beterraba. O que pensou eu não faço ideia, ela não me disse nada, meu irmão não me perguntou nada,
mas a visão era a desgraciosidade de maneira semi-nua e crua.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Aprecio muito!