domingo, 8 de março de 2020

Eu me fodo mais do que eu me queimo

Tocar tem seus privilégios, mas traz suas mazelas graves. Muitas vezes os tocadores são vistos como vagabundos por estarem sempre com um violão nas mãos, ou carregando qualquer instrumento musical indo pra um ensaio ou a um show tocar “de graça”, ou por cerveja, ou pra pagar aos ensaios para manter a ilusão da vida viva ou coisa que o valha. Mas isso não é nada se comparando a se aprender sozinho a tocar algo merecedor de admiração, isso não tem valor? Num mundo onde você precisa de trabalho escravo pra poder sustentar a tocar a música que gosta. Isso quando não tem que tocar o que não quer pra se manter. - Mas vamos lá:
Um violão (contrabaixo, guitarra, etc) leva o cara a ter os dedos calejados. Isso lhe dá uma certa confiança imbecil para pegar em algo quente, tipo um café, chá, uma panela quente por uns segundos, uma... etc. 
Aí tem aqueles dias que o cara se empolga tocando por horas num violão alheio com cordas meio enferrujadas e depois chega em casa alegre, “em alta voltagem” quer se fazer de super-homem e depois amor e dormir... não necessariamente nessa ordem. Sabe como é isso? Isso é felicidade.
Só que nem sempre a felicidade é tudo ou o final feliz que a gente espera. Às vezes se sente algo estranho e nem consegue-se ver de onde surgiu. O amor se despedaça e fim.
Na manhã seguinte, nota que os dedos que eram "calejados mágicos” estão inchados e doendo pra caralho, e se lembra de ter movido uma panela quente com eles e ter doído e de ter ido para cama, e não se lembra mais nada...


O dia seguinte...

Duas semanas depois...

Três semanas depois...

Perde-se os calos e a magia das mãos
o gosto pela música
o bom-senso
a boa-sorte

talvez até a inteligência
o amor do próximo e até da família
Perde-se o amor próprio
e não se pode fraquejar
Não sabe-se onde buscar força
Um mês depois ainda se quer estar morto
Mas mantemos a esperança em dias melhores
Afinal, nada pode ser pior
Cresçamos!
A evolução vem da música.

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