domingo, 16 de agosto de 2020

Andar de bike, man! Sem frescura!

Pra começo de conversa quem anda de bike quer, em primeiro lugar, se movimentar, andar por aí sem se cansar muito e ir um pouco mais rápido do que a pé. Eu não creio que alguém no mundo queira andar de bicicleta pra competir com os automóveis (isso seria, além de estúpido, inútil). 
Veja bem!
Os automóveis são veículos pra carregar pessoas de um lado para o outro sem a necessidade do esforço e com mínima perda de tempo; as bicicletas são para se aproveitar a vida, o sol, o vento, a paisagem, são coisas absurdamente diferentes que necessitam trafegar no mesmo espaço, assim como os pedestres e outros veículos (motorizados ou não). A rua é de todos!
Creio que nosso povo não tem uma noção plena da responsabilidade que temos uns pelos outros e por isso os motorizados creem que as vias de asfalto são feitas SÓ para os seus carros e que todo aquele que atravessar seu caminho deve fazê-lo rapidamente, ou receberá uma "honkerzada" nas orelhas, ou será abalroado. - "NÃO HÁ ESPAÇO PARA VAGAROSOS NO TRÂNSITO!" - Na nossa mentalidade não é possível um pedestre ter a preferência se estiver abaixo do passeio.

O pedal da salvação
Ganhei minha primeira bike com 5 anos, mas não houve jeito de eu aprender quando era pequeno, aí ela se foi, mas eu não desisti. Uns 8 anos mais tarde eu comecei a andar com a cecizinha de minha irmã, com mão na parede dando voltas pela casa até aprender me equilibrar na bicicleta de minha irmã, primeiro com uma mão, depois com as duas. Foi difícil!, mas eis-me aqui. Desde que eu aprendi a pedalar ainda não conheci nada melhor a fazer.
A coisa mais importante de se aprender pra se andar bem de bicicleta é aprender de cada parte dela. Podemos andar numa bike toda desgraçada, mas esse "andar" não pode ser extremo. Se é pra ir ali, vá, mas se for pra mais longe: - ARRUME A BIKE! Tire as folgas, Regule as marchas e os freios, Calibre os pneus, lubrifique a corrente… é bom regular a altura de banco e guidão... estou falando de andar de bike, man. Pra isso só precisamos de uma bicicleta inteira.
Normalmente não uso nenhum equipamento de segurança, mas recomendo um tênis confortável e bem seguro no pé, um óculos para proteger do que voa e uma bandana, boné, pano, ou qualquer coisa que sirva para evitar que o suor da cabeça escorra nos olhos. Se quiser defender as mãos dos calos use uma luva emborrachada. Os outros equipamentos que constam no código de trânsito não servem para proteger nenhum ciclista. Nada pode nos livrar de nós mesmos. Os faróis vendidos por aí não iluminam, as luzes vermelhas podem ajudar, mas andando na cidade não servem pra nada além de dizer que é um ciclista preocupado com a própria pele e os capacetes, além de caros, desconfortáveis e frágeis não evitam quase nenhum tipo de lesão, porque se um ciclista cai automaticamente ele protege sua cabeça com as mãos e com o movimento do corpo; se a queda for a uma velocidade muito alta e ele bater a cabeça em qualquer coisa, ou se bater de frente mesmo de capacete certamente morrerá. Todos os outros acidentes os quais o capacete salvou a vida de alguém, foi por uma dessas coisas do destino que nenhuma lei explica, prevê ou protege, como o caso de um recém-nascido que fora arremessado para-brisa afora de um carro num acidente no Dique do Tororó e saiu ileso(e tava sem capacete). Mas o capacete pode ser utilizado em nosso favor em muitas outras situações em que não corremos risco de morte e por isso eu entendo, utilizo (às vezes) e até aconselho as pessoas usarem, mas nunca vou concordar com a “obrigatoriedade” da sua utilização.

"NOSSAS RUAS NÃO SÃO SEGURAS, PORQUE O NOSSO POVO NÃO É EDUCADO." Sabendo disso, todo o cuidado é recomendável! Olhe pra todos os lados antes de se locomover, coloque uma marcha leve e saia bem devagar até ir ganhando o "ritmo da rua". Se quiser passear vá pela direita beirando o meio-fio externo, mas se a ideia é adiantar o lado escolha o que for mais rápido e mais seguro para o seu couro.
Andar nos bairros de Salvador geralmente é fácil. Não há muita preocupação com o espaço devido à existência do caos. Em Periperi as bikes dividem a rua com os carros, as barracas, ambulantes, gado, mas principalmente os próprios pedestres que andam sem direção e desatentos a todos os lados.
Na suburbana um jeito de se locomover rápido é pela esquerda, beirando o meio-fio central¹. É um ponto onde todos os motoristas me enxergam e há espaço suficiente para 2 ônibus e 1 bike. O canteiro central dela deveria se tornar uma ciclovia, mas se pintasse uma linha afastada 1,5m de cada lado dele, de Paripe até a Calçada a mobilidade também funcionaria esplendidamente. Desde que, é claro, os motoristas respeitassem. HÁ ESPAÇO! O mesmo vale para a Av. Conotrno, Av. Magalhães Neto, Orla, Av. Dorival Caymi, Av. Vasco da Gama, estrada do Coco, 2 Leões, Sete-Portas e várias outras do mesmo padrão. Ou tira o canteiro central e usa o concreto retirado para criar ciclovias em outras áreas ou coloca as faixas de 1,5m. É um esforço mínimo.
Nas ruas do centro, na inexistência de faixas, o jeito é andar pela direita. Um ciclista bem preparado pode trafegar por entre os carros, mas, lembrando que os motoristas não têm educação, essa não é uma atitude segura. É certo e mais cômodo andar na mesma velocidade dos carros, respeitando os sinais e os pedestres. Nunca se deve atravessar um sinal vermelho se houver pedestres passando, mas avance se não vir nenhum observando o trânsito. 
"Bicicleta não é carro! Não devemos obedecer leis que não foram feitas para nós. Devemos exigir alterações nelas de modo a tornar justa a divisão do “espaço RUA”."

---
1 O texto é de 08/08/2011, portanto ainda não existiam ciclovias em nossa linda cidade imunda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Aprecio muito!

Se chegue

Nome

E-mail *

Mensagem *