domingo, 1 de outubro de 2017

Vida de cachaceiro

É foda! Hoje é 23 de janeiro, e só nos dias 10 e 19 eu não bebi esse ano. Sem contar o mês de dezembro, no qual eu devo ter bebido todos os dias, já faz um tempão que eu não permaneço sóbrio dois dias seguidos. Pelo menos ainda estou com o celular que meu “primo” Alex me emprestou. Mesmo assim é melhor que eu comece a guardar os números num papel. Melhor mesmo é que eu comece a tomar vergonha. 
Tive ressacas homéricas por vários dias seguidos. Hematomas? Nem sei mais onde não me doeu, acho que só no cu, mesmo assim tive diarréias desagradáveis, causadas pelo lixo ingerido durante a night que me causaram uma certa “ardida".
Acordei inúmeras vezes em minha cama sem ter a menor noção de como cheguei até lá. Acordei no chão algumas vezes, outras no banheiro, outras ainda no bar.Fiz incríveis merdas, mas nada daqueles vexames de dizer que ama ninguém, nem de querer bater, nem matar, nem chorar. Ainda bem!
O vômito? Sei lá, acho que depois de vomitar por dias seguidos você se acostuma. Eu às vezes sinto até falta. “Barril mermo” é quando você mistura a porra toda, e quase tudo na mesma quantidade exagerada: várias cervejas + vários vinhos + vários conhaques, e mais, e mais. No dia seguinte é aquele sucesso: Dói estômago, cabeça e o subconsciente.
Tem dias que eu tenho a certeza que só faço isso porque quero morrer, mas depois eu mesmo me desminto, pois, eu tenho a certeza de que vou um dia com ou sem cachaça e não preciso forçar. E quem não vai? É melhor seguir vivendo e morrer quando for do que seguir tentando morrer e não viver nunca.
Às vezes penso em parar, mas aí o meu anjo da guarda do mal me diz: “Thilindão, você vai ficar fazendo que porra em casa? Vai ficar aí escrevendo aquelas besteiras de felicidade, amor, amizade?! Vai comer água, sacana! Pelo menos na volta você vai ter mais histórias pra contar.”
- É o que eu vou fazer!
Ruim mesmo é o gosto de sopa de esgoto na boca; é ter que sair correndo desesperado pro banheiro pra não se sujar, sujar a sala e sujar o quarto; é ter que rezar por silêncio e, além de tudo, ter que cumprir todas as suas obrigações profissionais, familiares, amorosas e "catervagem".
Levei os foras clássicos da noite. Fiz bobagens que a gente tem que se desculpar no dia seguinte, ou com o dono do bar, ou com a amiga, ou com a mãe da amiga/amigo, agradecer os amigos que você não lembra, mas lhe carregaram pra casa já morto. Ainda tem que revirar o juízo quando, no dia seguinte, recebe aquele telefonema de alguém que tem nome gravado, mas você nem imagina quem seja, pois não faz a menor idéia do que aconteceu na noite que o nome foi gravado.
Ainda falando em amores acho que um cachaceiro tem mais é que ficar solteiro mesmo. Por mais que a gente tente ser decente, responsável, complacente, tem sempre aquelas coisas que não se consegue resolver: chegar cedo, não ir beber depois do baba, depois do trabalho, esquecer a data de aniversário do primeiro olhar pra ela(porque você é romântico, ora!) etc. Mesmo que se diga que tava só comendo água com a moçada rola uma DR ou duas: “Moçada? que moça tinha lá?; era água dura por quê?” Então é melhor ficar sossegado até que apareça uma que coma água também, ou que pelo menos não estrague a brincadeira com essa conversa de "relacionamento sério". Todo relacionamento é sério e o meu com a cachaça é muito.
Não se apaixonar todo dia, toda noite é difícil, mas isso aí já entra uma outra história de uma outra cachaceirice.

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