quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Quanto vale?

Lembro quando ela era só um filhote, junto com outros sei lá quantos fazendo uma zoada da porra e destruindo tudo que aparecesse pela frente.
Alguns anos depois ela passou uma temporada praticamente sozinha em Santo Amaro, tomando conta da casa que havia sido invadida. Ela fugiu, ficou vários dias perdida, mas conseguimos encontra-la e trazê-la de volta. Quase sempre era eu que ia lá colocar comida e ver como ela estava. Ela fazia a maior festa, pois ficava de 3 a 5 dias sem ver pessoas. A gente sempre colocava uma montanha de comida pra ela ir comendo aos poucos até a próxima "visita".
Sei lá se fomos muito escrotos com ela, mas tenho certeza que ela se manteve fiel, companheira e da mais alta confiança.
Ultimamente ela estava aleijada e cheia de problemas físicos, feridas por causa de uma briga com uma outra cadela e nem conseguia se alimentar direito.
Hoje eu tive que levá-la para a eutanásia. Nunca pensei que isso fosse uma coisa capaz de me balançar tanto. Meu irmão, que foi comigo no veterinário, queria apenas que tudo acabasse para que pudéssemos "dar fim" no cadáver, mas eu não consegui sequer olhar direito pra Niki e não fiquei perto quando a veterinária, Amélia, lhe aplicou as injeções.
Carreguei seu corpo que fora colocado enrolado em jornais num saco de ração para cachorro e levei para o carro. Partimos para procurar onde enterrá-la ou o que quer que fôssemos fazer com o seu corpo sem vida. Encontramos um aterro, mas não dava para enterrá-la ali, pois era um lugar um tanto bizarro e aparentemente perigoso na estrada velha de Periperi.
A minha completa ignorância com o que fazer com nossos animais mortos me fez concordar em deixá-la ali mesmo, pois era um lugar em processo de entulhamento e provavelmente seu corpo seria enterrado naturalmente pelos caminhões de cascalho e tratores que revolverão a terra, mas eu não me sentia nada bem com aquilo e quando a joguei pelo barranco o saco se abriu e eu pude vê-la descendo às cambalhotas.
Por mais que eu saiba que a cadela que passou mais de 15 anos em minha vida não existia mais aquela não era a última imagem sua que eu gostaria de ter visto.
Voltei para casa achando que a vida não valia mesmo nada e que não importa o que façamos com ela, no final nos tornamos apenas um pedaço de carne que as pessoas não tem muita certeza do que fazer, como fazer e se faz sentido. Tudo o que fica de fato são as lembranças.
Apesar de não acreditar em vida pós morte, ou em além túmulos, espero que ela possa estar no céu dos cachorros ou ter uma nova vida bastante feliz.

3 comentários:

  1. Caralho véi. Foda mesmo isso ai. Deve ter sido uma imagem dificil de se ver mesmo...Mas como tu disse bem, o importante são as lembranças boas que devem permanecer, porque no fim, todos vamos acabar da mesma forma...

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  2. Fala, véio!
    Passei por isso e tbm escrevi... http://acarajeenvenenado.blogspot.com/2008/03/nina-1995-2008.html

    Sei como é...

    Abço!

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Aprecio muito!

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